Postagens

Mostrando postagens de setembro, 2008

Supostismo

Jornal O Estado do Maranhão O leitor deve conhecer o gerundismo, praga sobre a qual falei mais de uma vez aqui. Ela é encontrada facilmente, ameaçadora, em qualquer empresa de telemarketing e em call centers de serviços de telefonia e distribuição de energia elétrica. Todo mundo um dia vai se deparar com ele: “sua reclamação sobre a constante falta de energia vai estar sendo atendida em breve”, ou “o senhor vai estar recebendo um comunicado sobre a resolução do problema”. Estrutura da língua inglesa com palavras em português, é forma de contaminação lingüística bastante danosa, porque, como afirmam especialistas no assunto, não se trata apenas da incorporação de palavras de outro idioma, normal no contato entre diferentes idiomas, mas da estrutura sintática estrangeira. O mal não tem dado sinais de diminuir o ímpeto. Ao contrário, o gerundismo, de tão comum, não chama mais a atenção. E, pior, muita gente não percebe seus próprios hábitos gerundistas e toca a usá-lo, achando-se sofi

Artur Azevedo no Centenário

Jornal O Estado do Maranhão Na próxima quinta-feira, dia 18, o professor Antônio Martins de Araújo, nascido na rua dos Afogados esquina com a do Ribeirão, bem perto do Teatro Artur Azevedo, a cujos espetáculos, sem exceção, assistiu entre cinco e treze anos de idade, fará palestra às 20 horas na Academia Maranhense de Letras, sob o tema “A Permanência de Artur Azevedo”, como parte da programação do Centenário da AML , que irá até o final do ano, e como homenagem ao centenário de morte do escritor. Não sei se o menino (sabe-se lá da imaginação das crianças) tinha especial admiração pelo grande maranhense que dá nome à Casa onde muitas vezes, garoto, eu ia assistir a filmes brasileiros – nessa época estava o teatro arrendado para uma firma comercial –, com os comediantes Oscarito, Grande Otelo e outros astros do cinema. Fato comprovado e bem conhecido é que ele veio a ser o maior especialista nacional em Artur Azevedo, ocupando presentemente cadeiras na Academia Maranhense de Letra

Cachorro, não

Jornal O Estado do Maranhão A figura de Waldick Soriano, o cantor do povão, o brega-chique, morto há poucos dias, me traz à lembrança um pedaço de minha juventude. No final dos anos sessenta e começo dos setenta ele costumava se apresentar em muitas cidades do interior do Maranhão e em São Luís. Algumas vezes, esteve no antigo Cine Monte Castelo, em prédio cuja construção acompanhei desde a escavação das valas dos alicerces, pois eu morava a poucos metros do cinema. Lembro sobretudo do final da obra, quando os operários começaram a colocar as telhas na estrutura de madeira projetadas com o fim de sustentar a cobertura. Sentado na copa da nossa casa, um bangalô de classe média típico dos anos cinqüenta, sob os olhares vigilantes de minha mãe, que não nos liberava, a mim e meus irmãos, para as brincadeiras rotineiras a menos que déssemos conta sem vacilações dos deveres escolares do dia, era possível observar, dia a dia, o progresso do trabalho. A mim os trabalhadores pareciam emp