Passeios
Jornal O Estado do Maranhão Os cachorros passeiam bem cedo nas manhãs do bairro do Olho d’Água. São de raças e tipos diversos, mas todos balançam a cauda da mesma maneira, tranqüilamente satisfeitos, quase sorridentes, indiferentes ao sentido da vida ou à falta de sentido. Há os grandes, de passos pesados. Aparentam fazer um buraco no chão a cada vez que arreiam sem pressa suas imensas patas. Os pequenos, de tão leves no andar, parecem não pisar em nada ou, porventura, lembram o deslizar em skates dos gatos de óculos escuros dos filmes americanos. Avistam-se, também, os gordos, com os lentos movimentos laterais das pesadas ancas, e os magros, que as fazem subir e descer leves com pequenos saltos. Para quem passeia por uma rua perpendicular à do desfile dos cachorros compridos, eles se mostram aos poucos nos cruzamentos, dando a impressão de sair de uma tela de cinema, tal qual o desbravador de Rosa Púrpura do Cairo. Os curtos são tão curtos que poderiam andar, sem perder o equilíbri