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Mostrando postagens de dezembro, 2007

Em 2007

Jornal O Estado do Maranhão , 30/12/2007 Este ano ofereço, se me derem licença os leitores, retrospectiva de segundo grau, pois em vez de discorrer de maneira direta a respeito de acontecimentos importantes de 2007, vou falar sobre o que falei a propósito deles, conforme apareceram em minhas crônicas. Desse modo, os dou através do filtro – tão bom ou tão ruim quanto o de qualquer outro comentarista – que utilizei para selecioná-los. Refletirão, dessa forma, meus interesses e gostos pessoais. O leitor julgará a pertinência de minha seleção não exaustiva e de minhas opiniões, cuja relevância poderá vir, não destas, mas da própria relevância dos fatos. A economia brasileira foi objeto de duas crônicas. Fiz, primeiro, críticas ao chamado Programa de Aceleração do Crescimento – PAC, mera re-arrumação orçamentária a serviço de uma jogada de marketing. Em outro texto, porém, defendi o governo em sua tentativa de estabelecer a chamada DRU – Desvinculação de Recursos Orçamentários, porque o ex

O bom Papai Noel

Jornal O Estado do Maranhão O Natal está conosco mais uma vez. A tradição milenar de comemorar o nascimento de um homem, Jesus Cristo, que nasceu há mais de dois mil anos numa pequena cidade do Oriente Médio e teve, e tem, tanta influência sobre milhões de pessoas, é uma das mais enraizadas de nossa cultura. Mesmo as pessoas sem religião, os ateus, os agnósticos e toda a gradação de homens e mulheres sem fé em seres superiores e intangíveis, ou em vida após a morte, ou melhor, em vida após a vida terrena, em reencarnação, vêem, como vejo, o Natal, como parte de suas melhores lembranças de crianças e de adultos com filhos e netos. Embora mais recente ou menos antigo do que o Natal, pois vem de quase quatrocentos anos depois do nascimento de Cristo, Papai Noel – Pai Natal dos portugueses e Santa Claus (Saint Nicholas), Santa, tão-só, para as crianças americanas –, faz parte dessa tradição. Na minha imaginação de menino de classe média, que cresceu sonhando com presentes na grande data

Fortuna crítica de Machado de Assis

Jornal O Estado do Maranhão Raros escritores brasileiros têm fortuna crítica tão extensa quanto a de Machado de Assis . Ainda em vida ele viu críticos de diversas tendências iniciarem a análise sua obra, com freqüência perplexos ante textos ficcionais que não sabiam bem como classificar e lhes pareciam estranhos. Nas Fontes para o estudo de Machado de Assis (Rio de Janeiro, INL, 1958), J. Galante de Sousa relaciona, para o período , 1.884 verbetes. A Bibliographie descriptive, analytique et critique de Machado de Assis (Rio de Janeiro, Livraria São José, 1965), de Jean-Michel Massa, autor do melhor livro sobre o jovem Machado, A juventude Machado de Assis, : ensaio de biografia intelectual (Rio de Janeiro, Civilização Brasileira/Conselho Nacional de Cultura, 1971) acrescenta outros 132 referentes a 1957 e 713 ao ano de 1958. Em 2005, Ubiratan Machado, em Bibliografia machadiana , (São Paulo, Edusp, 2005), nos deu mais 3.282, perfazendo, assim, 6.011 verbetes. Conhecendo-se, poré

Bolas e boladas

Jornal O Estado do Maranhão Duas notícias relacionadas à maneira como pode funcionar o sistema de justiça no Brasil. A primeira, de agosto deste ano. A juíza da Vara de Infância e Juventude de Madureira, Mônica Labuto, resolveu despachar no meio da rua. Segundo o desembargador José Carlos Murta Ribeiro, presidente do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, ela expôs o Poder Judiciário a vexame e desobedeceu ordem de superior hierárquico no campo administrativo com o fim único de fazer proselitismo. A origem da história está nestes fatos. A Vara da Infância, instalada em janeiro, funciona em prédio onde há 14 cartórios. O Tribunal decidiu que o edifício funcionaria somente até 21h, por questão de segurança. Tal determinação quase inviabilizou o trabalho da juíza, pois diligências com o objetivo de coibir a presença de menores em bares e boates, não podem ser feitas antes da hora de fechamento do prédio pela comezinha razão de que esses estabelecimentos começam a funcionar justamente