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Mostrando postagens de agosto, 2008

Independência e morte

Jornal O Estado do Maranhão Vê, leitor, como funcionam as coisas na arena internacional. Em fevereiro deste ano, Kosovo, província da Sérvia, de maioria albanesa, declarou independência com o apoio dos Estados Unidos e alguns países da Europa. Outros, como a Espanha, Grécia, Bulgária e Chipre, se abstiveram de apoiar a posição americana por um motivo prático: eles têm também complexos problemas de separatismo em seus territórios. Na Ásia, a China, pela razão óbvia da luta do Tibete por sua separação, ficou calada, condenando com seu silêncio a ex-província sérvia. Na África, o Sudão não vê com bons olhos a onda separatista por causa da rebelião da província de Darfur. Agora, poucos meses depois, os mesmos Estados Unidos se dizem a favor da integridade territorial da Geórgia, ex-república soviética onde nasceu Stálin, que nunca chegou a falar russo sem sotaque, estimulada pelo governo ianque a se integrar à Otan, aliança militar ocidental hostil à Rússia. Os americanos declaram-se

Emoção na noite

Jornal O Estado do Maranhão A noite da sexta-feira, dia 15 de agosto, assinalou o momento cimeiro das comemorações do Centenário da Academia Maranhense de Letras , que, no entanto, não terminaram naquele dia. Continuarão até o final do ano com o lançamento de livros, inauguração da Exposição do Centenário e palestras de Antônio Martins de Araújo, da AML e da Academia Brasileira de Filologia , sobre Artur Azevedo; Alberto Vieira da Silva, da AML, sobre o padre Antônio Vieira; Ivan Junqueira, da Academia Brasileira de Letras , sobre Gonçalves Dias; e Domício Proença Filho, também da ABL, sobre Machado de Assis. Quando os fundadores – Alfredo de Assis, Antônio Lobo, Astolfo Marques, Barbosa de Godois, Corrêa de Araújo, Clodoaldo Freitas, Domingos Barbosa, Fran Paxeco, Godofredo Viana, I. Xavier de Carvalho, Ribeiro do Amaral e Armando Vieira da Silva – foram chamados pelo decano da Casa e palestrante da noite, José Sarney, ao mesmo salão em que a criaram em 1908 e os vimos entrar co

Ouvidores e juízes

Jornal O Estado do Maranhão Mílson Coutinho, que lançará na próxima sexta-feira, dia 22 de agosto, às 20 horas, na Academia Maranhense de Letras , à rua da Paz, em mais um evento comemorativo do Centenário da Casa de Antônio Lobo, depois da bela sessão solene da última sexta-feira, em homenagem à fundação da Casa, o livro Ouvidores-gerais e juízes de fora: livro negro da justiça colonial do Maranhão (1612-1812), costuma se dizer um mero repórter de coisas antigas, lembrando de seu tempo de militância na imprensa maranhense. Este livro prova, mais uma vez, ser essa auto-avaliação parte da insuperável e sincera modéstia de Mílson. Mais de uma vez eu já disse, ao apreciar outras obras do autor, que poucos pesquisadores de nossa história têm faro tão aguçado para, indo às fontes primárias e embrenhando-se no aparente caos de milhares de documentos, deles extrair uma narrativa não verdadeira, num sentido ingênuo, pois sabemos que o estabelecimento da “verdade” passa pelo filtro ideol

Costumes Primitivos

Jornal O Estado do Maranhão As velhas eleições, de um tempo de que não me quero lembrar agora, por certa antiguidade, eram exemplos de como poluir uma cidade impunemente. Ainda no tempo das cédulas de papel, que muito serviram para emprenhar urnas, método pouco ortodoxo de ganhar eleições, mas de modo nenhum estranho à política da época, o término da disputa eleitoral era ocasião de se ver ruas cobertas de papel, num ridículo arremedo de fim de festa de carnaval, postes enrolados em cartazes de papel vagabundo e de muito mau gosto e muros pichados com inscrições numa língua que chegava a lembrar em alguns detalhes a língua de Camões e Vieira. Depois veio a fase do showmício, palavra em processo de morte junto com a morte da coisa designada por ela, que deu emprego temporário a muita gente, mas desempregou a consideração pelo direito dos cidadãos de não ouvir música da Bahia e não aturar os astros da música axé com a farda típica da profissão: bonés de aba frontal virada pra trás