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Mostrando postagens de março, 2002

Opiniões

Jornal O Estado do Maranhão Alguns juízes dos tribunais superiores brasileiros deram ultimamente para emitir de público opiniões sobre os assuntos polêmicos de interesse da sociedade, discutidos através da mídia. É evidente ninguém ter a pretensão de que eles não devam ter opinião. Não se trata disso. Porém, ao agir dessa forma, eles podem, involuntariamente, dar a impressão de pré-julgarem ações que, eventualmente, possam ser levadas a sua apreciação. Não sou advogado nem entendo em profundidade de leis, mas sempre ouvi meus amigos especialistas em direito enfatizarem a necessidade de um juiz só dar sua opinião nos autos do processo. Se não há, ainda, processo, recomenda a prudência um comportamento igual em situações tendentes a gerá-los. Em vista da inconstância das opiniões humanas, é uma atitude ajuizada, pois quem garante que a interpretação dada hoje, no calor do momento, sob o foco quente dos holofotes da mídia, sob a emoção enganosa de se ver sua opinião noticiada em cadeia na

Segurança para todos

Jornal O Estado do Maranhão É de Chico Buarque de Holanda a letra de uma canção popular em que ele, ironicamente, pede para chamarem o ladrão, por falta de confiança na polícia. Ele se referia aos tempos da ditadura, época em que fez a composição. Naquele período, o cidadão, envolvido ou não em atividades políticas oposicionistas, podia, de repente, ser arrancado de seu lar sem que dele jamais se voltasse a ter notícias. Mais tarde, com a redemocratização, a polícia deixou de ser política. Retornou, então, com todos os seus defeitos e virtudes, a suas antigas funções de proteger a integridade dos cidadãos. Mas, o país cresceu muito de lá para cá. As cidades incharam com a rápida urbanização e a violência passou a fazer parte do cotidiano brasileiro. Vê-se quase diariamente, hoje, assaltos, seqüestros, assassinatos, chacinas e todo tipo de violência nas nossas cidades. De tão freqüentes, esses crimes já não criam a indignação capaz de levar à ação e ao enfrentamento de problemas. Causam

Todos os Santos

Jornal O Estado do Maranhão Hostes celestiais estarão presentes à solenidade de reinauguração no próximo dia 22, sexta-feira, às 19 horas, do Palácio Arquiepiscopal de São Luís, restaurado graças às gestões da governadora Roseana Sarney na obtenção de recursos do Programa Mecenato do Ministério da Cultura. Refiro-me à corte formada por santos maranhenses. Digo de outra forma: por imagens de santos. Melhor ainda: por fotos de imagens de santos. Explico-me. É que, por ocasião da reinauguração, será lançado o livro Olhos da alma: Escola Maranhense de Imaginária , de autoria de Kátia Santos Bogéa, Emanuela Sousa Ribeiro e Stella Regina Soares de Brito, sob a coordenação editorial da primeira autora. O livro tem um belo conjunto de fotografias de santos feitos no Maranhão e um bom texto. Patrocinado pela Petrobrás, com o apoio do governo do Estado e da Fundação Sousândrade, ele é o resultado de uma pesquisa histórica que cobre o período desde a época colonial até o início do século XX. A id

Os nomes

Jornal O Estado do Maranhão Os nomes. A angústia são os nomes se diluindo no esquecimento pouco a pouco. De gente e de coisas. Os nomes de tudo. Da mãe, do pai, do marido, dos filhos, dos netos, dos bisnetos, das amigas. Do bairro, em outros tempos chamado por outro nome, onde se ouviam os sons de óperas e operetas, de vozes de grandes cantores e cantoras, e a música de grandes filmes americanos, de xotes, baiões e xaxados brasileiros, de cantores populares e de clássicos. As lembranças serão, talvez, apenas a melodia ao longe. Haverá, quem sabe, apenas sons sem nomes. Como comunicá-los àquele que olha tristemente risonho tentando compreender, se eles não acodem à memória? Parece que nada tem nome ou jamais voltará a ter, como teve no passado que lentamente vai embora. Mas, como ter certeza desse destino inexorável, se agora, na hora de maior necessidade de repelir essa solidão, agora que podem, depois de tanto tempo, de tanta luta, ser ditos gratuitamente, os nomes para dizer isso som

Verdades e mentiras

Jornal O Estado do Maranhão A verdade é a primeira vítima das guerras. O grande general é a mentira. Esse lugar-comum, como quase todos, pode ter seu grão, ou até sua planta inteira, de verdade. É o que se poderia concluir da recente tentativa do governo dos Estados Unidos de criar uma agência governamental chamada Escritório de Informações Estratégicas, ligada ao Ministério da Defesa, conhecido como Pentágono por causa do formato do edifício onde está localizada sua sede na capital do país. A história começa com a criação da agência, logo após os atentados terroristas de 11 de setembro em Nova York. Ela se destinaria, de acordo com informações recentes da imprensa americana, a divulgar notícias falsas para jornalistas estrangeiros e governantes de países considerados inimigos, provavelmente aqueles participantes do “eixo do mal”, como o Iraque, Coréia do Norte e Iran, conforme classificação da nova Doutrina Bush de policiamento mundial. Mas, os dirigentes dos países classificados como