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Mostrando postagens de junho, 2005

Corrupto Honesto

Jornal O Estado do Maranhão     É permanente a ameaça de falta assunto a muitos cronistas ou articulistas, entre os quais me incluo. Tendo um compromisso com prazos inflexíveis, como não poderiam deixar de ser os prazos de jornais, entram em pânico quando não aparecem acontecimentos notáveis sobre o quais possam filosofar barato ou não, demonstrar erudição profunda ou rasa, ou simplesmente ter a ilusão de escrever um bom texto, seja lá sobre o que for, capaz de imortalizá-los perante as gerações vindouras, apesar de sabermos que os próprios imortalizados jamais estarão presentes a suas posteridades (a não ser na forma de desbotadas lembranças), quando poderiam saborear as delícias do reconhecimento de seus talentos, nunca devidamente admitidos pelos contemporâneos, sempre cegos às virtudes de escritor deles. São claras, mesmo assim, as exceções, constituídas pelos fora de série, dos quais temos vários excelentes exemplos aqui no Maranhão. Esses, em geral, são reconhecidos, embora não

Uma Forcinha

Jornal O Estado do Maranhão     Quando a humanidade tomou conhecimento da própria existência e percebeu estar no mundo, para o bem ou mal do restante da natureza, sempre ameaçada por sua presença, refletiu sobre a vida e concluiu que tudo tem um fim, ou, pior ainda, pode ter um fim antes do fim, como no caso da chamada potência masculina. Esta pode revelar sua finitude antes de o humano e finito viver propriamente dito terminar, possibilidade alarmante para os homens de nossa espécie e capaz de lhes causar aflição sem fim. A raça humana, ou melhor, a sua metade masculina, carregou, durante milhares de anos de evolução, em alguns aspectos, e de involução, em outros, esse medo genuinamente infinito. Bendita seja a inconsciência dos outros animais, indiferentes a detalhes fisiológicos vulgares como esse. Finalmente, depois dessa verdadeira eternidade de angústia indescritível, de tormento insuportável, de tortura existencial indizível, o comprimido azul do viagra foi inventado, para alí

Punição e Reforma

Jornal O Estado do Maranhão   Alguém verá como novidade a existência de corrupção, conforme noticiado pela Veja , em organizações estatais como os Correios e o Instituto de Resseguros do Brasil, operacionalizada com base em um arranjo pelo qual o PTB, por seu presidente, deputado Roberto Jéferson, exigia de seus indicados para cargos de direção nesses dois órgãos, e em outros, uma contribuição mensal de R$ 400 mil, ou anual de R$ 4,8 milhões? Alguém fará ares de surpresa ante a revelação posterior, pelo acusado-acusador, mas não muito acuado, deputado, da existência de um “mensalão” de R$ 30 mil mensais, ofertório generoso do PT a diversos deputados do PL e do PP, da mal afamada “base aliada” do governo, mais aliada ainda de seus próprios bolsos, no Congresso Nacional, com o fim de garantir votos para a aprovação de matérias de interesse da administração do PT que, antigamente, batia no peito para demonstrar infinitas qualidades morais e reafirmar pretenso monopólio de todas as manif