O Paraíso-presídio
Jornal O Estado do Maranhão Em verdade vos digo, limpeza ética total, de anúncio de detergente, não foi feita para este mundo sublunar, é tão só tarefa do mundo de Janot e de seus bem-aventurados companheiros de MPF. Ninguém tão puro como eles. E eis que, comovidos, assistimos à tentativa deles de criar no trópico o “novo homem”, à sua imagem e semelhança, perfeito, na rua, na chuva, na fazenda ou numa casinha de sapê, em tudo diferente do velho conhecido nosso, já nascido em pecado, feito de desejo e de pó, como no poema de Auden, com defeito e virtude, egoísmo e altruísmo (mesmo que este possa ser uma forma disfarçada de egoísmo, como dizem os céticos extremados). Falta a esse pessoal o estudo da História, com agá maiúsculo. Os bolcheviques russos também cederam à tentação dessa utopia e partiram para a criação do novo homem e do paraíso proletário sobre a Terra. Mas, erraram a mão, usaram o que a história mostra ser a receita da tirania: negaram-se a criar in