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Mostrando postagens de outubro, 2006

Quem explica?

Jornal  O Estado do Maranhão Não é de hoje meu espanto com a fixação de certas figuras da política maranhense em José Sarney. Nada acontece no Maranhão, nenhum fenômeno ocorre, natural ou social, sem que Sarney seja invocado. Houve chuva demais ou não houve nenhuma, ventou muito ou a brisa parou de soprar? Vai ver foi Sarney. O sol queimou alguma pele sensível, a lua não apareceu, a safra quebrou, o preço subiu, a feijoada salgou? Foi Sarney. O pãozinho subiu, o café tá amargo, a manteiga rançosa? Sarney, Sarney e Sarney. Quanta homenagem! Tive a oportunidade de dizer antes e repito. Idéia fixa como essa é uma forma de admiração – sabe-se lá por meio de quais misteriosos mecanismos da complexa psicologia humana ela surge –, de mesura disfarçada, de reverência enrustida, pois a criação de demônios equivale à criação de deuses. A campanha para a eleição de hoje está cheia de exemplos. Cito apenas um. Lula veio ao Maranhão, a fim de participar de um comício de apoio à senadora Rosean

Manipulação

Jornal O Estado do Maranhão No debate da semana passada entre os candidatos a governador do Maranhão, encontrando-se de um lado a senadora Roseana Sarney e do outro o ex-prefeito de São Luís, Jackson Lago, este afirmou que 900.000 maranhenses já deixaram o Estado como resultado de dificuldades econômicas e pôs a “culpa” desse suposto êxodo no grupo Sarney, ao qual atribui com freqüência tudo que acontece no Maranhão desde 1612 ou antes. Esse antiqüíssimo discurso, tão antigo quanto as idéias dos anos cinqüenta do ex-prefeito, não deixa de ser um tributo inconsciente, pois confere aos adversários terríveis poderes, capazes de fazer José Sarney voltar séculos no tempo a fim de reescrever a história, assumindo culpas antigas de nossa formação social, se se pode colocar culpa em alguém pelo males do Maranhão em quatro séculos de história. Mas, muita gente autodenominada marxista ou socialista, adepta de interpretações grandiosas e grandiloqüentes da história, não resiste ao impulso de

Tempo de pagar

Jornal O Estado do Maranhão Começo por onde terminei na semana passada: “Se, como foi anunciado com euforia na imprensa governista, Roseana foi rejeitada por 52,8% do eleitorado, então, pelo mesmo raciocínio, Jackson o foi por 65,6%, Vidigal por 85,8% e os outros, juntos, por quase 100%”. Costumam dizer os americanos, com aquele espírito materialista, prático e realista característico deles, dando-nos a impressão de frieza e indiferença, no entanto apenas superficiais, como sabe quem teve a oportunidade de com eles conviver, que não existe almoço de graça. Tudo tem custos e preço, embora, em algumas circunstâncias eles não sejam aparentes nem pagos por quem deveria. Significa dizer que alguém mais se encarregou de fazê-lo, quem sabe um sujeito oculto, um malfeitor, um vigarista qualquer, um malandro ou um benfeitor, um filantropo, um anjo, um santo. O leitor desejará saber a relação dessas idéias com rejeição eleitoral. Em verdade tem muito. Rejeições de 65,6% e de 85,8%, têm de possu

Números falam

Jornal O Estado do Maranhão Na eleição de domingo passado para chefe do Poder Executivo do Maranhão havia uma cooperativa de três candidatos patrocinados pelo governo estadual e mais outro grupo de quatro, de partidos conhecidos como nanicos, sendo dois destes de cunho ideológico. Esse agrupamento tão heterogêneo – e aqui está a característica lamentável da campanha –, dedicou-se a atacar a candidata Roseana Sarney. Pouca ou nenhuma análise, idéia ou proposta., a não ser as delirantes, equivocadas ou simplesmente erradas. Apesar dessa conjugação de forças – ou de fraquezas, para dizer melhor, a julgar pelo resultado do primeiro turno – a senadora Roseana Sarney foi vitoriosa no Estado, com 47,21% dos votos válidos, e vitoriosa em quase todos os municípios. Ela está, desse modo, a uma distância de apenas 2,8 pontos percentuais de vencer no segundo turno. Em números absolutos, foram, aproximadamente, um milhão e trezentos mil votos contra novecentos e quarenta mil do segundo colocado

Está na hora

Jornal O Estado do Maranhão Nas eleições anteriores a esta, os showmícios e a poluição visual das peças de propaganda em outdoors e cartazes mais confundia do que esclarecia as pessoas, além de tornar os custos de campanha elevados, além do razoável. Isso irritava a maioria do eleitorado, em vez de agradá-lo, e divulgava o nome dos artistas, não as idéias dos postulantes. Chegávamos às urnas mais desinformados do que no início da disputa, surdos de tanto ruído e fartos de tantas “mensagens” bonitinhas, mas ordinárias, e sem condições de entendê-las, pelo conhecido vazio de conteúdo delas. Com as restrições impostas pela legislação, a coisa melhorou, mas nem tanto. Mesmo assim, as cidades ficaram menos barulhentas e sujas, embora não se possa dizer o mesmo de candidatos de uma categoria especial, a dos mensaleiros, sanguessugas e trambiqueiros contumazes. Isso, porém, não nos impedirá de eleger os mais bem qualificados entre os outros. É salutar ainda para a sanidade da política br