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Mostrando postagens de 2011

A favor de Papai Noel

          Engana-se quem pensa que Papai Noel distribui brinquedos aleatoriamente, sem se preocupar com as consequências de seu apostolado. O bom velhinho obedece a critério claro e objetivo, bastante antigo, usado desde o início de sua autoimposta tarefa de andar pelo mundo no dia do nascimento de Jesus Cristo: a crianças ricas, presentes ricos; a pobres, pobres; a remediadas, remediados. Nada mais acertado. Com a sabedoria acumulada em séculos de trabalho, ele entendeu as dificuldades de oferecer aos miúdos brinquedos iguais com respeito ao preço e resolveu dar a desiguais tratamentos desiguais.            Oferecer só os mais caros às crianças exigiria recursos não disponíveis em seu orçamento, limitado como todos os orçamentos. A saída, dados seus parcos recursos, desfalcados por altos impostos do governo da Lapônia, local onde ele mora, poderia ser a doação somente daqueles brinquedos de preço médio, situado entre o mais alto e o mais baixo. Contudo, como fino conhecedor da natur

Um século de um homem bondoso: a meu pai

Jornal O Estado do Maranhão Mario Vargas Llhosa disse, a respeito de seu pai, na semana passada no debate de abertura da 25ª edição da Feira Internacional de Livro de Guadalajara, no México: “Tinha medo muito medo dele, e a literatura virou uma possibilidade para que eu mantivesse a dignidade.” Menciono a declaração do escritor peruano não com a intenção de fazer um julgamento acerca de seu liame – ou sua ausência –, com o pai, mas de referir-me às infinitas formas de que pais e filhos se utilizam em seus relacionamentos, cada uma produto de uma história pessoal e por isso mesmo única. A minha com o meu pai era de outra natureza. A quarta feira passada marcou os 100 anos de nascimento dele, Carlos Saturnino Moreira, falecido em 1986, filho do comerciante Lino Antônio Moreira. Quando este morreu em 1928 do século passado, vítima de complicações de diabetes, até hoje uma ameaça a seus descendentes, o filho Carlos, da prole o mais velho do sexo masculino, tornou-se o chefe

Ilusão Populista

Jornal O Estado do Maranhão           O IBGE acaba de publicar os resultados do Censo Geral de 2010. Os mais importantes indicadores socioeconômicos do país continuam inalterados nos aspectos negativos que tinham no Censo anterior – e ainda têm –, com todas as inevitáveis consequências também negativas sobre a qualidade de vida dos brasileiros. Vejamos alguns números que, é imperativo dizer, são preliminares, embora sujeitos a poucas alterações em sua versão final. Valho-me principalmente dos sítios Veja Online e Folha.com, pois não tive ainda tempo para análise detalhada dos dados originais do IBGE.           Vamos começar com a desigualdade de rendimentos entre mulheres e homens. Estes ganhavam, em média, 53 % mais do que aquelas, de acordo com o Censo de 2000. Neste de agora ganham apenas 42 % mais. Digo apenas porque houve uma queda de 11 pontos percentuais na diferença. Mas, convenhamos, ela ainda é enorme e difícil de aceitar porquanto as mulheres têm mais anos de escolar

Anafabetismo de (maus) resultados

Jornal O Estado do Maranhão A Universidade Estadual de São Paulo – USP é a melhor e mais importante do Brasil. Poucas, ou mesmo nenhuma, de nossas instituições de ensino superior gozam, fora de nosso país, de seu prestígio. Sei disso por experiência própria, pois quando estudava nos Estados Unidos eu via na minha própria Universidade, Notre Dame, em Indiana, que era apenas dela que os americanos aceitavam créditos obtidos no Brasil. Pois tal conceito está ameaçado por um ajuntamento de bandidos dispostos a subjugar por métodos violentos e antidemocráticos a maioria dos verdadeiros estudantes. Um destes, Felipe Paiva, levou de assaltantes um tiro na cabeça em maio, dentro do estacionamento da faculdade de economia e morreu. O conselho da Universidade decidiu então pela assinatura de um convênio de patrulhamento ostensivo com a Polícia Militar de São Paulo. Iniciado o trabalho, os índices de criminalidade diminuíram vigorosamente: roubos de veículos, queda de 92,3%; furtos a ve

Palavra de honra

Jornal O Estado do Maranhão Samuel Johnson (1709-1784), autor do famoso Dicionário da língua inglesa , de 1755; de uma edição comentada das obras de Shakespeare, de 1765; da descoberta de que as obras atribuídas pelo poeta escocês James Macpherson, contemporâneo de Johnson, a um suposto poeta irlandês do século III, chamado Ossian, não eram deste, e, sim, do próprio Macpherson; e autor, ainda, das Vidas dos mais eminentes poetas ingleses, obra escrita entre 1779 e 1783, costumava classificar o patriotismo como o último refúgio dos canalhas. O dito pode ser tomado em seu sentido original e literal para classificar os argumentos usados pelo Poder Executivo brasileiro em sua burlesca disputa com a Fifa e a CBF sobre a realização aqui em 2014 da Copa do Mundo de Futebol. A história é esta. O Brasil teve sua candidatura única à realização da Copa aprovada a seis anos do início da competição, a ser realizada daqui a três. Hoje, depois de três anos da escolha, praticamente todas a

ONGs

Jornal O Estado do Maranhão Acertada e a bom tempo a decisão do recém-empossado ministro do Turismo, Gastão Dias Vieira, de suspender os convênios de ONGs com o Ministério atualmente sob sua direção, para exame detalhado de possíveis e prováveis irregularidades. Como a imprensa está cansada de noticiar, não são de agora as suspeitas de uso de verbas públicas por essas organizações para fins não propriamente públicos, mas privados. Tal procedimento levou em muitos casos ao sufocamento e posterior encerramentos das atividades daquelas que em número não pequeno sem dúvida prestavam e ainda prestam bons serviços de caráter social. O curioso sobre as ONGs é serem, no Brasil pelo menos, verdadeiros oximoros ambulantes, pois, tendo em sua denominação genérica a intenção ou a decisão de não serem governamentais, com entusiasmo o são, mais do que qualquer outra organização, porque não vivem sem dinheiro governamental (são privadas, mas não o são), ou dito de outra forma, só vivem dele,

Eu voto distrital

Jornal O Estado do Maranhão           Eu Voto Distrital é um movimento que prega a adoção do voto distrital nas eleições brasileiras. No saite http://www.euvotodistrital.org.br um manifesto on line pode ser encontrado e assinado, de apoio à adoção desse tipo de escolha de representantes no Brasil. Para a formalização da passagem do atual formato eleitoral, proporcional, ao distrital existe um projeto de lei em tramitação na Câmara. Quanto mais pessoas assinarem o manifesto, maiores serão as chances de sua aprovação.           Ninguém envolvido no movimento acredita nesse tipo de votação como a solução de todos os problemas de nossas instituições político-eleitorais. Temos certeza, entretanto, de ser esse um sistema superior ao atual. Neste, encontramos uma pegadinha capaz de fazer o eleitor votar num candidato e eleger outro, permitindo aos chamados puxadores de votos, de que é bom exemplo o comediante Tiririca, de apelo popular por motivos alheios à vida política, mas sem capa

Tony Benett e Amy Winehouse

Vejam a grande cantora que era Amy Winehouse. A canção é Body and Soul (Corpo e Alma).

Cenas famosas de filmes clássicos - E o vento levou...

Para tocar novamente, clique ao final na seta para a esquerda ao lado da palavra EMBED Fonte: http://www.65anosdecinema.pro.br

Um senhor e uma senhora

Jornal O Estado do Maranhão   Algo o PT tem de sobra: persistência. Virtude ou defeito? Depende do ponto de vista. Para quem acredita nos valores da democracia sem adjetivos, a insistência do partido em tentar implantar no Brasil o “controle social da mídia” é ameaçadora ou, vamos dizer melhor, é doença da qual, dado o DNA estalinista e bolchevique do PT, não pode haver cura. A esperança de um milagre vem das novas tecnologias de manipulação genética. Mas, quem sabe quando elas poderão ser aplicadas nos companheiros? Para os crentes no partido como o infalível guia das massas, condutor iluminado dos povos e organizador da sociedade por meio do aparelhamento de sindicatos, empresas estatais, fundos de pensão, mensalões e crimes assemelhados, censurar críticas de gente que é “contra o povo” é virtude democrática. Contudo, quem controlaria os controladores que, como é previsível, seriam escolhidos pelo PT? Quem seria premiado com o cargo de comissário ideológico com a missão d

Pulsos sensíveis, mãos ágeis

Jornal O Estado do Maranhão Quando a Polícia Federal cumpre ordem judicial de prisão de suspeitos de cometerem crimes, os partidos políticos não se indignam. Ao contrário, aplaudem de pé e pedem bis, como ao fim do concerto ou do grande show de rock pauleira no Maracanã. Afinal, esse é certamente o desejo dos eleitores: ver bandidos algemados e encarcerados pelo resto da vida. A falta de indignação só ocorre quando o ladrão é um pé de chinelo qualquer, um reles do povo, um desclassificado, um menos igual sob a chibata dos mais iguais, como na Revolução dos bichos : “Todos os animais são iguais, mas alguns animais são mais iguais que outros.” Caro leitor, a indignação dos mesmos partidos é imensa com o uso recente de algemas em alguns malandros federais de muita pose e muitas posses. Seguindo antiga tradição brasileira, estes se distraíram e acabaram misturando seus recursos financeiros com os do governo, arrancados com voracidade de nossos bolsos de contribuintes indefesos por

Cortinas do espetáculo

Jornal O Estado do Maranhão            Eu sempre gostei do futebolês, um linguajar engraçado, imaginativo e inovador de verdade, usado pelos que trabalham com o esporte bretão : jogadores, comentaristas de rádio e televisão, treinadores, preparadores físicos, torcedores e a restante multidão das pessoas ligadas ao futebol. Muitas delas nunca deram um reles chute numa bola.            Na televisão, após a partida, o jogador, após coçar a cabeça, ajeitar o penteado esquisito, olhar à direita e à esquerda, cumprimentando quem passa, declara muito sério que o grupo , nome antigo de time deu o máximo de si para seguir a orientação do professor (este é o técnico, chamado, em Portugal, de mister ), mas que aquele não foi um dia bom. (Enquanto fala, ele pensa em obter um contrato com uma equipe da Europa, servindo também do Cazaquistão, da segunda divisão da Grécia e outros desconhecidos). O entrevistado marcou um gol na derrota de seu time e solta esta: “A bola foi cruza

Cenas famosas de filmes clássicos - Casablanca

Para tocar novamente, clique ao final na seta para a esquerda ao lado da palavra EMBED Fonte: http://www.65anosdecinema.pro.br

Prioridades - por Antonio Delfim Netto

Folha de S. Paulo , 10/8/2011 Quatro eventos recentes são exemplos de que a racionalidade que preside o processo civilizatório não está garantida: 1º) O cabo de guerra entre os republicanos e os democratas nos EUA aumentou a incerteza sobre a qualidade e a funcionalidade da administração da maior economia do mundo. Uma lamentável falta de liderança mostrou maior preocupação com interesses eleitoral-paroquiais, do que com o papel moral e material que se esperava da nação que se pretende o paradigma do regime republicano; 2º) A inacreditável tragédia norueguesa produzida pelas mãos de um demente foi instrumentalizada pela regressão do espírito civilizatório revelada no avanço do extremismo racial e religioso que, um pouco mais, um pouco menos, vem atacando todos os países; 3º) A separação que se aprofunda entre os interesses materiais de longo prazo da China e dos EUA tem grandes consequências para a estabilidade do Oriente Médio e da Ásia. O exemplo é o apoio dissimulado da China (

Amy

Jornal O Estado do Maranhão Há persistente mito na cultura de massas do mundo ocidental, essa que nos trucida diariamente com toneladas de breguice no rádio, na televisão, nas revistas de fofocas, nos tabloides britânicos e em outras mídias, bem como nos satura com os tristes espetáculos de pessoas desorientadas existencialmente, alimento da indústria de autoajuda, exemplarmente personificada na produção dos livros de Paulo Coelho e assemelhados, há um mito, eu dizia, de que o talento artístico é, relativamente a seu possuidor, uma inescapável maldição dos deuses, ditadores de sentenças como esta: te demos essa habilidade, mas exigimos retorno em termos infelicidade. Um falso pacto fáustico. O alcoolismo dos ídolos e o vício em outras drogas perigosíssimas, passam, por meio de um mecanismo de racionalização, culpabilização e de ideologização, à categoria de contestação aos "valores burgueses” e de desprezo pelos valores éticos universais de respeito à vida e valorização da ética

Eleição na AML

          A Academia Maranhense de Letras elegeu ontem Agostinho Marques para ocupar a Cadeira 5, do quadro de membros efetivos, vaga com o falecimento de Clóvis Sena. O acadêmico eleito teve 23 votos, Ana Luíza Ferro, 11 e Wilson Cerveira, nenhum. Por correspondência, votaram 22 acadêmicos, 12 compareceram à sessão de eleição e 4 se abstiveram.            Após a proclamação do resultado do pleito na sede da Academia, o presidente Benedito Buzar, na companhia de diversos membros da AML, foi à residência de Agostinho para a comunicação oficial de sua eleição, como é costumeiro naquela instituição.           O prazo de inscrição para a outra cadeira vaga na Academia, a de número 7, antes ocupada pelo saudoso Carlos de Lima, terminou esta semana. Nenhum candidato se inscreveu. Novo prazo de inscrição será aberto em sessão ordinária da Casa, na próxima quinta-feira.

Fé polonesa

Jornal O Estado do Maranhão O sentimento religioso católico é uma segunda natureza do povo polonês. Para começar a sentir-se a verdade de tal afirmação é preciso estar na Cracóvia, no dia da Festa de Corpus Christi, instituída na Igreja Católica pelo Papa Urbano IV em 1264. Em algumas regiões do Brasil, durante a festividade, as ruas por onde passam as procissões comemorativas do Corpo de Cristo, são decoradas com enormes tapetes de serragem, borra de café, farinha ou areia, com motivos religiosos.  A Polônia, porém, é um caso especial. Lá o catolicismo e o nacionalismo são inseparáveis, como se pode perceber das bonitas e imensas procissões que se realizam por todo o país. Todos participam. Ao lado de bandeiras com símbolos religiosos, de batalhões de freiras e padres, de centenas de membros de ordens religiosas, de belas imagens da Virgem Negra, podem-se ver participantes das procissões vestidos à maneira de soldados da Primeira Guerra Mundial, insígnias de guerra, estandartes co

Sem defesa

Jornal O Estado do Maranhão Há na peça de teatro Le Diable Rouge , de Antoine Rault, um diálogo entre Colbert e o cardeal Mazarino. O primeiro foi ministro das finanças Luís XIV e é o representante mais conhecido da variante do pensamento mercantilista conhecida por colbertismo ou Mercantilismo francês, que defendia o estabelecimento pelos países de uma balança comercial em permanente superávit, visando o acúmulo de metais preciosos. Mazarino, italiano de nascimento, era núncio papal em Paris quando foi convocado ao serviço do rei Luís XIII pelo cardeal Richelieu, tendo obtido então a nacionalidade francesa. Tornou-se depois primeiro ministro da França, sucedendo ao próprio Richelieu, e responsável pela educação do futuro rei Luís XIV. Pouco antes de morrer recomendou Colbert, a quem havia feito administrador de sua fortuna pessoal, a Luís XIV que fez o indicado, em 1661, ministro de Estado. Dou esses resumos biográficos a fim de mostrar que Rault, dramaturgo da nova geração francesa,