Medalhas do Centenário

Jornal O Estado do Maranhão

Encerram-se amanhã as atividades da Academia Maranhense de Letras neste ano da graça de 2008, em que comemoramos o Centenário de sua fundação. Digo comemoramos porque a data não foi unicamente comemorada pela Academia, mas pela Casa e pelos maranhenses juntos. Pois de forma diferente desta não se pode interpretar a maré enchente de apoio, material ou não, que recebemos durante todo o ano, de todos os segmentos da sociedade. Órgãos públicos, do Estado e do município de São Luís, empresas privadas, pessoas físicas. Em todas as ocasiões, quando perceberam a necessidade de encontrar solução rápida para obstáculos com potencial de frustrar a realização de um determinado evento comemorativo, eles prontamente concorreram para afastá-los. É prova, tal resposta, do prestígio da Academia, da confiança geral em sua capacidade de bem administrar e do respeito pela sua história. Devo alertar o leitor com respeito às dificuldades iniciais, quando assumimos a Diretoria, ocasião em que enfrentamos problemas não totalmente inesperados, mas de enorme potencial paralisante. Como é fácil entender, montar a partir do zero uma programação a ser executada durante um ano inteiro e que deve se caracterizar pela boa qualidade e previsibilidade, com participantes daqui e de fora do Estado, donos de agendas de trabalho bastante apertadas, exigiria entre um e dois anos de cuidadosa preparação. Recursos financeiros têm de ser mobilizados, parcerias estabelecidas, compromissos assumidos, tudo exigindo tempo, dedicação e compromisso com a instituição. A não contar com os apoios externos e, em especial, com os internos, de parte da Diretoria da AML e dos acadêmicos, mais difícil ainda teria sido a superação dos eventuais entraves. Não quero individualizar aqui as colaborações. Afirmo, no entanto, que cada um deu a sua na medida de suas capacidades e de suas limitações de várias ordens. Se eventualmente alguém, podendo, não o fez, isso aconteceu na proporção de seus compromissos com a instituição. As comemorações trouxeram ao público familiaridade com os fundadores, cujos nomes aqui repito: Ribeiro do Amaral – o primeiro presidente, cargo que ocupou da fundação em 1908 até 1927, durante quase 19 anos, o mais velho, fundador da Cadeira número 11, atualmente vaga com a morte de Manoel Caetano Bandeira de Mello e para a qual foi eleito recentemente José Carlos Sousa Silva, que tomará posse no próximo ano – Domingos Barbosa, Alfredo de Assis Castro, Barbosa de Godóis, Godofredo Viana, Corrêa de Araújo, Clodoaldo Freitas, Inácio Xavier de Carvalho, Astolfo Marques, Antônio Lobo, Fran Paxeco e Armando Vieira da Silva, o mais novo, com 21 anos na época e fundador da Cadeira número 8, hoje ocupada por mim. Mas, eu dizia, encerram-se amanhã, dia 22, às 19 horas, na sede da AML, as atividades acadêmicas deste ano. Digo agora que o encerramento se dará com a entrega da medalha alusiva ao Centenário, e respectivo diploma, instituída pela Academia e destinada aos acadêmicos e a pessoas e instituições que de alguma forma colaboraram com a Academia nas festividades comemorativas do Centenário ou com ela têm consistentemente colaborado. Não importa o tamanho (na maioria das vezes não se pode sequer quantificar apoios), todos foram importantes. De cada um, segundo suas capacidades. O exemplo dos colaboradores frutificará. Eles expressam a vontade de prestigiar a mais antiga instituição cultural do Estado e uma das mais antigas do Brasil, e que no decorrer desses cem anos, se credenciou como a mais legítima guardiã de nossas mais caras tradições de cultura. Volto a fazer a pergunta, que fiz há duas semanas aqui nesta coluna: Quantas existem dedicadas à cultura que tenham esse tempo de vida e com tanto prestígio?

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