28 de dezembro de 2008

Cem Anos

Jornal O Estado do Maranhão

Cem anos. Um quase imperceptível pulsar do tempo medido pela eternidade do infinito universo. Um nada. Cem anos. Uma eternidade na escala do breve viver humano. Tempo mais longo, para a maioria de nós, do que aquele durante o qual podemos caminhar, com nossas angústias, paixões, ódios e amores, egoísmo e generosidade, utopias e ceticismo, por nosso microscópico planeta de uma pequena estrela perdida na periferia da Via Lactea. Tempo suficiente para construir uma obra que irá durar, em anos, muitas vezes cem, a iluminar a imensidão interior (o infinito maior é o próprio homem, Tribuzi nos diz) de cada um de nós e nossos sucessores. Celebramos os primeiros cem anos da Academia Maranhense de Letras, de muitos outros que nossos filhos e netos irão celebrar. Parte de uma série infinita no porvir, esta comemoração, dirigida pela Diretoria que tive a honra de presidir, composta, além de mim, por José Maria Cabral Marques, Jomar Moraes, José Chagas, Laura Amélia Damous, Marialva Mont’Alverne Frota e Alex Brasil, honrou as tradições da Casa. Tanto esta nos deu, a nós maranhenses, desde 10 de agosto de 1908. Este 2008, foi o momento de darmos a ela, com mais intensidade até do que o fazemos no cotidiano de nossa vida acadêmica, o que não é pouco, amor, dedicação, entusiasmo e tudo mais que o sentimento de orgulho que temos de a ela pertencer, nos indicava como dever inarredável, mas, ainda acima disso, revelava a nós mesmos a satisfação, o prazer, de quem tem a consciência de dar necessária contribuição à história de tão importante instituição cultural. E será sempre assim, porquanto, não sendo obra de ninguém individualmente, é obra de todos no decorrer do tempo. E tanto é assim que a Casa vive porque morremos, cedemos o caminho aos novos caminhantes que nos vêm substituir, com entusiasmo e determinação, quando regressamos ao pó de onde viemos, mas não nosso espírito, que esse não regressa, antes continua na Academia e será lembrado em cada solenidade de posse, e fora dela, se mais tivermos feito para merecer a lembrança. Felizes e contentes estávamos na noite do dia 22, ocasião em que entregamos a medalha do Centenário aos acadêmicos e amigos da Academia. Vimos então o muito realizado no Centenário. Foram dezessete eventos. O início das festividades deu-se a 6 de março, quando Vasco Mariz discorreu sobre a fundação de São Luís e lançou seu livro La Ravardière e a França Equinocial. No dia 28 de março, a professora Andréa Daher, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, fez uma apresentação acerca das missões religiosas francesas e portuguesas no Maranhão, nos primórdios da colonização, e uma sessão de autógrafo de seu livro O Brasil Francês: as singularidades da França Equinocial. O poeta Luiz Augusto Cassas lançou no dia 5 de junho o seu Evangelho dos peixes para a ceia de Aquário. No dia seguinte, foi Marco Lucchesi, poeta, ensaísta e tradutor de renome nacional, quem o fez, com seus livros Memória de Ulisses e Meridiano celeste, após proferir brilhante palestra sobre a poesia de Dante. Depois, Sebastião Moreira Duarte, no dia 17 de julho, fez uma exposição sobre Sousândrade. Em agosto, mês da fundação da Academia, no dia 15, José Sarney, em noite memorável, que contou com as presenças do presidente da Academia Brasileira de Letras, Cícero Sandroni, e do ex-presidente, Marcos Vilaça, falou sobre a história da Casa e prestou homenagem aos fundadores. Milson Coutinho, ainda em agosto, no dia 22, nos ofereceu seu novo livro, Ouvidores-gerais e juízes de fora, em noite de autógrafos. Em 18 de setembro, Antônio Martins de Araújo falou sobre “A Permanência de Artur Azevedo”. Este é o ano do centenário de morte do teatrólogo maranhense. Ainda em setembro, no dia 26, o biógrafo Fernando Morais lançou O mago. Ivan Junqueira, da Academia Brasileira de Letras fez palestra, no dia 7 de outubro, sobre Gonçalves Dias. Ceres Costa Fernandes lançou, no dia 4 de dezembro apresentou novo livro de ensaios, Surrealismo & loucura e outros ensaios. Alberto Vieira da Silva homenageou os quatrocentos anos de nascimento do padre Vieira, no dia 11, falando acerca dos Sermões sobre Santo Antônio do grande jesuíta. A temporada de lançamentos em homenagem ao Centenário chegou ao final no dia 16 de dezembro com Waldemiro Viana e seu Passarela do Centenário, e José Chagas, com Portugal (discurso em versos). Tivemos ainda a fundação da Academia Maranhense de Ciências, cuja instalação solene foi realizada na AML, onde a nova entidade funcionou durante algum tempo, e a fundação da Federação das Academias de Letras do Maranhão, em que a AML teve e tem ativa participação. Por ocasião da solenidade de instalação, Sálvio Dino proferiu palestra sobre academias de letras e sobre a idéia de fundar a federação no Maranhão. Menciono em destaque dois lançamentos que nos orgulham muito. Um foi o a reprodução do álbum fotográfico confeccionado em 1908 por Gaudêncio Cunha, por encomenda do governo do Estado, com o fim de ser levado à Exposição Nacional daquele ano no Rio de Janeiro. Ele dá um retrato da São Luís do ano de fundação da Academia. O outro lançamento foi o da coleção, em parceria com a Universidade Estadual do Maranhão, de doze livros dos fundadores. Somente este trabalho, já valeria o festejo inteiro do Centenário, se não quiséssemos fazer mais nada, o que, claro, não foi o caso. A direção editorial da série esteve a cargo de Jomar Moraes, certamente conhecedor seguro das biografias dos fundadores e da obra deles. Destaco igualmente a participação especial da Academia na II Feira do Livro de São Luís, promovida pela prefeitura de São Luís e coordenada pela Fundação Municipal da Cultura, que, em homenagem ao Centenário, colocou à nossa disposição espaço exclusivo com primorosa decoração e entusiasmado comando, nas tarefas de planejamento e execução, de Lúcia Nascimento. Todas as realizações do Centenário, todo o brilho de que ele se revestiu, tornou-se possível porque contamos com o apoio da sociedade maranhense, prova inequívoca do prestígio da Academia. Pessoas e instituições, setor público e privado. Todas as contribuições, grandes ou pequenas, de alto valor monetário, ou de pequeno valor, foram importantes. A nenhum faltou compreensão do alto significado de comemorar o centenário da guardiã de nossas mais queridas tradições de cultura. Foi com o fim de fazer um congraçamento verdadeiro que nos reunimos naquela noite. Somos um único povo que, acima de eventuais divergências, tem o Maranhão para unir todos. Pudemos proclamar com orgulho que juntos fomos capazes de importantes realizações e, com isso, depositamos uma valiosa poupança no fundo de nosso capital cultural que, longe de crises e sobressaltos, sempre nos oferece altos rendimentos a serem investidos pelo bem de nossa terra.

21 de dezembro de 2008

Medalhas do Centenário

Jornal O Estado do Maranhão

Encerram-se amanhã as atividades da Academia Maranhense de Letras neste ano da graça de 2008, em que comemoramos o Centenário de sua fundação. Digo comemoramos porque a data não foi unicamente comemorada pela Academia, mas pela Casa e pelos maranhenses juntos. Pois de forma diferente desta não se pode interpretar a maré enchente de apoio, material ou não, que recebemos durante todo o ano, de todos os segmentos da sociedade. Órgãos públicos, do Estado e do município de São Luís, empresas privadas, pessoas físicas. Em todas as ocasiões, quando perceberam a necessidade de encontrar solução rápida para obstáculos com potencial de frustrar a realização de um determinado evento comemorativo, eles prontamente concorreram para afastá-los. É prova, tal resposta, do prestígio da Academia, da confiança geral em sua capacidade de bem administrar e do respeito pela sua história. Devo alertar o leitor com respeito às dificuldades iniciais, quando assumimos a Diretoria, ocasião em que enfrentamos problemas não totalmente inesperados, mas de enorme potencial paralisante. Como é fácil entender, montar a partir do zero uma programação a ser executada durante um ano inteiro e que deve se caracterizar pela boa qualidade e previsibilidade, com participantes daqui e de fora do Estado, donos de agendas de trabalho bastante apertadas, exigiria entre um e dois anos de cuidadosa preparação. Recursos financeiros têm de ser mobilizados, parcerias estabelecidas, compromissos assumidos, tudo exigindo tempo, dedicação e compromisso com a instituição. A não contar com os apoios externos e, em especial, com os internos, de parte da Diretoria da AML e dos acadêmicos, mais difícil ainda teria sido a superação dos eventuais entraves. Não quero individualizar aqui as colaborações. Afirmo, no entanto, que cada um deu a sua na medida de suas capacidades e de suas limitações de várias ordens. Se eventualmente alguém, podendo, não o fez, isso aconteceu na proporção de seus compromissos com a instituição. As comemorações trouxeram ao público familiaridade com os fundadores, cujos nomes aqui repito: Ribeiro do Amaral – o primeiro presidente, cargo que ocupou da fundação em 1908 até 1927, durante quase 19 anos, o mais velho, fundador da Cadeira número 11, atualmente vaga com a morte de Manoel Caetano Bandeira de Mello e para a qual foi eleito recentemente José Carlos Sousa Silva, que tomará posse no próximo ano – Domingos Barbosa, Alfredo de Assis Castro, Barbosa de Godóis, Godofredo Viana, Corrêa de Araújo, Clodoaldo Freitas, Inácio Xavier de Carvalho, Astolfo Marques, Antônio Lobo, Fran Paxeco e Armando Vieira da Silva, o mais novo, com 21 anos na época e fundador da Cadeira número 8, hoje ocupada por mim. Mas, eu dizia, encerram-se amanhã, dia 22, às 19 horas, na sede da AML, as atividades acadêmicas deste ano. Digo agora que o encerramento se dará com a entrega da medalha alusiva ao Centenário, e respectivo diploma, instituída pela Academia e destinada aos acadêmicos e a pessoas e instituições que de alguma forma colaboraram com a Academia nas festividades comemorativas do Centenário ou com ela têm consistentemente colaborado. Não importa o tamanho (na maioria das vezes não se pode sequer quantificar apoios), todos foram importantes. De cada um, segundo suas capacidades. O exemplo dos colaboradores frutificará. Eles expressam a vontade de prestigiar a mais antiga instituição cultural do Estado e uma das mais antigas do Brasil, e que no decorrer desses cem anos, se credenciou como a mais legítima guardiã de nossas mais caras tradições de cultura. Volto a fazer a pergunta, que fiz há duas semanas aqui nesta coluna: Quantas existem dedicadas à cultura que tenham esse tempo de vida e com tanto prestígio?

14 de dezembro de 2008

Livros e Livros

Jornal O Estado do Maranhão

Depois da marcante noite do lançamento, em parceria com a Uema, de doze livros dos fundadores da Academia Maranhense de Letras, na terça-feira da semana passada, dia 9, tivemos dois dias depois, na quinta-feira, dia 11, erudita, concorrida, emocionante e emocionada palestra do acadêmico Alberto Tavares Vieira da Silva, no encerramento do ciclo de palestras do Centenário. Ele confirmou seu conceito de grande conhecedor da obra do Padre Antônio Vieira e de palestrante seguro, com pleno domínio dos assuntos de que trata. O ciclo começou com o embaixador Vasco Mariz. Ele discorreu, ainda no início do ano, sobre a fundação de São Luís. A seguir a professora Andréa Daher, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, fez uma apresentação acerca das missões religiosas francesas e portuguesas no Maranhão, nos primórdios da colonização, comparando o trabalho das duas sob o ponto de vista do discurso sobre a catequese. Depois, Marco Lucchesi, poeta, ensaísta e tradutor de renome nacional (atualmente ele é curador da Exposição Machado de Assis, da Biblioteca Nacional), falou sobre a poesia de Dante. Sebastião Moreira Duarte, em sua palestra, teve como tema Sousândrade. Em agosto, mês da fundação da Academia, José Sarney, em noite memorável, que contou com as presenças do presidente da Academia Brasileira de Letras, Cícero Sandroni, e do ex-presidente, Marcos Vilaça, falou sobre a história da Casa e prestou homenagem aos fundadores. Ivan Junqueira, também da ABL, fez uma apresentação sobre Gonçalves Dias. Alberto Vieira da Silva fechou a série. Outro encerramento verão os presentes à Academia nesta terça-feira, dia 16, às 19 horas. Para fechar as homenagens aos 100 anos de fundação da Casa de Antônio Lobo, dois acadêmicos completam a série de lançamentos que teve início nos primeiros meses do ano. Um será do livro Portugal (Discurso em versos), do poeta José Chagas. De seus inúmeros inéditos, ele resolveu editar este que é uma homenagem a Portugal. Inédito no sentido de ainda sem edição, mas não desconhecido, porque o poema Portugal foi recitado pelo próprio poeta na noite do Dia de Camões, no ano de 1997, na AML. Dispenso-me de comentar as qualidades literárias da obra. Eu já as indiquei ao informar que é de José Chagas. Basta isso. Digo apenas que são linhas de referência nesse livro o mar e mais Camões, Vieira e Fernando Pessoa (“a trindade ideal”). Na mesma noite, Waldemiro Viana, ocupante da Cadeira No 2, cujo patrono é Aluísio Azevedo, apresentará ao público o seu Passarela do Centenário & outros perfis. Ele, com tradição literária na família, pois é filho de Fernando Viana, que pertenceu à Academia, tomou seu pai como inspiração e mais especificamente o livro de Fernando chamado Passarela & outros perfis e escreveu esta nova Passarela, em que traça em sonetos bem humorados o perfil de seus companheiros na Casa de Antônio Lobo, onde, por sinal, há unanimidade no reconhecimento de Waldemiro como pessoa afável, de permanente bom humor, refletido nos sonetos, e de agradável convivência. Aliás, ele é um ficcionista de reconhecidos méritos e tem dado importante contribuição ao conto e ao romance maranhenses. A série começou com o Evangelho dos peixes para a ceia de Aquário, de Luís Augusto Cassas, e continuamos com Memória de Ulisses e Meridiano celeste, de Marco Lucchesi, Juízes de fora e ouvidores gerais, de Milson Coutinho, Surrealismo & loucura e outros ensaios, de Ceres Costa Fernandes e estes dois de agora. Mais ainda, a Academia publicou o Maranhão 1908, reprodução fotográfica, em edição de luxo, de álbum de fotografia de Gaudêncio Cunha, com apoio da Vale, e, também, os doze livros dos fundadores. Chagas e Waldemiro adicionam brilho ao o rico conjunto de obras publicadas no Centenário.

7 de dezembro de 2008

Doze Livros

Jornal O Estado do Maranhão

Estes são os livros e seus autores: Fundação do Maranhão, Ribeiro do Amaral; Silhuetas, Domingos Barbosa; Coisas da vida, Alfredo de Assis Castro; História do Maranhão, Barbosa de Godóis; Por onde Deus não andou, Godofredo Viana; Harpas de fogo, Corrêa de Araújo; O Palácio das Lágrimas, Clodoaldo Freitas; Missas negras, Inácio Xavier de Carvalho; Natal, Astolfo Marques; Os Novos Atenienses, Antônio Lobo; Poesias, Armando Vieira da Silva; O Maranhão: subsídios históricos e corográficos, Fran Paxeco. São esses os doze livros a serem lançados depois de amanhã, às 19 horas, na Academia Maranhense de Letras. São livros, esses, dos doze fundadores da Academia, centenária desde 10 de agosto deste ano. Perguntaram-me uma vez se não seria uma forma de criar mitos as homenagens aos fundadores. Afinal, o decano da Casa prestou-lhes especial reverência em agosto, quando os fez entrar solenemente, como todos viram – para dar provas de que eles continuavam vivos entre nós –, pelo corredor central do auditório da Academia, no seu prédio à rua da Paz, onde ela foi fundada a dez de agosto. Ali, naquele ano de 1908, era o local onde funcionava a Biblioteca Pública do Estado. Mais tarde, 31 anos depois, ele foi doado à Academia, sendo governador do Estado Sebastião Archer da Silva. Seu influente secretário-geral era Clodoaldo Cardoso, então presidente da Academia. Muito há de ter ele influenciado nessa decisão. Seja criação de mito. Melhor, aliás, que assim seja, pois os povos se afirmam como tal por meio de seus mitos fundadores. Eu prefiro o “Independência ou Morte”, a qualquer declaração burocrática de separação entre metrópole e colônia. É mais heróica e cria a imagem de nobreza de princípios. As virtudes romanas exaltadas por Tito Lívio ao escrever a famosa história de Roma não são menos reais do que as que por acaso eles de fato possuíssem. E o “Fico”? É mais bonito o “Diga ao Povo que Fico” do que a fria narrativa de acordos políticos de bastidores, feitos ao sabor de interesses governados pelo torpe metal. Mito ou não, Os Doze fundaram de fato uma instituição agora centenária e com isso deram relevante contribuição à vida cultural do Estado. Quantas existem dedicadas à cultura que tenham esse tempo de vida e com tanto prestígio? A coleção dos livros desses pioneiros tem dupla importância. Primeiro, o público interessado e, em particular, o historiador da cultura terão acesso imediato a esse conjunto de obras do final do século XIX e princípio do XX, representativas do ambiente cultural da época, que lutava com determinação contra as conseqüências da crise econômica do Estado, vinda das décadas anteriores. Eram, até agora, de difícil acesso, pela sua raridade. A partir de terça-feira, estarão à disposição de todos. Segundo, as obras têm importância por si mesmas. Romance, conto, poesia, história, inclusive literária, perfis biográficos, eis o conteúdo formal desse conjunto, a envolver qualidades estéticas inegáveis. Faço menção especial à parceria da Academia Maranhense de Letras com a Universidade Estadual do Maranhão. Desde o início das discussões acerca da possibilidade de as duas instituições tornarem efetiva a essa homenagem aos Fundadores, o reitor José Augusto Oliveira abraçou com entusiasmo a idéia. Daí por diante, com a colaboração do acadêmico Marialva Mont’Alverne Frota, também professor da Uema, e a competente e experiente direção editorial de Jomar Moraes, que elaborou notas e apreciações críticas sobre os autores e deles traçou os perfis biográficos, os trabalhos decorreram com poucos percalços. Como dissemos, eu e o reitor, na apresentação dos volumes: “A Academia e a Universidade estão orgulhosas desta realização em benefício das legítimas tradições culturais do Maranhão”.

Machado de Assis no Amazon