9 de agosto de 2015

Um bom exemplo

Jornal O Estado do Maranhão

          Tenho aqui o volume 14, Número 3, da Revista de Pesquisa em Saúde – RPS, do Hospital Universitário – HU, este, da Universidade Federal do Maranhão – UFMA. A publicação é de alta qualidade e segue normas de publicação adotadas pela comunidade acadêmica internacional. Dos vinte membros de seu conselho editorial, participam, como representantes da Universidade, apenas quatro, ou seja, um quinto. Baixa proporção como essa é sinal de disposição dos dirigentes das duas instituições a que a Revista está ligada bem como de seu corpo editorial, chefiado por Arlene Caldas, de ter avaliações isentas sobre o conteúdo dos artigos a ela submetidos. Alguns dos outros membros do Conselho são da USP, UFRJ, UNB e UHG, da Suíça, e de várias universidades de prestígio.
          Mesmo um leigo nessa área, como eu, pode facilmente perceber que não se trata de jogo de cartas marcadas, pelo qual avaliações benevolentes, por pares do entorno imediato do autor, na função de membros de conselhos editoriais, são feitas a fim de, mais tarde, invertidas as posições de avaliador e autor, serem retribuídas com a mesma benevolência. Chamam minha atenção, ainda, a boa qualidade dos textos em inglês dos "abstracts"e da tradução dos títulos dos artigos. Ao consultarem-se estes, se poderá encontrar a bem marcada característica de a RPS voltar-se, prioritariamente, para assuntos maranhenses, com levantamentos de informações primárias em instituições de saúde locais, como, por exemplo, o HU e o Centro de Saúde Genésio Ramos Filho, os dois em São Luís. Entre os dez artigos apresentados, há um, com o título "Contribuições das orientações pré-operatórias na recuperação de pacientes submetidos a cirurgias cardíacas", que me fala de perto, pois fiz há, aproximadamente, um ano e meio, cirurgia cardíaca para a colocação de quatro pontes nas coronárias.
          Agora, podemos perguntar sobre a posição da RPS nesta fase de sua história editorial e responder que não se pode dissociá-la das transformações por que passou a UFMA durante o reitorado do professor Natalino Salgado Filho. Vejam só. Quando ele assumiu a Reitoria em 2007, vindo da direção do HU, a Universidade, possuía, tão somente, um curso de doutorado, em funcionamento precário. Passou a 9 e mais 10 em cooperação com outras universidades brasileiras. Havia 12, de mestrado, que totalizam 35 hoje. Os incrementos, substanciais, como se vê, e não apenas quantitativos, levaram a UFMA a contabilizar atualmente mais de 1.200 alunos de mestrado e doutorado, não pequeno avanço, sem falarmos na recuperação de várias estruturas físicas e a construção de outras, entre estas a do Departamento de Inovação Tecnológica e Patentes, que já obteve 50 registros de patentes e contribui, expressivamente, com a desmistificação da tese esquerdista de que empresas privadas contaminam, com o vírus da fome de lucro, projetos de pesquisa acadêmica. Hoje, o Hospital Universitário realiza cirurgias cardíacas e neurocirúrgicas de alto complexidade, assim como transplantes de órgãos, permitindo que, além de atender pessoas sem alternativas financeiras de realizar procedimentos como esses em hospitais particulares, colabora com a UFMA no desempenho adequado do papel mais importante dela, o de instituição de pesquisa. Sem esta, o que é uma universidade, além de escola de 3o grau?
          Após da saída do professor Salgado, o Hospital foi dirigido pelos professores Maria do Desterro e Vinicius Nina. Atualmente, sua direção está a cargo da dra. Joyce Lages. Ela, como os demais, deram, com reconhecida competência, continuidade à expansão do HU, consolidando-o como centro de atendimentos do SUS e como instituição produtora de conhecimento sobre a realidade maranhense na área da saúde.
          A Universidade Federal do Maranhão e o Hospital Universitário são excelentes exemplos de como órgãos públicos podem ser bem administrados e oferecer a nossa população, à parte pobre, à remediada ou à rica, assistência médica de alta qualidade, sem discriminações, como é próprio do SUS, fonte de seus recursos que, afinal, são públicos.

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