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Mostrando postagens de setembro, 2006

Pesquisas

Jornal O Estado do Maranhão   De umas eleições para cá, apareceu na arena eleitoral uma personagem mais importante do que os próprios candidatos e mais importante do que os eleitores. É a pesquisa de intenção de voto, usada pelos ameaçados de derrota nas urnas como um pau-para-toda-obra, a última garantia de que a realidade não é tão ruim como parece e nem tudo está perdido, mesmo se os fatos teimarem em se mostrar rebeldes a sonhos e fantasias. Contudo, essa é uma tábua de salvação frágil e fugidia, a exemplo de todas as esperanças nascidas da falta de opções. Sua capacidade de socorrer, na imaginação, essas pessoas, quando elas se sentem derrotadas, tem um equivalente na outra face da luta eleitoral, pois ela também serve ao propósito complementar de mostrar que a mesma realidade, quando vista de outro ângulo, favorável aos adversários, não é tão boa assim, é mera manipulação, efeito de jogo sujo, produto do desespero. Fala-se mais sobre ela, em certas rodas político-patidárias,

Sem dúvidas

Jornal O Estado do Maranhão No Maranhão existem coisas, dizem, que só acontecem aqui, levando a situações cômicas, trágicas ou tragicômicas, pelo seu inusitado e inesperado. Todas as culturas, pela própria natureza do fenômeno cultural, conforme se pode ver de sua definição como “padrões explícitos e implícitos de comportamento [...], adquiridos e transmitidos por meio de símbolos, e que constituem as realizações características de grupos humanos”, dos antropólogos A. L. Kroeber e C. Kluckhohn, têm suas peculiaridades. Devemos vê-las, portanto, com boas doses de paciência e compreensão. Há um caso, aqui em São Luís , contado com certa freqüência em algumas rodas sociais. É o do Cristo que, numa peça teatral de bairro, durante a Semana Santa, açoitado para valer, num realismo fora de hora de atlético centurião, largou a cruz, não tão pesada assim, investiu furioso contra o surpreso romano, tomou-lhe o açoite das mãos e, para divertimento da platéia, gritou: “Tu tá é no sério?”. O a

Auto-engano

Jornal O Estado do Maranhão Estive entre os dias 25 e 29 de agosto em Grajaú, cidade de rica tradição histórica, a fim de, como consultor, prosseguir no trabalho de elaboração do plano diretor de lá, acompanhando na ocasião Gustavo Marques e equipe técnica da G Marques, que também elaborou o de Barreirinhas e prepara os de São José de Ribamar e Santo Amaro. Antes de falar da atuação do prefeito Mercial Arruda, quero dar meu testemunho de um fato político interessante. Venho eu subindo, em minha caminhada matinal, das margens do rio Grajaú, na parte baixa e antiga da cidade, em direção da alta. Encontro um senhor de 70 anos, cordial como os que vivem em lugares sem violência, voz e andar ainda firmes. Renovo então o hábito de sondar os moradores a respeito de suas opiniões sobre a vida política brasileira. Depois de alguns minutos, ele, um pouco desconfiado – quem será esse sujeito de fora que fica fazendo perguntas pra gente – começa a fazer avaliações. De Lula, quando falo do mens

Os anti-Sarney

Jornal O Estado do Maranhão Em época de eleição como esta, a imaginação dos candidatos e sua ânsia por promessas impossíveis de serem cumpridas, ameaçam tornar o processo eleitoral um irretocável teatro do absurdo. Se um candidato a presidente promete a criação de dez milhões de empregos em quatro anos, o outro não fica atrás e anuncia como sua meta a geração de 12 milhões. Ou se o primeiro garante matar a fome dos pobres no primeiro ano de governo, o segundo oferece caviar a todo mundo no primeiro mês. Ninguém diz como vai cumprir as promessas e quanto elas custarão, além de palavras bonitas e vazias. O dinheiro, detalhe sem importância ao qual apenas os chatos dão atenção, já se sabe de onde virá, do magro bolso do contribuinte, sempre chamado a pagar a conta da demagogia. Exemplos de delírios como esses, convenientes para quem promete e inconvenientes para quem os ouve, típicos de temporada eleitoral, são inumeráveis. Usaríamos uma página inteira deste jornal a fim de listar pequen