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Mostrando postagens de 2009

Tecnologia Natalina

Jornal O Estado do Maranhão , 27/12/2009 Uma das consequências da expansão do uso da internet, pelo menos no Brasil, foi a adoção do hábito do envio de mensagens de Natal e Ano Novo via e-mail. Como esta poderosa ferramenta de comunicação permite que elas alcancem simultaneamente várias pessoas, os remetentes preferem, em geral, usá-la, em vez de postar cartões impressos em papel, evitando o gasto e o trabalho de mandá-los pelo correio, do modo antes costumeiro. Assim, com o simples clique de um mouse , 20, 30, 100 destinatários os vêem quase instantaneamente, não sem antes o remetente criar em seu computador um grupo contendo os e-mails daqueles que devem recebê-los. É possível, com a utilização do programa Outlook, da Microsoft, mandar a mensagem (com o mesmo texto), a cada destinatário, individualmente, de maneira parecida com o envio de correspondência com a utilização do recurso de mala direta do editor de texto Word, também da Microsoft. Isso permitiria a cada re

Cores, Cheiros e Texturas

Jornal O Estado do Maranhão , 13/12/2009 O Natal está aí e com ele a temporada de compras mais longa e intensa do ano. Os entendidos em finanças recomendam ao consumidor nesta época um comportamento praticamente impossível de ser adotado: não consumir o dinheiro extra do décimo terceiro salário e pagar dívidas antigas. É contra a natureza humana, se houver mesmo tal coisa. Mas, o tempo é do Bom Velhinho, que de uns anos para cá anda soltando um ho, ho, ho meio ridículo, no estilo do Papai Noel americano (tenho certeza da existência de um Papai Noel em cada país, conhecedor das peculiaridades de suas crianças). Diferentemente do nosso, ele viaja em trenó puxado por renas em meio a muito frio e neve. O gritinho deve servir de ajuda no enfrentamento do mau tempo. De qualquer modo, ele não deixa de ser um sujeito muito simpático que habitou minha imaginação infantil e ainda hoje me dá a sensação de que o altruísmo existe e não é apenas um disfarce do egoísmo em sua perman

Escassez ou Excesso?

Jornal O Estado do Maranhão , 29/11/2009 Há semanas em que a síndrome da página em branco, cuja etiologia tem origem na falta de assunto, acabrunha e assombra o cronista e o leva a amaldiçoar o compromisso assumido com o jornal e a encher linguiça textual. Ele fala então justamente da falta de assunto. Em seguida, fingindo-se surpreso, declara o esgotamento de seu espaço e de imediato finaliza o texto. Mas, eu não quero encher linguiça. Vamos aos fatos. Nesta semana, o problema é de natureza oposta. Não há escassez de assuntos, mas excesso e pouco espaço para sobre eles dar informações. Primeiro, a Academia Maranhense de Letras elegeu na quinta-feira passada a Diretoria a ser presidida por Mílson Coutinho no biênio 2010-2012. Tivemos a 3ª Feira do Livro de São Luís, que se encerra hoje. Só pelo fato de ter sido realizada, em meio às dificuldades naturais na organização de eventos como esse na passagem de uma administração pública a outra, a iniciativa já merece elogio

Pela USP, contra as diretas

Jornal O Estado do Maranhão , 15/11/2009 No imenso lago de mediocridade formado pela educação superior do Brasil, a Universidade de São Paulo é ilha que resiste à ofensiva da barbárie autonomeada de esquerda, cuja orientação ideológica caracteriza-se pela intransigente defesa de privilégios corporativistas e outras sandices desmoralizadas no resto do mundo civilizado e próspero. Em meus anos de estudo de Economia nos Estados Unidos, na Universidade de Notre Dame, no Estado de Indiana, na região dos Grandes Lagos, pude, mais de uma vez, testemunhar o prestígio da Usp. Era a única instituição brasileira de ensino superior cujos créditos Notre Dame aceitava como bons   para completar as exigências curriculares das diversas disciplinas, pelo menos no Departamento de Economia, no programa de doutoramento. O método de seleção dos dirigentes adotado pela Usp, ao privilegiar o mérito acadêmico, contribui para a formação de tal conceito no exterior. Ela ainda não foi e, esper

Assim, não Vale

Jornal O Estado do Maranhão , 1/11/2009 O pessoal do PT não estava brincando quando falou em reestatizar a Vale. É um posicionamento  explicável, mas não justificável, porque, caso tal besteira prevalecesse, estaríamos frente à criação de milhares de boquinhas em forma de cargos estatais a serem colocados nas mãos – em verdade, também nos bolsos e nas contas bancárias – dos companheiros do partido. Como, aliás, já se comprovou repetidas vezes pelo já realizado em outras estatais, agências reguladoras e assemelhadas. Pois agora é o próprio presidente da República quem resolve agir como se a Vale continuasse a ser empresa do governo. Lula decidiu, num acesso de chavismo que, tenho esperança, será temporário, ditar estratégias e táticas empresariais e escolher as áreas em que a empresa deveria investir. Sugeriu, por exemplo, que a Vale deveria fazê-lo em siderurgia, com certeza respaldado em detalhados e sofisticados estudos de mercado. Ora, tal linha de ação empresarial

Vida Acadêmica

Jornal O Estado do Maranhão , 19/10/2009 Este mês de outubro foi de grande movimentação na Academia Maranhense de Letras. No dia 1º, quinta-feira, chegou a São Luís, vindo a nosso convite do Rio de Janeiro, onde reside, o escritor e membro da AML, José Louzeiro. Acometido por problemas de saúde causados pelo diabetes, ele continua produzindo como se nada lhe tivesse acontecido, bem humorado, trabalhando em dois ou três livros simultaneamente com uma disposição para o trabalho admirável mesmo em quem não tivesse de enfrentar os percalços que se lhe puseram no caminho. No dia seguinte, sexta-feira, dia 2, ele recepcionou Joaquim Haickel, hoje ocupante da Cadeira 37. Na terça, dia 6, proferiu palestra na AML, que o homenageou, na quinta, com um jantar em que acadêmicos, amigos e admiradores puderam expressar o bom conceito que fazem dele e de sua obra em favor dos sem-voz. Na sexta-feira, dia 9, esteve presente à posse de Ney Bello Filho na Cadeira 40. No domingo, regress

Joaquim, José e Manuel

Jornal O Estado do Maranhão , 4/10/2009 A Academia Maranhense de Letras vive dias de intensa atividade e alegria. Acontecimentos que em outras circunstâncias e vistos isoladamente poderiam ser reconhecidos apenas como a prosaica materialização de uma programação de eventos, como a da AML neste ano de 2009, subitamente adquirem um especial simbolismo. Inesperado simbolismo, bem-vindo simbolismo. Trata-se disto. Primeiro, chegou quinta-feira, dia 1º, a nossa cidade José Louzeiro. Convidado pela AML, da qual ele é membro desde 1987, quando lá foi recepcionado por Ivan Sarney, ele veio a São Luís receber justificadas homenagens da Academia a serem prestadas em jantar que lhe será oferecido no dia 8 na próxima quinta-feira, dois dias após palestra que ele irá proferir no dia 6, terça-feira. A iniciativa faz justiça a um homem que, tendo começado sua militância no jornalismo em São Luís, aos dezesseis anos, em 1948, ano em que nasci, completa em 2009 sessenta e um anos numa

Intervenção necessária

Jornal O Estado do Maranhão O assunto da hora é a crise financeira dos Estados Unidos. Já posso ouvir, vinda dos auditórios universitários, onde são debatidas as mortes do neoliberalismo e do capitalismo, e discutido o surgimento de nova era de felicidade humana, assentada sobre os escombros do passado maldito, a sentença definitiva: “É a hora final”. No entanto, é preciso desconhecer Adam Smith na sua obra pouco lida A teoria dos sentimentos morais, para achar que o capitalismo é feito de ausência de normas de funcionamento e de desrespeito a princípios éticos. Todas as vezes em que essas distorções prevaleceram, prevaleceram também crises sistêmicas. E é isso o visto neste momento. Ausência de princípios morais, tais como encarnados no famoso “espectador imparcial”, proposto por Smith na sua Teoria – o tipo ideal cujo julgamento hipotético desinteressado devemos usar como referência na distinção entre o certo do errado em uma dada situação –, permite que a natural tendência de os s

Rosa Paxeco na AML

Jornal O Estado do Maranhão , 20/9/2009 A semana finda foi de Fran Paxeco, por assim dizer, para a Academia Maranhense de Letras. Encontrava-se entre nós (em verdade ainda se encontra, pois ela viaja somente hoje com destino a Belém) uma neta desse português-maranhense, fundador da AML com dez outros intelectuais maranhenses e um piauiense, Clodoaldo Freitas. Falo da doutora Maria Rosa Pacheco Machado. Ela é filha de José Pedro Machado, filólogo, historiador e arabista português, autor de vários dicionários e vasta obra em diversos campos do conhecimento, e de Elza Paxeco Machado, primeira mulher a obter o grau de doutora na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. A mãe de Elza era Izabel Paxeco, a esposa de Fran. As duas eram maranhenses. Nasceu, portanto, aqui, a primeira doutora em letras daquela tradicional e bem conceituada universidade portuguesa. Fran veio morar em São Luís em 1900 a serviço do governo português, na condição de cônsul. Tornou-se maranhen

CPMF, de Novo?

Jornal O Estado do Maranhão O governo planeja desferir, com a ressurreição da falecida CPMF, a ser apelidada de Contribuição Social Para a Saúde (CSS), seu recorrente ataque tributário ao bolso de quem já carrega uma das maiores ou talvez a maior carga tributária do mundo, o contribuinte brasileiro. Mortinha da silva, ela foi mandada aos "lugares pálidos, duros, nus", de que fala Adriano, no livro de Marguerite Yourcenar. O voraz sistema tributário brasileiro já nos assalta em quatro meses dos doze de trabalho anual. Ainda acha isso pouco o governo e ainda trama, montado na costa do contribuinte, aumentar o butim. E para que precisa de tanto dinheiro? Para implantar uma administração pública eficiente que devolva ao cidadão sob a forma de bons serviços tudo dele extraído sob a forma de tributos; expandir e melhorar a sucateada malha rodoviária nacional; implantar uma rede de ferrovias decente, capaz de permitir o barateamento do transporte de cargas no Brasil

Malighetti na AML

Jornal O Estado do Maranhão , 23/8/2009 Amanhã, dia 24, a Academia Maranhense de Letras dará posse na Cadeira N o. 8 de seu Quadro de Correspondentes ao professor Roberto Malighetti. Ele será recebido pelo acadêmico Sebastião Moreira Duarte. Em outubro, teremos mais duas posses, mas no Quadro de Membros Efetivos. No dia 2, Joaquim Haickel passará a ocupar a Cadeira N o. 37, anteriormente de Nascimento Morais Filho. No dia 9, teremos Ney Bello Filho tomando assento na Cadeira N o. 40, antes ocupada pelo grande artística plástico maranhense Antônio Almeida. Serão, assim, três entre esta segunda-feira e aquela última data. Alguns poderão estranhar uma solenidade como essa para assinalar a entrada de um correspondente na Academia, pois algum tempo há que não se vê evento como esse na Casa. As pessoas se acostumaram à suposição de tais membros não tomarem posse solenemente. Aliás, a maioria não tem conhecimento da existência desse quadro de acadêmicos.   Na Academia Mar

Jamais me diga Oi

Jornal O Estado do Maranhão São quase diárias as notícias sobre os péssimos serviços das companhias telefônicas no Brasil. Mais de uma vez eu expus aqui o tratamento desrespeitoso delas com seus clientes. Certa ocasião, uma delas, prestadora de serviços na área de celulares, exigiu que a solicitação que eu desejava fazer, de cancelamento de uma linha, fosse feita por escrito, uma vez que não fora possível fazê-lo por telefone, depois de diversas tentativas, a meu ver por má-fé da empresa. Não apenas por escrito, exigiram eles, mas de forma muito mais moderna: manuscrita em papel almaço. Imagino e chego até ver o espanto do leitor. É a verdade, porém. As grandes empresas não têm limites quando se trata de enganar e manipular o público.  Volto ao assunto, não porque se trata de um problema pessoal que se repete frequentemente, como veremos mais adiante. Insisto porque atormenta milhares e até milhões de pessoas de todas as regiões do país, segundo todas as informações di

Homenagem e Posse

Jornal O Estado do Maranh ão No próximo dia 2 de outubro, Joaquim Haickel, recentemente eleito para a Academia Maranhense de Letras, Cadeira 37, anteriormente ocupada por Nascimento Morais Filho, será recebido na solenidade de posse pelo acadêmico José Louzeiro, ocupante da Cadeira 25. Ambos, o empossando e o que o recebe, são homens com profundas ligações com o cinema. O primeiro, ao mesmo tempo em que escrevia poesia e contos e liderava movimentos culturais, produziu e dirigiu diversos filmes, como, por exemplo, The best friend, O amigão , com o qual conquistou o prêmio de melhor filme e de melhor filme de cineasta maranhense, no festival Guarnicê de Cinema e Vídeo, realizado pela Ufma em 1984. Em 2008, baseado em um conto que escrevera nos anos 80, roteirizou, produziu e dirigiu Pelo ouvido , filme selecionado para quase uma centena de festivais de cinema no Brasil e no exterior e atualmente faz o curta-metragem Padre Nosso . Louzeiro, por sua vez, escreveu os rot

A Culpa de Sarney

Jornal O Estado do Maranhão De que os adversários acusam José Sarney? Eu direi de que o acusam. Aqui no Estado, de ter inventado a pobreza. Um belo dia, aborrecido com o Eldorado maranhense, cansado de topar em cada esquina e a toda hora com milionários e bilionários, exibidos cidadãos orgulhosos de suas riquezas, Sarney decidiu inventar a pobreza maranhense. Povoe-se de pobres estas terras, decretou, sentença cujo eco até hoje reverbera. Outros decretarão o esquecimento do marquês de Pombal. Como antigamente se sabia – pelo menos até o tempo em que se estudava a formação econômica do Estado –, esse poderoso ministro de d. José implantou aqui, como forma de garantir a Portugal a posse da região até então abandonada, um modelo econômico mercantilista que de fato atendeu os objetivos da Coroa Portuguesa no curto prazo, pois conseguiu incorporar o território ao domínio português. A economia gestada naquela época, último quartel do século XVIII, tinha como características: 1

Atividades Acadêmicas

Jornal O Estado do Maranhão Foi de atividade intensa a semana da Academia Maranhense de Letras. Na quinta-feira, tivemos a realização da eleição para o preenchimento da Cadeira 40, vaga com o falecimento do grande artista plástico Antônio Almeida. O eleito foi Ney Bello Filho. Ele tem 40 anos de idade, é bacharel, mestre e doutor em Direito, pós-doutorando pela PUC do Rio Grande do Sul, professor adjunto da Ufma, professor da UNDB, professor pesquisador das Universidades Lusíada, de Porto, Portugal, e da Universidade Federal de Santa Catarina. É, ainda, professor de Direito Ambiental do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. Foi professor visitante em 2005 da Universidade Lusíada, Porto, Portugal e da Universidade Ibero-Americana na Cidade do México, em 2006. Faz  palestras no Brasil e no exterior e publicou cinco livros na área de Direito, em co-autoria. De sua própria autoria são dois: Sistema Constitucional Aberto e Oitenta Semanas de prosa. Foi promotor

Espírito de Porco

Jornal O Estado do Maranhão A gripe anda solta pelo mundo. Suína, dizem. Quem pode garantir? Vai ver, os porcos são como os mordomos de filme policial ou de suspense, tudo é culpa deles e nada é. Os próprios especialistas de televisão que sempre dizem o óbvio, desta vez parecem mais úteis. Eles afirmam não haver provas da culpa dos pobres suínos pela endemia, pandemia, epidemia ou seja lá o que for. Apenas por serem porcos é deles a culpa por toda porcaria do mundo, pela sujeira globalizada, pela poluição geral? Depois de passarem séculos nos fornecendo aquelas deliciosas e irresistíveis costeletas e sendo objeto de desejos incontroláveis de nossa parte, agora vamos difamá-los dessa forma, atirando a seus ombros, ou melhor, a suas banhas, todos os pecados cometidos por um vírus misterioso? Se examinarmos a polêmica com mais vagar, porém não tão devagar que haja tempo para nos contaminarmos, poderemos chegar a esta conclusão: foram os galináceos os responsáveis pelo in