29 de outubro de 2017

Perde e ganha

Jornal O Estado do Maranhão

           A vitória de Temer contra a denúncia do ex-procurador-geral da República, Rodrigo Janot, mostra sua habilidade e força políticas (não à toa, ele foi presidente da Câmara três vezes), fecha uma fase exitosa de seu governo até o momento e abre outra de extrema importância para a vida nacional, quando uma reforma da previdência poderá ser feita, com o fim de evitar o colapso da previdência social.
           Mas não procure nos grandes portais noticiosos qualquer avaliação positiva sobre o presidente, quando se fala a respeito da votação da quarta-feira passada. Ao contrário, há nesses saites avaliações de apresentadores e colunistas, que são quase unânimes em proclamar o enfraquecimento do presidente. Se ele ganhou no voto e se enfraqueceu, então, é conclusão lógica, deveria ter trabalhado para perder. Aí, sim, sairia fortalecido.
          Percebeu, caro leitor? Ganhar com a meta de perder e, logo, perder com a de ganhar. Isso não é um pouco confuso? Não lembra uma ex-presidente de um certo país sul-americano? Como foi mesmo o raciocínio? “Não acho que quem ganhar, ou quem perder, nem quem ganhar nem perder, vai ganhar ou perder. Vai todo mundo perder”. Deve ter saído dessa mente o desenho do maior desastre econômico sofrido pelo Brasil em “quinhentos anos de história”, como gostam de dizer os esquerdistas.
          O juro básico da economia no período da ex-presidente chegou a 14,25% em julho de 2015; agora está a 7,5%, a metade. Chegou a esse patamar, o menor desde abril de 2013, com o nono corte consecutivo da taxa. Desse modo, os juros da nossa dívida pública deste ano diminuirão em cerca de R$ 100 bilhões. O desemprego está em queda, os salários começam a se recuperar, o câmbio se estabilizou, as contas externas apresentam excelentes resultado e seguem em uma trajetória de ajuste, e a inflação anualizada está em 2,5%, menos da metade daquela do último mês da administração da ex-presidente.
          Você, leitor, prefere o quê? A situação anterior de juros, altos, inflação alta, desemprego alto e câmbio alto, ou a atual?
          Voltemos à quarta-feira. Viu-se na Câmara um desfile de querubins, a julgar pela indignação com a corrupção de parte de alguns deputados de oposição. Os do PT, partido com quase todos os seus dirigentes na cadeia, ou quase lá, eram os mais veementes. Um deputado de outro partido, muito próximo, porém, dos petralhas – não digo de qual Estado ele é – chegou perto de uma crise respiratória, tal o esforço com que dava provas de intolerância com os corruptos, emitindo centenas de decibéis. A Justiça, por sua vez, discorda das virtudes do parlamentar.
          O mais edificante, no entanto, foi ver o PT acusando Temer, o vice-presidente decorativo, de ser, depois de pouco mais de um ano de governo, responsável pela desastrosa recessão da economia brasileira, pelos inigualáveis níveis de desemprego e pela forte elevação da inflação, mazelas produzidas em 14 anos de governo petralha.
          – É a nossa natureza, seus filiados diriam.
          Eu já decidi. Vou me candidatar a senador. Não vimos que quem ganha perde e vice-versa? Pois bem, hoje inicio minha campanha, pedindo a todos esquecerem minha candidatura. Peço encarecidamente, não votem em mim. Só assim poderei me eleger.
          Eternamente grato, Lino.

15 de outubro de 2017

Descolado

Jornal O Estado do Maranhão

          Sabem o sujeito descolado? Diz o Houaiss: “Habilidoso na solução de questões, no trato com outrem, etc.; astuto, esperto (é um sujeito descolado, sempre consegue o que quer)”.
           Blogueiros, colunistas da grande imprensa e de internet, e muitos autonomeados especialistas (estes constituem o grupo mais divertido de profissionais; morro de rir de suas explicações óbvias e de suas previsões quase sempre erradas) deram agora de dizer que a economia se descolou da chamada crise política, sem oferecer aos leitores nenhuma evidência factual sobre o tal descolamento, mas com bastantes ideias pré-concebidas e visões ideológicas tomadas como mandamentos divinos.
            Aproveitando-se dessa suposta separação, a turma chega a conclusões engraçadas. Uma delas é a de que a recuperação atual (com estimativas de crescimento do Produto Interno Bruto - PIB ainda pequenas, positivas, contudo, para 2017 e um pouco melhores em 2018, assim como com as estimativas de elevação, nesses dois anos, do emprego e da renda das famílias), nada tem a ver com as medidas tomadas pelo presidente Temer, a fim de remediar os desastrosos 13 anos de erros primários na condução da política econômica, durante a administração petista, responsável pelo tsunami inigualável na história de nossa economia.
          O defeito maior desse raciocínio está em não levar em conta isto. Se a economia é uma “descolada”, e, portanto, “sempre consegue o que quer”, por qual razão ela não se descolou da política no período petralha e teve queda recorde? Se a economia se descolou de Temer, qual a razão de não se ter descolado de Dilma, mudando para uma trajetória ascendente, como a de agora? A resposta é óbvia; todavia, atualmente no Brasil o óbvio nem sempre o é, sendo necessário repeti-lo a toda hora: não houve descolamento nenhum com Temer nem com Dilma. Ocorreu justamente o contrário no caso do presidente. Por acreditar em sua capacidade de enfrentar e derrotar as tentativas de derrubá-lo, os agentes econômicos mudaram suas expectativas em sentido positivo. Isto resultou em aumento de seus planos de investimento, com efeitos benéficos por toda a economia. Significa tudo isso dizer: aqueles agentes estão colados a Temer como nunca estiveram antes.
          Assim como os governos petistas tiveram papel fundamental na criação da recessão, com todos os seus males característicos, o atual governo também tem, mas na recuperação da economia. Os bons números da economia vistos hoje, embora ainda tímidos (não se consertam completamente barbeiragens do tamanho das do PT em menos de uma década), mostram o acerto da atual política econômica. Quem poderia estimar as profundezas tenebrosas de nossa economia hoje, com inflação provavelmente na casa de dois dígitos e subindo, patamar alcançado por Dilma antes de dar o fora, e taxas de desemprego altíssimas, se o governo dela não tivesse sido afastado?
          Por último, devo dizer isto: descolado mesmo é Temer. Ele, um homem de várias décadas de vida, tem mente mais moderna, ou descolada, do que os chamados cabeças pretas do PSDB, parlamentares jovens, de mente antiga e membros de um partido campeão da pusilanimidade e da covardia e sem coragem de defender seus próprios membros de ilegalidades contra eles cometidas.

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