Cachorro, não
Jornal O Estado do Maranhão A figura de Waldick Soriano, o cantor do povão, o brega-chique, morto há poucos dias, me traz à lembrança um pedaço de minha juventude. No final dos anos sessenta e começo dos setenta ele costumava se apresentar em muitas cidades do interior do Maranhão e em São Luís. Algumas vezes, esteve no antigo Cine Monte Castelo, em prédio cuja construção acompanhei desde a escavação das valas dos alicerces, pois eu morava a poucos metros do cinema. Lembro sobretudo do final da obra, quando os operários começaram a colocar as telhas na estrutura de madeira projetadas com o fim de sustentar a cobertura. Sentado na copa da nossa casa, um bangalô de classe média típico dos anos cinqüenta, sob os olhares vigilantes de minha mãe, que não nos liberava, a mim e meus irmãos, para as brincadeiras rotineiras a menos que déssemos conta sem vacilações dos deveres escolares do dia, era possível observar, dia a dia, o progresso do trabalho. A mim os trabalhadores pareciam emp