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Mostrando postagens de agosto, 2005

Letras em Festival

Jornal O Estado do Maranhão   O Festival Geia de Literatura realizado entre os dias 24 e 26 deste mês na cidade de São José de Ribamar veio preencher carência de nossa vida cultural. Não digo ser dos intelectuais do Estado, ou apenas deles, esse antigo desejo de realização de eventos como esse, porque seria tornar simplista uma questão melhor compreendida se atentarmos para tradição que, mesmo rica, sofre processo, já secular de – usemos a palavra certa – decadência. A verdade é esta. A partir da expansão econômica do fim do século XVIII, surgiu no Maranhão um grupo brilhante na literatura, na historiografia, nas ciências, nas artes plásticas, com personalidades como Odorico Mendes, João Lisboa, Sotero dos Reis, Gonçalves Dias, Joaquim Serra, Henriques Leal, Trajano Galvão, Gentil Braga, Sousândrade. Depois, apareceram nomes como Artur Azevedo, Aluísio Azevedo, Raimundo Correia, Graça Aranha, Humberto de Campo. Foram tais figuras, ou muitas delas, especialmente as primeiras, que dera

Sem Aviso

Jornal O Estado do Maranhão Uma pedra atravessou o caminho por onde eu ia despreocupado de tudo, de alegria e de tristeza, parou em certo ponto de sua viagem inconveniente, lá fincou o pé e, por vários dias, se recusou a sair, como se, de propósito, quisesse me causar sofrimento. Mas, é sempre assim, quando algum mineral componente de nosso corpo, o cálcio especialmente – que é pó semelhante ao que voltaremos um dia –, acumulado já em pedra, pequena embora, resolve deixar o calor de nossos rins e o aconchego de nosso interior, de onde jamais deveria sair, para vir até aqui fora por um estreito caminho, inadequado, evidentemente, a passeio como esse. Em meio à luta para expulsar a solerte inimiga dali de sua trincheira, dolorosa luta que, embora suspensa, ainda não chegou ao fim, pude ainda, tentando disfarçar a dor, ler um texto do meu confrade da Academia Maranhense de Letras, Benedito Buzar, sobre o recém-falecido capitão Antônio Alves Gondim. Sigo a narrativa sobre a revolta coman

Bem da Nação

Jornal O Estado do Maranhão     Dizem ser a corrupção um dos piores males do Brasil. As avaliações de organizações internacionais de monitoramento do assunto nos colocam entre os primeiros colocados nessa competição em que deveríamos “dar tudo de si”, como se diz no nos meio futebolístico, para ser os últimos. Estamos na companhia de países pouco confiáveis porque presos, segundo nossa visão, à cultura da corrupção como norma. É a história do macaco não olhar para seu rabo. Vejam a Rússia. Ao fim do antigo regime se atirou sem peias a uma economia de mercado, essa, sim, selvagem nas regras – ou na falta de regras – de funcionamento. Nós vemos a sociedade russa sob a dominação da máfia, imagem reforçada pela falta de tradição democrática sólida no país, aprofundada durante os 70 anos de ditadura de partido único dos companheiros comunistas. A doença russa é mais sinistra do que a brasileira ? Duvido. O julgamento é consensual: aqui, o furto é endêmico. Como mudar, como livrar o Brasil