2 de novembro de 2008

Ivan Junqueira na AML

Jornal O Estado do Maranhão


Passado o momento cimeiro das comemorações do Centenário da Academia Maranhense de Letras, em agosto, sem isso ter significado a ocorrência, antes ou depois desse dia, de ocasiões de diminuição do brilho das festas, ficando sempre claro a todos a importância de uma instituição que se tornou com o tempo a mais importante referência cultural no Estado, eis que a Casa de Antônio Lobo se prepara para receber um dos maiores poetas do Brasil e, certamente, o mais importante de sua geração, Ivan Junqueira. Em agosto nossa emoção veio da demonstração pelo decano da AML, José Sarney, do poder da palavra em criar realidades, trazendo naquela hora, até nós, uma magia tão concreta, quanto concreto éramos nós presentes ali, naquela hora, magia encarnada nas figuras redivivas dos doze fundadores da Casa, e tão real a recriação que, quando o orador os convocou a entrarem no salão onde as palavras de encantamento ecoavam e a conclamação aos presentes a aplaudi-los de pé era ouvida, ninguém duvidou de estar naquele salão em 1908, no momento da fundação da Academia, quando lá funcionava a Biblioteca Pública do Estado, e as palavras eram pronunciadas naquele tom solene próprio à ocasião, próximas de nossos corações, quando o orador os chamou, eu dizia, por um momento ninguém duvidou de que lá eles estavam não apenas em espírito, como de fato estavam, mas em carne e osso, reconstruídos por um instante com o pó e o nada a que o implacável tempo de tudo destruidor os havia reduzido há décadas. Agora em outubro, no próximo dia 7, sexta-feira, a poesia mais uma vez irá nos emocionar, quando Ivan Junqueira, da Academia Brasileira de Letras, carioca de nascimento, iniciar sua palestra.. Será um poeta, um grande poeta, falando de um dos maiores de todos os tempos da poesia brasileira, Gonçalves Dias, o patrono da Academia Maranhense de Letras, que foi fundada exatamente no dia 10 de agosto quando ele completava 85 anos de morte. Agora vejam isto. Junqueira nasceu exatamente no dia da morte de Gonçalves Dias, 3 de novembro. Ivan chegou a cursar Medicina, mas não terminou seus estudos, passando em seguida ao jornalismo, na Tribuna da Imprensa, Correio da Manhã, Jornal do Brasil e O Globo. Como crítico literário e ensaísta, colaborou em grandes jornais e revistas do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais e em publicações especializadas nacionais e estrangeiras, como Colóquio Letras, Revista do Brasil, Senhor, Leitura e Iberomania. Foi editor adjunto e editor executivo da revista Poesia Sempre, da Fundação Biblioteca Nacional (1993-2002), tendo sido antes, em 1998, curador do Programa de Co-Edições da Fundação, período em que foram publicados 35 títulos de autores das regiões Norte, Nordeste e Sudeste. Ocupou os cargos de Tesoureiro (2001), Secretário-Geral (2002-03) e Presidente da ABL (2004-05). Junqueira ganhou dois Prêmios Jabuti, de poesia. Em 1995, com A sagração dos ossos, e este ano, com O outro lado. Sua produção poética inclui, além desses dois livros, Os mortos (1964), Três Meditações na Corda Lírica (1977), A rainha arcaica (1979), O grifo (1986). É autor de nove livros de ensaios e de 13 traduções de grandes nomes da literatura universal, como T. S. Eliot, Marguerite Yourcenar, Jorge Luís Borges, Dylan Thomas, Proust e Baudelaire. O escritor José Castello afirma: “Junqueira é um poeta que aposta na força encantatória da poesia: herdeiro do modernismo, vê com suspeita o afã pelo novo que comove os poetas mais jovens e sabe que todo esforço de renovação deve ser, também, um empenho de purificação da língua [...]”. Mais não preciso dizer para convidar o leitor para vir à AML, na próxima sexta-feira, dia 7, para ouvir esse grande homem de letras do Brasil, em homenagem ao Centenário.

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