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Mostrando postagens de novembro, 2007

Machado e maranhenses

Jornal O Estado do Maranhão Como cronista nos jornais do Rio de Janeiro, Machado de Assis fez, durante décadas, muitas referências a coisas e fatos do Maranhão, e a seus escritores. Entre estes, tinha especial admiração por Gonçalves Dias. Em crônica de novembro de 1893, revela que o vira pela primeira vez na redação do Diário do Rio de Janeiro e se emocionara: “Ouvia cantar em mim a famosa Canção do Exílio”. Mas, a muitos outros escritores maranhenses dedicou atenção também. Em conhecida página de crítica, “A Nova Geração”, de 1879, publicada na Revista Brasileira, analisa um grupo que ia surgindo, de novos escritores. Entre eles, os maranhenses Teófilo Dias e Artur Azevedo. Aí, na primeira parte da análise, afirma o declínio do Romantismo e reafirma alguns conceitos estéticos sobre o Realismo, como já o fizera e viria ainda a fazer em outras ocasiões. Não deixa, porém, de colocar a discussão em perspectiva histórica apropriada ao ligar o ocaso do Romantismo ao “desenvolvimento das

Democracia em excesso

Jornal O Estado do Maranhão É fácil dizer que existe democracia em países ditatoriais quando não se mora lá ou quando se é presidente de outro, onde ela se impôs. Muitos que não moravam na União Soviética, mas tinham imensa admiração por Stálin e seu regime, eram a favor da ditadura do proletariado, cuja existência era justificada como forma superior organização política, mas não a suportariam, com certeza, como muitos não suportaram, residir na antiga URSS. No Brasil, eram, claro, contra a pluralidade de partidos políticos, a liberdade de imprensa, os direitos individuais, contra tudo, enfim, que lembrasse a “democracia burguesa”, pois tinham a esperança de, no futuro, o partido deles se tornar o único. Não sendo isso possível, se contentavam em aproveitar as desprezíveis liberdades de que gozavam na época, a fim de planejar a ditadura popular a ser dirigida pelos camaradas mais espertos, sem essa chatice de dar satisfações à sociedade. É de se lamentar que o presidente Lula, incan

A cidade fala

Jornal O Estado do Maranhão São Luís fala. Fala, esta cidade. Fala por sua história, sua geografia, sua arquitetura, seu traçado português, suas ruas em ladeira, seus sobrados e igrejas; por sua gente e suas crianças; por seus ventos, como agora, pura carícia e frescor; fala por suas hipnotizantes luas cheias que o bebê com nome de rei do povo judeu olha fascinado, comparando-as com a lâmpada acesa na sacada do alto prédio, de onde se vêem navios à distância, iluminados ( com a luz da lua?) na noite tão bonita. São vários os idiomas, os signos, as linguagens reveladores da cidade. Ela fala também por seus bons escritores, artistas plásticos e fotógrafos, que os há apaixonados por ela, e muito. Vejam o caso deste São Luís, azulejo e poesia, pequeno e belo livro com texto de Antônio Carlos Lima e ilustrações de Jesus Santos, contando ainda com fotos de Márcio Vasconcelos. Antônio Carlos, um dos melhores jornalistas maranhenses, ex-diretor de redação deste jornal e ex-diretor do Centro

Arte Cazumbá

Jornal O Estado do Maranhão Não surpreenderá o sucesso que a Companhia Cazumbá , Teatro e Dança faz no Brasil e no exterior a quem vir amostras de seus espetáculos, como vimos na semana finda, vários confrades da Academia Maranhense de Letras, no Centro de Cultura Cazumbá, na rua da Manga, no bairro do Portinho, ao lado de outros convidados do teatrólogo, coreógrafo e escritor Américo Azevedo Neto, diretor do grupo, com décadas de paixão pelas artes no Maranhão e ocupante também de uma cadeira da AML. As instalações foram reformadas, novos equipamentos de som e iluminação foram montados, e exposição e venda de livros e discos de escritores e músicos maranhenses bem como peças de artesanato estão agora permanentemente à disposição do público. A Companhia disporá daqui por diante de aprimorada infra-estrutura e atualizada tecnologia de palco. Os espetáculos, quando não estiver excursionando, serão sempre às quartas-feiras. O trabalho, um dos mais consistentes, persistentes e inteligent