15 de outubro de 2017

Descolado

Jornal O Estado do Maranhão

          Sabem o sujeito descolado? Diz o Houaiss: “Habilidoso na solução de questões, no trato com outrem, etc.; astuto, esperto (é um sujeito descolado, sempre consegue o que quer)”.
           Blogueiros, colunistas da grande imprensa e de internet, e muitos autonomeados especialistas (estes constituem o grupo mais divertido de profissionais; morro de rir de suas explicações óbvias e de suas previsões quase sempre erradas) deram agora de dizer que a economia se descolou da chamada crise política, sem oferecer aos leitores nenhuma evidência factual sobre o tal descolamento, mas com bastantes ideias pré-concebidas e visões ideológicas tomadas como mandamentos divinos.
            Aproveitando-se dessa suposta separação, a turma chega a conclusões engraçadas. Uma delas é a de que a recuperação atual (com estimativas de crescimento do Produto Interno Bruto - PIB ainda pequenas, positivas, contudo, para 2017 e um pouco melhores em 2018, assim como com as estimativas de elevação, nesses dois anos, do emprego e da renda das famílias), nada tem a ver com as medidas tomadas pelo presidente Temer, a fim de remediar os desastrosos 13 anos de erros primários na condução da política econômica, durante a administração petista, responsável pelo tsunami inigualável na história de nossa economia.
          O defeito maior desse raciocínio está em não levar em conta isto. Se a economia é uma “descolada”, e, portanto, “sempre consegue o que quer”, por qual razão ela não se descolou da política no período petralha e teve queda recorde? Se a economia se descolou de Temer, qual a razão de não se ter descolado de Dilma, mudando para uma trajetória ascendente, como a de agora? A resposta é óbvia; todavia, atualmente no Brasil o óbvio nem sempre o é, sendo necessário repeti-lo a toda hora: não houve descolamento nenhum com Temer nem com Dilma. Ocorreu justamente o contrário no caso do presidente. Por acreditar em sua capacidade de enfrentar e derrotar as tentativas de derrubá-lo, os agentes econômicos mudaram suas expectativas em sentido positivo. Isto resultou em aumento de seus planos de investimento, com efeitos benéficos por toda a economia. Significa tudo isso dizer: aqueles agentes estão colados a Temer como nunca estiveram antes.
          Assim como os governos petistas tiveram papel fundamental na criação da recessão, com todos os seus males característicos, o atual governo também tem, mas na recuperação da economia. Os bons números da economia vistos hoje, embora ainda tímidos (não se consertam completamente barbeiragens do tamanho das do PT em menos de uma década), mostram o acerto da atual política econômica. Quem poderia estimar as profundezas tenebrosas de nossa economia hoje, com inflação provavelmente na casa de dois dígitos e subindo, patamar alcançado por Dilma antes de dar o fora, e taxas de desemprego altíssimas, se o governo dela não tivesse sido afastado?
          Por último, devo dizer isto: descolado mesmo é Temer. Ele, um homem de várias décadas de vida, tem mente mais moderna, ou descolada, do que os chamados cabeças pretas do PSDB, parlamentares jovens, de mente antiga e membros de um partido campeão da pusilanimidade e da covardia e sem coragem de defender seus próprios membros de ilegalidades contra eles cometidas.

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