12 de novembro de 2017

Façam o que eu digo...


Jornal O Estado do Maranhão

          O cientista político Carlos Pereira, da Fundação Getúlio Vargas, doutor pela New School University e professor visitante na Universidade Stanford, construiu um Índice de Custos do Governo – ICG, concebido para medir de maneira sintética a eficiência do governo – não deste, mas de qualquer governo – em sua relação com o Congresso. As variáveis utilizadas no cálculo são: a) no lado dos custos, conforme está em artigo por ele publicado na Folha de S. Paulo, de 9/11/2017, não num jornalzinho qualquer do PCdoB: “1) quantidade de ministérios (e secretarias com status de ministério) que um presidente decide ter em seu governo; 2) total de recursos que aloca entre os ministérios (e secretarias com status de ministério) ocupados pelos membros da coalizão; 3) montante em emendas individuais que os parlamentares fazem ao Orçamento anual e que o presidente executa”. Os itens 2 e 3 têm seus valores calculados como percentagem do PIB); b) do outro lado, dos benefícios para a administração, tem-se a quantidade de propostas do Executivo aprovadas pelo Congresso assim como a quantidade encaminhada.
          Ao contrário da ideia difundida pela histeria coletiva das redes sociais e refletida nas manadas nelas abundantes, dispostas a se jogarem no precipício, se a besta-líder (ou o besta), em veloz galope, não frear repentinamente, como nunca freia, induzindo as demais, de duas patas, a segui-la no mergulho fatal, o governo Temer, desde o primeiro de Fernando Henrique Cardoso, é o de menor custo de governança de todos até hoje, pois consegue melhores resultados gastando menos.
          Reparem, estamos falando de recursos constantes do orçamento e de nomeações feitas por quem competente para fazê-las. Ilegalidade houvesse, Janot teria aplaudido de pé, como na arena de touros? FHC, Lula e Dilma liberaram emendas para sustentar seus governos, com muito menos eficiência do que o atual presidente.
          Aos comparativos. Na escala de 0 a 100 do índice, o governo de Michel Temer teve média de 15,4 pontos como custo de administrar a base. Sabem de quanto foi a mesma medida nos governos de FHC, esse de agora pregando o abandono do governo pelo PSDB? No primeiro mandato, 36 pontos, mais do dobro do número de Temer. Espantado, caro leitor? Pois no segundo, saiba disto, Fernando Henrique quase dobrou sua própria marca, chegando a 59,5 pontos, e saiba também que o PSDB, partido dele, é paladino da moral e bons costumes, clamando contra a “compra” de votos no Congresso.
          Tem mais. No primeiro período de Dilma, essa do búlgaro antigo, o índice chegou a um número de dar nó na cabeça, de 88,1 pontos, baixando para 58 no segundo. E agora, o grande vencedor do dia, Lula da Silva, com 90,6 (!) pontos no primeiro mandato. No segundo, como dizer isso, já sei, o número matador de 95,2 pontos – quase o máximo possível de ser alcançado. Afora esse gasto sem freios para conseguir votos nos períodos petistas, o PT sempre levou uma quantidade de ministérios desproporcional a sua bancada no Congresso, para irritação de seus aliados e retirada de apoio na hora do impeachment de Dilma.
           Mas é o PT a dizer das emendas usadas por Temer para evitar ser derrubado por Janot e Joesley: “Deveriam ser gastas em educação”.

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