16 de junho de 2013

Baderneiros de São Paulo

Jornal O Estado do Maranhão

          A cidade de São Paulo, a maior e mais importante do país, econômica, financeira e culturalmente, encontra-se refém de um bando de marginais, baderneiros profissionais decididos a infernizar a vida das pessoas sob o pretexto de protestar contra aumento no preço da passagem de ônibus da cidade. Quem sãos esses protestantes, afinal?

          Trabalhadores não são, mas causam transtornos aos verdadeiros, contados em centenas de milhares, ou em milhões, ansiosos por chegar em casa tão cedo quanto possível após o trabalho. Há um vídeo na internet, de entrevista de um líder do Movimento Passe Livre – MPL, que é o grupo responsável pela baderna. Não deixem de assisti-lo e me digam se o sujeito, com aqueles óculos, calça jeans e sapato de camurça, especialista em espancar sem piedade o idioma pátrio, parece um trabalhador. Mais provável é ele ser um daqueles revolucionários dedicados em tempo integral à eliminação do capitalismo e seus representantes, entre eles o pobre papi, origem da mesada que lhe permite lutar pelos pobres e oprimidos.
          Como os trabalhadores apresentam lamentável “falsa consciência” (conceito marxista delirante), sem capacidade, portanto, para identificar seus próprios interesses, ele, o líder, e duas ou três centenas de seguidores – vamos ser generosos e superestimar o número do bando formado por militantes de partidos da extrema esquerda, sindicatos, em especial o dos metroviários, e por “trabalhadores” da UNE – resolveram assumir a vanguarda da revolução operária.
          E toca a atear fogo em ônibus, jogar coquetéis-molotovs, destruir agências bancárias e estações do metrô paulistano. Estas são bens públicos feitos sem a contribuição do dinheiro dos revolucionários, pois não trabalham e, por consequência, não têm capacidade contributiva. Como sempre, agravaram o caos do trânsito da cidade.
          Os quebra-quebras são convocadas pela internet. Imagine, caro leitor, operários de verdade no papel de peritos em redes sociais, atendendo ao chamamento da revolução. Essa gente sai de casa às cinco da manhã e volta às nove, mesmo assim apenas quando a bandidagem disfarçada de defensora do povo não está nas ruas, impedindo todos de regressar ao lar. Durante o dia não têm tempo sequer de se coçar. À noite, então, a coisa é mais interessante. Em vez de se jogar na cama a fim de descansar um pouco até a hora de levantar de novo de madrugada para voltar ao trabalho, o sujeito, moído de cansaço, parece que vai à internet na Lan House ali da esquina receber as instruções revolucionárias noturnas. Paciência! Os trabalhadores não são os arruaceiros.
          O site do MPL está registrado não em seu próprio nome. Está no da ONG Alquimídia. Não surpreendentemente, esta entidade recebe dinheiro do Ministério da Cultura e da Petrobrás. Ela é dirigida por Thiago Skárnio, isso mesmo, como na palavra escárnio. Ele se diz a favor de uma esdrúxula “democracia líquida”, que defende a eliminação do Legislativo. Por essas ligações, já se percebem as afinidades ideológicas do MPL com a ONG.
          O pior de toda essa confusão foi proposta indecente do Ministério Público Estadual de São Paulo, especificamente do promotor Maurício Ribeiro Lopes. Foi ele quem chamou moradores de um bairro de classe média alta de São Paulo de nazistas e os denunciou pelo fato de terem tido a ousadia de peticionar ao Poder Público contra a instalação de um albergue perto de suas casas. Parece que ele não gosta de quem prospera. Conheço em outro Estado caso semelhante. Moradores de uma capital peticionaram ao Ministério Público contra a poluição sonora causada por um bar. Foram chamados pelo promotor de sorrateiros. Esse parece não ter gostado do exercício do próprio direito de petição. São esses indivíduos, com seu infinito amor pelos holofotes, que prejudicam a imagem do MP.
          Pois bem, o promotor paulista propôs à prefeitura de São Paulo revogar o aumento das passagens por seis meses e dialogar com os bandidos. É como fazer proposta semelhante ao governo do Rio, sendo designado como o outro interlocutor o traficante Marcola. Seria legitimar a bandidagem.

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