23 de março de 2014

Petrobás, privatização agora



Jornal O Estado do Maranhão

          Quase todas as não poucas barbeiragens da presidente Dilma Rousseff na condução da política econômica têm fonte na inarredável implicância contra a economia de mercado, sestro esquerdista antigo. Lembram-se dos juros altíssimos que no governo Lula levaram o Brasil a ter um dos mais altos do mundo, senão o mais, e fizeram a felicidade dos bancos nacionais e multinacionais, mas ao mesmo tempo os tornaram judas em Sábado de Aleluia, malhados retoricamente pelo próprio governo? A presidente, quando assumiu o governo, resolveu baixá-los com marretadas e baixou mesmo.
         Contudo, ela teve de recuar e atualmente eles são tão elevados quanto o eram no início de seu mandato. Dilma Rousseff, bacharela em economia, mas não economista, pois sua vida de guerrilheira em luta por uma ditadura de esquerda não lhe deixou tempo para estudar economia nem coisa nenhuma, achou-se possuidora da capacidade de revogar a lei da oferta e da procura, regente de todos os preços numa economia de mercado como a nossa, inclusive dos juros, que são os preços cobrado pelo uso do dinheiro alheio. Ela nunca soube que numa sociedade que tem como objetivo evitar a inflação eles sobem como consequência do aumento de gastos e déficits do setor público. Quanto mais volumosos forem estes, maiores as necessidades de o governo ir ao mercado vender títulos a fim de se financiar e maiores os juros exigidos dos desconfiados compradores privados desses papéis. É aquela velha lei em ação.
          A mentalidade antimercado tem sido usada em outro nefasto exemplo, como veremos a seguir, de destruição de uma grande estatal. Aliás, esse o destino inexorável de empreendimentos desse tipo: serem administrados como se não fossem empresas, mas repartições públicas, com todas as consequências negativas daí decorrentes, razão para a privatização deles: o Banco do Brasil, a Caixa Econômica a Eletrobrás e todos os demais por aí.
          Mas eu quero falar da Petrobrás. Uma das formas de política econômica de vodu utilizada pelo governo na tentativa de controle da inflação foi a do represamento dos preços da gasolina vendida pela empresa, medida eleitoreira e popular, ou melhor populista, todavia prejudicial à economia brasileira. A Petrobrás tem assim de aguentar prejuízos advindos da obrigação imposta a ela de ter de vender seus produtos aqui no Brasil por preço inferior ao que os compra no mercado internacional. A inflação não aumenta tanto no curto prazo, mas a empresa tem de bancar em seu prejuízo a diferença entre os preços dos mercados externo e interno, além de ser obrigada a participar da exploração dos campos do pré-sal sem ter os recursos necessários a tal fim e a aumentar, portanto, seu endividamento. Em resumo, receita certa rumo ao desastre, como está acontecendo com a petroleira do governo da Venezuela.
         Sabe-se hoje também que a empresa, com a aprovação de Dilma, então presidente do seu conselho de administração, comprou em 2006 metade de uma refinaria velha na Califórnia, Estados Unidos, por US$ 360 milhões. Só nessa primeira transação já se pode contabilizar um belo prejuízo pois a sucata havia sido adquirida pelos seus proprietários de então, apenas um anos antes, por escassos US$ 42 milhões, sendo ainda a Petrobrás obrigada por cláusula contratual a adquirir a outra metade no caso de desentendimento com seu novo sócio, inequívoco convite à litigância. Isto aconteceu em poucos meses, levando a estatal a ter de ficar por US$ 860 milhões com o restante do mico. Total: mais de US$ 1,2 bilhões sem o refino de uma gota de petróleo. Para ser honesto, devo dizer que a presidente da Petrobrás, Graça Foster, tentou passar o problema adiante, recebendo oferta de compra por US$ 180 milhões, valor bem superior aos US$ 42 milhões, mas ainda assim, apenas a metade dos US$ 360 milhões pagos, atenção, por tão só metade da refinaria.
          Há como acabar com essas falcatruas, mantendo-se o controle de empreendimentos como esse nas garras do governo? Duvido. Chega de trambiques com nosso dinheiro, chega de ladroagem. Chega, chega.

          Petrobrás, privatização agora.

9 de março de 2014

Patrulhas na Internet

Jornal O Estado do Maranhão

“Os dados da situação são bastante claros. Quando o mesmo governo que prepara, estimula e financia arruaças emite um decreto que lhe permite usar as Forças Armadas para reprimi-las, e quando, ao mesmo tempo, as autoridades e os arruaceiros se acusam mutuamente de “direitistas”, está na hora de o cidadão avisado lembrar-se, caso já os conheça, dos versos de Antonio Machado: ‘A distinguir me paro/ las voces de los ecos,/ y escucho solamente,/ entre las voces, una.’”
          O leitor não deixará, ao ler o trecho acima, do filósofo Olavo de Carvalho, autor, entre diversas obras de A longa marcha da vaca para o brejo: o imbecil coletivo, de lembrar um episódio recente de arruaças na Esplanada dos Ministérios e na Praça dos três Poderes em Brasília. Um dito movimento social, o MST – Movimentos dos Sem Terra, em demonstração de sua natureza violenta, capaz de destruir anos e anos de pesquisa científica em poucos minutos, como já fez mais de uma vez, sob a bandeira obsoleta de um problema residual no Brasil, a reforma agrária, bandeira comunista dos anos 50, tentou invadir tanto o Supremo Tribunal Federal quanto o Palácio do Planalto. Neste último caso a coisa era apenas encenação, como veremos logo a seguir, pelos laços íntimos entre o governo do PT e o MST.
          Pensam os leitores que por acaso não tiveram notícia do episódio que a Presidência da República soltou comunicado indignado reprovando os atos criminosos, ameaçando os autores com os rigores da lei e legítimo uso da força caso houvesse nova tentativa de avacalhação dos dois poderes da República objetos da bandidagem organizada? (A desorganizada já domina as ruas brasileira faz tempo). Não, a presidente da República, com aquele jeito hábil só dela de fazer quase tudo errado, explicando tudo num dialeto que não chega perto nem da língua búlgara nem do português, não só não se indignou – deduz-se do seu silêncio completo a respeito do crime –, como achou, como direi, chique convidar os líderes criminosos para um chá das cinco na sede do Poder Executivo.
           Ao pararmos com o fim de distinguir as vozes no meio do alarido da hora, procurando distingui-las de seus ecos, percebemos que em verdade existe apenas uma, a do governo petista. E podemos acrescentar: nada mais é, essa fala única, esquecendo por um minuto sua natureza criminosa, do que a realização apenas parcial do ideal do Partido de controle daquilo que numa linguagem pitoresca os petralhas chamam “mídia”.
          Não é por acaso que trago aos leitores, portanto, um fragmento de Olavo de Carvalho. Trago porque o filósofo foi vítima na semana passada ou na anterior da ação coordenada de patrulhas de justiceiros da internet formadas por gente do PT, claro, numa tentativa grotesca de calá-lo como uma das vozes brasileiras que, tendo preparo intelectual e consciência da necessidade de se levantar e dizer basta de indignidades, em especial as cometidas com dinheiro público da Caixa Econômica, do Banco do Brasil e da Petrobrás, representa um grupo de pessoas, entre elas Reinaldo Azevedo, Rodrigo Constantino e alguns outros, decididas a enfrentar a ameaça da voz única das correntes autoritárias esquerdista, dispostas estas não a prevalecer pela força de seus argumentos e aceitar a existência do pensamento divergente como fato natural da democracia, mas a destruir os inimigos (eles não têm adversários, tão só inimigos). A conta do filósofo no Facebook foi bloqueada clandestina e repetidamente até que solução definitiva a fim de evitar a repetição da sujeira fosse encontrada. Esse tipo de ação por força bruta, com o uso de recursos estatais, frequenta os sonhos dos facínoras a soldo do projeto ditatorial petista. É exatamente isso que eles pensam em fazer quando falam em “controle social da mídia”, com aquela baba bovina elástica de que falava Nelson Rodrigues escorrendo pelos cantos da boca, só de pensarem nos modelos bolivarianos semelhantes espalhados pelas Américas. A Venezuela, a Bolívia, o Equador e principalmente Cuba estão aí como maus exemplos.

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