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Mostrando postagens de julho 29, 2012

Lula

         Jornal O Estado do Maranhão           Tão frequente quanto verdadeiro é dizer-se que a perda de lembranças compartilhadas com amigos e parentes queridos que nos precederam no retorno ao nada é sinal de estarmos envelhecendo. Este processo não é apenas ou principalmente físico e carrega esse dano irreparável às referências em comum, à possibilidade de (re)viver, de sentir o sabor especial de ser jovem numa conversa em torno de tudo e de nada, e de recordar aventuras da juventude, sempre tão presentes na memória. Quantas vezes ao rememorar imprecisamente algo vivenciado em companhia dessas pessoas anos atrás tive o impulso de perguntar a um tio, uma tia, ao meu pai ou minha mãe um detalhe esquecido (“como foi mesmo aquela vez que a gente...”), apenas para, no momento seguinte, sentir o vazio criado pela consciência repentina da ausência definitiva deles. Somente eles poderiam me fazer reviver com nitidez minha própria vivência já quase apagado em mim. Machado de Assis afir