21 de abril de 2010

Pensamento do Companheiro boliviano Morales

Hormônios

Morales diz que consumo de frango deixa homens sem virilidade e carecas

Plantão | Publicada em 21/04/2010 às 10h45m


TIQUIPAYA, BOLÍVIA - O presidente boliviano, Evo Morales, disse que os homens devem ficar longe de frango, se quiserem manter seus cabelos e sua virilidade.
Em uma conferência sobre Meio Ambiente,realizadanesta terça-feira, na Bolívia, Morales afirmou que os produtores de frango injetam as aves com hormônios femininos ''e por isso, os homens que os consomem podem ter problemas para ser homens". Ele também sugeriu ''o consumo de frango por muito tempo pode tornar os homens ficam carecas".
Os produtores de frango na Europa, Estados Unidos e de outros países alegam terem abandonado o uso de hormônios em aves há várias décadas.
O presidente boliviano também criticou a Coca-Cola, sobretudo por causa da famosa fórmula secreta da bebida.
- Não é prejudicial. ... Imagine o que ela contém -disse ele, que também culpou o Ocidente, em referência aos países industrializados como os Estados Unidos, por '' nos trazer mais e mais veneno.''
O boliviano também fez duras críticas ao capitalismo, a seu ver, "sinônimo de desigualdade, inanição e destruição".
-Ou morre o capitalismo ou morre a Terra - afirmou.

18 de abril de 2010

Acordo Possível

Jornal O Estado do Maranhão, 18/4/2010

A reforma ortográfica da língua portuguesa, de 1911, adotada em Portugal, mas não no Brasil baseou-se em critérios fonéticos. Os etimológicos, usados até então, deixaram de ser usados. Foi o momento de tirar o ph de pharmacia, sc, de sciencia e assim por diante. O Brasil continuou no sistema antigo durante algumas décadas. Começou aí a divergência ortográfica entre o nosso português e o da Europa, ou mais propriamente, o de Portugal e suas colônias, hoje países independentes. Lembremos que a República portuguesa fora proclamada no ano anterior e a mudança ortográfica era uma forma de a nova ordem política diferenciar-se do antigo regime monárquico.
A reação de intelectuais portugueses foi rápida. Alexandre Fontes em A Questão Orthographica, Lisboa, 1910, reagiu assim à reforma que viria no ano seguinte:
“Imaginem esta palavra phase, escripta assim: fase. Não nos parece uma palavra, parece-nos um esqueleto (...). Affligimo-nos extraordinariamente, quando pensamos que haveriamos de ser obrigados a escrever assim!”
Teixeira de Pascoaes, pseudônimo de Joaquim Pereira Teixeira de Vasconcelos, poeta e prosador português, um dos líderes do movimento conhecido como Renascença Portuguesa, disse:
“Na palavra lagryma, (...) a forma da y é lacrymal; estabelece (...) a harmonia entre a sua ex-pressão gráfica ou plástica e a sua expressão psicológica; substituindo-lhe o y pelo i é ofender as regras da Estética. Na palavra abysmo, é a forma do y que lhe dá profundidade, escuridão, mistério... Escrevê-la com i latino é fechar a boca do abysmo, é transformá-lo numa superfície banal.”
Lidas hoje, tais reclamações têm um toque ligeiramente cômico e provocam estranhamento, sentimento semelhante, naquela época, ao de parte dos intelectuais portugueses com as mudanças in-troduzidas pela já quase centenária reforma e, mais tarde, ao dos brasileiros, quando o Brasil seguiu os passos de Portugal. Superado o período de adaptação às novas regras ortográficas de 1911, estranho tornou-se escrever lagryma em vez de lágrima. Por isso, não me surpreendem as reações, menos aqui e mais em Portugal, contra as mudanças de agora, em vigor no Brasil desde 1º de janeiro de 2009, ainda não obrigatoriamente, e a vigorar em Portugal mais tarde, e que tem como fim último a maior aproxi-mação ortográfica possível entre os países que têm o português como língua de cultura. As reações sempre foram grandes em todas as reformas. São, assim, algo a ser avaliado como natural, mas passa-geiro, dada a conhecida aversão humana à alteração em velhos hábitos, tornando-os difíceis de serem eliminados. Mas, há outras razões para as resistências.
Cito apenas uma. Não raramente, ouve-se dizer por aí não ser esta a Reforma ideal. Eu chamo tal argumento de idealista. Por Júpiter, também acho que não é. Eu, se fosse autoridade nessa área, eli-minaria toda acentuação gráfica de nossa língua, proposta, aliás, constante do Memorando Sobre o A-cordo Ortográfico da Língua Portuguesa, acordado entre Brasil e Portugal, de 1986, prevendo a unifi-cação em 99,5% do vocabulário geral da língua e que não resultou em nada apenas porque serviu como base do atual. Mais ainda, eliminaria quase inteiramente o hífen, a exemplo da língua espanhola, que o utiliza em pouquíssimos casos esse mal afamado sinal. O problema aparece porque cada participante do debate tem na própria cabeça a reforma ideal. O Acordo de agora, como qualquer outro, se queremos dar algum sentido a essa palavra, é uma solução de compromisso entre acordos ideais, cada um deles produzido do ponto de vista de cada interessado nas mudanças. Ele somente será bom se for bom para todos os participantes das negociações, ou então temos um desacordo, como ocorreu em tentativas an-teriores. A procura do ideal, ora com o Brasil tentando impor seu ponto de vista, ora Portugal, o dele, tornou impossível qualquer entendimento, ou pode-se dizer, resultou em nenhum acordo, o que é ruim e mostra que o ótimo é, de fato, inimigo do bom. O de 1990 é o Acordo possível. Felizmente não é o ideal.

15 de abril de 2010

Post do blog de Reinaldo Azevedo: Texto sobre o “BOOK” é de Millôr Fernandes (Ver abaixo no meu post anterior a este o vídeo: "BOOK, A Revolução" )

quinta-feira, 15 de abril de 2010 | 16:10

O texto do vídeo que publico abaixo sobre a revolução tecnológica produzida pelo “BOOK” é uma versão em espanhol de um texto de Millôr Fernandes. Segue, pois o original, de Millôr.

Um novo e revolucionário conceito de tecnologia de informação

Na deixa da virada do milênio, anuncia-se um revolucionário conceito de tecnologia de informação, chamado de Local de Informações Variadas, Reutilizáveis e Ordenadas - L.I.V.R.O.

L.I.V.R.O. representa um avanço fantástico na tecnologia. Não tem fios, circuitos elétricos, pilhas. Não necessita ser conectado a nada nem ligado. É tão fácil de usar que até uma criança pode operá-lo. Basta abri-lo!

Cada L.I.V.R.O. é formado por uma seqüência de páginas numeradas, feitas de papel reciclável e capazes de conter milhares de informações. As páginas são unidas por um sistema chamado lombada, que as mantêm automaticamente em sua seqüência correta.

Através do uso intensivo do recurso TPA - Tecnologia do Papel Opaco - permite-se que os fabricantes usem as duas faces da folha de papel. Isso possibilita duplicar a quantidade de dados inseridos e reduzir os seus custos pela metade!

Especialistas dividem-se quanto aos projetos de expansão da inserção de dados em cada unidade. É que, para se fazer L.I.V.R.O.s com mais informações, basta se usar mais páginas. Isso, porém, os torna mais grossos e mais difíceis de serem transportados, atraindo críticas dos adeptos da portabilidade do sistema.

Cada página do L.I.V.R.O. deve ser escaneada opticamente, e as informações transferidas diretamente para a CPU do usuário, em seu cérebro. Lembramos que quanto maior e mais complexa a informação a ser transmitida, maior deverá ser a capacidade de processamento do usuário.

Outra vantagem do sistema é que, quando em uso, um simples movimento de dedo permite o acesso instantâneo à próxima página. O L.I.V.R.O. pode ser rapidamente retomado a qualquer momento, bastando abri-lo. Ele nunca apresenta “ERRO GERAL DE PROTEÇÃO”, nem precisa ser reinicializado, embora se torne inutilizável caso caia no mar, por exemplo.

O comando “browse” permite fazer o acesso a qualquer página instantaneamente e avançar ou retroceder com muita facilidade. A maioria dos modelos à venda já vem com o equipamento “índice” instalado, o qual indica a localização exata de grupos de dados selecionados.

Um acessório opcional, o marca-páginas, permite que você faça um acesso ao L.I.V.R.O. exatamente no local em que o deixou na última utilização mesmo que ele esteja fechado. A compatibilidade dos marcadores de página é total, permitindo que funcionem em qualquer modelo ou marca de L.I.V.R.O. sem necessidade de configuração.

Além disso, qualquer L.I.V.R.O. suporta o uso simultâneo de vários marcadores de página, caso seu usuário deseje manter selecionados vários trechos ao mesmo tempo. A capacidade máxima para uso de marcadores coincide com o número de páginas.

Pode-se ainda personalizar o conteúdo do L.I.V.R.O. através de anotações em suas margens. Para isso, deve-se utilizar um periférico de Linguagem Apagável Portátil de Intercomunicação Simplificada - L.A.P.I.S. Portátil, durável e barato, o L.I.V.R.O. vem sendo apontado como o instrumento de entretenimento e cultura do futuro. Milhares de programadores desse sistema já disponibilizaram vários títulos e upgrades utilizando a plataforma L.I.V.R.O.

Book - A Revolução

4 de abril de 2010

Boa Notícia

Jornal O Estado do Maranhão, 4/4/2010

Já se passaram vários anos. Foi em fins dos anos 90, quando vivi uma situação inusitada como Secretário de Meio Ambiente do Estado. Um dia chega ao meu gabinete um homem chamado Chico do Pote. Ele vinha pedir a liberdade de um papagaio que fora apreendido em virtude da família de Chico não ter licença para mantê-lo em cativeiro. Não quero encompridar a conversa. Resumo.
A sogra dele deixou de comer e dormir depois da apreensão e colocava a culpa no genro. A esposa, grávida, corria o risco de perder a criança. As duas, segundo o relato do homem, eram do tipo espalha-brasas (mal de família, ele dizia) e não lhe davam trégua, ameaçando-o até de espancamento. “Minha vida virou um inferno”, ele lamentava. Concordei, sob certas condições e de conformidade com a legislação, em libertar o animal, depois de transformar a multa em advertência e providenciar no Ibama a devida licença para ele que não saberia mais viver na natureza. O bicho, no período de sua “prisão” calara-se por completo, em protesto contra a injustiça. Libertado, recuperou a voz e voltou a contribuir para a alegria e harmonia de seu lar humano.
Contei essa história numa crônica de 2001e comparei-a à de uma acontecida com um casal chinês. Um cidadão mandou a mulher passar uma temporada na casa da sogra e ficou não propriamente sozinho, pois teve a companhia justamente de um papagaio e de uma jovem rapariga de olhinhos puxados. Parecia a ele um negócio da China. Resultado, na volta da mulher, o sabidão foi dedurado por seu animal de estimação que começou a revelar as juras de amor dos pombinhos (ou será papagaiozinhos?) e as referências pouco elogiosas à esposa e à mãe dela. No fim, o marido recebeu o bilhete azul. Num caso, a ave maranhense traumatizada ficou muda, porém deu uma contribuição à felicidade da família; no outro, a tagarela dedurou o marido e provocou a separação dos esposos.
Minha intenção ao contar esses episódios era mostrar que situações com elementos ou personagens em comum muitas vezes carregam em si significados diferentes e até opostos. Mais ainda, que o administrador público precisa conhecer a situação sócio-econômica do ambiente de sua atuação. Tal conhecimento poderá ajudá-lo a aplicar judiciosamente a lei, evitando a geração de danos maiores do que eventuais benefícios à sociedade como um todo e a seus membros mais desprotegidos em particular. Não se trata de passar a mão na cabeça de infratores e posar como bonzinho. O caso é de tomada de decisões bem informadas e sustentadas na lei e no bom senso. Quantas vezes ouvi no interior do Maranhão, em nossa luta em defesa da integridade do Parque Estadual do Mirador, esta frase: “Está bem, doutor, eu não desmato mais, mas quem vai dar de comer aos meus filhos?”. O que fazer?
As histórias me vieram à mente por causa de acontecimentos recentes aqui relatados há quinze dias com 4 barcos artesanais de pesca típicos de técnicas de construção naval tradicionais do litoral maranhense apreendidos pelo Ibama. Eles estavam transportando caranguejo no período de defeso, infringindo a lei. Dois foram deixados no Estaleiro-Escola do governo do Estado e 2 foram entregues à Secretaria de Meio Ambiente de São José de Ribamar. Se julgarmos o comportamento de seus proprietários, pescadores da Baixada Maranhense, sem consideração de diversos outros fatores econômicos e sociais, inclusive grau de instrução e ausência de alternativas de sobrevivência, poderemos chegar a conclusões erradas e agir com severidade excessiva. O melhor caminho estará, assim, em aplicar a lei sem adotar, no entanto, um rigor indiferente à realidade e sem tirar do infrator seu ganha-pão, os próprios barcos neste caso, e, em cooperação com outras instituições, buscar a identificação de fontes alternativas de trabalho para esse pessoal. O Ministério do Meio Ambiente, por exemplo, possui programas voltados a esse objetivo. Felizmente, o bom senso e a boa vontade parecem ter encaminhado o problema a uma solução satisfatória a todos os envolvidos na apreensão. É a boa notícia que recebo.

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