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Mostrando postagens de 2012

Mundo sem fim

Jornal O Estado do Maranhão           Ufa, o mundo não acabou, com ou sem calendário maia. Aquele povo era muito ruim de cálculo, o que levou suas previsões ao fracasso, ou não se entendeu bem com os deuses e com as profecias passadas por eles.           Acordo na manhã do dia fatal, esquecido de que aquele seria o último. Um mecanismo psicológico qualquer recalcara a lembrança? Não sei. Levanto e pego a bicicleta pensando em sair por aí. Desço ao térreo, checo a pressão dos pneus, o funcionamento das luzes, dos freios e do velocímetro, visto a bermuda e a camisa, calço as luvas e as sapatilhas, coloco o capacete e me considero devidamente equipado. No segundo seguinte aquele estalo: é hoje, chegou a hora. Subo de volta.            Afinal, a que horas se daria o último fenômeno cosmológico a ser visto por um ser humano? Às seis da manhã, meio dia, às seis da tarde, à meia noite? Sem pista nenhuma, dúvidas me cercaram de todas as direções. Acabaria tão somente a Terra, ou o Universo

São Paulo - Combate à Poluição Sonora

ARTUR RODRIGUES , DIEGO ZANCHETTA / TEXTO, EDUARDO ASTA, FABIO AMANO , E FABIO SALES / INFOGRAFIA - O Estado de S.Paulo  - 20/12/2012 Endurecimento da lei do silêncio e urbanização de favelas serão os principais temas da Câmara Municipal de São Paulo em 2013. Enquete feita pelo Estado com os 55 vereadores eleitos ainda mostra que a área da Educação perdeu espaço entre as prioridades da próxima legislatura. Dos 34 vereadores que responderam aos questionamentos, pelo menos dez fazem parte da "bancada do silêncio". "Quero aprovar meu projeto que proíbe carros com som alto em (lojas de) conveniência e praças públicas. Precisamos mudar o Psiu (Programa de Silêncio Urbano) para acionar a Polícia Militar para coibir os bailes funks nas madrugadas", afirmou Arselino Tatto (PT), futuro líder do governo Fernando Haddad (PT). O tema é de interesse também dos vereadores da "bancada da bala" - Conte Lopes (PTB) e coronel Alvaro Camilo (PSD). "Vou apresentar um pro

Gonzagão

Jornal O Estado do Maranhão           A maior parte da infância e juventude, eu passei ouvindo as canções de Luís Gonzaga. O gosto eclético de meu pai, da mesma geração de Gonzagão, pois era apenas um ano mais velho do que ele, o misturava a óperas, operetas, sinfonias, samba, boleros e muito mais nas modernas radiolas de então, aparelhos destinados à reprodução sonora dos antigos LPs, abreviatura derivada do inglês Long Playing, expressão para significar a reprodução de música por longo tempo, com discos que rodavam 33 vezes por minuto, em contrate com os de 78 rotações, capazes de conter apenas duas canções, uma em cada face. Radiola, vamos lembrar, adquiriu no Maranhão significado diferente. Agora tem nome, vida própria e está associada ao reggae, ritmo com origem na Jamaica (mas quase tudo no Brasil tem origem na Europa ou na África), bem do gosto popular, fazendo jus às nossas raízes africanas.           Em incontáveis manhãs de domingo, acordávamos com meu pai ouvindo, e nós

Sem assunto?

Jornal O Estado Maranhão           Há uma praga entre os cronistas, ou pelo menos a maioria deles diz haver: a falta de assunto, o computador ali mirando o potencial autor do texto, a tela branca do Word esperando o início da conversa. Quantas vezes o leitor já leu alguém confessar não saber sobre o que escrever naquele dia, como começar o texto com prazo certo de chegar ao jornal? Dezenas, por certo. Nessas ocasiões a desculpa da falta permite ao cronista escrever uma crônica inteira, exatamente a propósito da ausência de assunto. No entanto, não existe escassez mas excesso de temas.           Esta semana, o leitor já deve ter notado, há coisas demais a respeito das quais falar. Ou pelo menos assim me parece: a escolha de Felipão como o novo técnico da seleção, tendo como coordenador técnico Parreira, dois profissionais do futebol ganhadores de Copas do Mundo pelo Brasil, em 2002 e 1994; o péssimo resultado do Brasil em avaliações internacionais de sistemas de ensino num grupo de

Deu na Folha: Assessora de Lula era sua amante

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01/12/2012 - 06h15 – Folha Online Relação com Lula explica influência de ex-assessora A influência exercida pela ex-chefe do escritório da Presidência da República em São Paulo, Rosemary Noronha, no governo federal, revelada em e-mails interceptados pela operação Porto Seguro, decorre da longa relação de intimidade que ela manteve com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Rose e Lula conheceram-se em 1993. Egressa do sindicato dos bancários, ela se aproximou do petista como uma simples fã. O relacionamento dos dois começou ali, a um ano da corrida presidencial de 1994. À época, ela foi incorporada à equipe da campanha ao lado de Clara Ant, hoje auxiliar pessoal do ex-presidente. Ficaria ali até se tornar secretária de José Dirceu, no próprio partido. Marisa Letícia, a mulher do ex-presidente, jamais escondeu que não gostava da assessora do marido.  J orge Araujo - 3.jun.2009/Folhapress A ex-servidora do Planalto em SP Rosemary

Vontade política

Jornal O Estado do Maranhão            Um amigo chegou no supermercado e não encontrou o que desejava. Perguntou com o ar mais natural do mundo, certo de que o mundo não ia acabar no dia 12 de dezembro, como dizem os intérpretes de um tal de calendário maia, a um rapaz pra cima e pra baixo num patim, no tom relaxado de quem gostaria de saber se tinha sorvete de baunilha ou picolé de morango:           – Tem vontade política? Eu não encontrei. Mas só serve de 10 quilos ou mais. A pequeneninha não dá pra resolver os problemas do bairro, só vai piorar a situação com os vizinhos, gente chata que vive reclamando de tudo, eternos insatisfeitos. Eu fui na prefeitura e lá me disseram que só vai ter no próximo ano. Mesmo assim, só para os amigos do peito. À boca pequena, estão dizendo nos corredores das repartições que é mais barato prometer e depois fazer os eleitores esquecerem o assunto, inventando, sei lá, que estados vizinhos, o Piauí, o Pará, ou o Tocantins vão invadir

Reforma do Forte de Santo Antônio, na Ponta da Areia

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  DEU NO G1 MARANHÃO O bar Trapiche arrasta para seu entorno, todo fim de semana, multidões, que se concentram nas imediações do bar, localizado exatamente ao lado do forte, ameaçando o que resta da edificação. Leia a matéria abaixo do site do G1 - Maranhão. 23/11/2012 15h34 - Atualizado em 23/11/2012 15h34 Forte Santo Antônio deve ser reformado pelo Governo do Estado Prédio do século XVII hoje abriga o Grupamento do Corpo de Bombeiros. Liminar da justiça federal dá prazo de 90 dias para projeto de restauração Do G1 MA , com informações da TV Mirante Uma fortaleza construída no fim do século XVII, localizada na entrada da barra do antigo Porto de São Luís, deverá ser restaurada pelo Governo do Estado: o Forte de Santo Antônio, na praia da Ponta d´Areia. Na

Tiroteio entre frequentadores do Trapiche

FALTA DE POLICIAMENTO GERA TIROTEIO NA PONTA D’AREIA Moradores dos prédios localizados na praia da Ponta D’areia, nas proximidades do bar Trapiche, de há muito têm preteridos os seus direitos estabelecidos pela Lei do Silêncio. Na madrugada da última segunda-feira por volta das duas horas, freqüentadores do bar Trapiche decidiram ampliar as suas peregrinações etílicas, tendo para tanto acionado sons automotivos, bem em frente ao Iate Clube e nas proximidades da entrada de dois edifícios residenciais . Diante das reclamações e da ausência da policia, um dos elementos decidiu baixar as calças e mostrar o bumbum em direção aos prédios, com gestos  eróticos de fazer inveja para a  veterana Gretchen.Mais tarde , os grupos de perturbadores começaram  a discutir e logo em seguida travaram um duelo com armas de fogo, com bala para todos os lados. Apesar dos constantes conflitos no local e da violência exacerbada na cidade, a policia nunca aparece e o temor das famílias aumenta

A outra face

Jornal O Estado do Maranhão           Ouço que Gilberto Kassab, atual prefeito de São Paulo, convidou o recém-eleito, o petista Fernando Haddad, a se juntar a ele na defesa da candidatura da cidade à World Expo 2020 (Exposição Mundial 2020), na sede do Bureau Internacional das Exposições – BIE, em Paris. O encontro é realizado a cada cinco anos, desde 1851, com a participação atualmente de 160 estados-membros. O tema em 2020 será Conectando Mentes, Criando o Futuro, ocasião em que, serão apresentados, entre outros, projetos e experiências urbanos inovadores e promissores. O atual prefeito e o futuro passarão alguns dias juntos na chamada Cidade Luz. A presidente Dilma também irá.           Dito assim, sem esclarecimentos, a atitude de Kassab pode parecer tão somente uma demonstração de amadurecimento cívico, urbanidade, educação, civilidade ou qualquer coisa parecida. Pelo menos assim diriam os analistas políticos ou os famosos especialistas de TV. Eles, como se sabe, estão errad

Hemeroteca Digital Brasileira

Jornal O Estado do Maranhão           Em agosto deste ano a Biblioteca Digital Brasileira tornou disponível ao público, na internet, a Hemeroteca Nacional Digital. São mais de cinco milhões de páginas digitalizadas, de jornais, revistas, anuários e boletins brasileiros, inclusive do Maranhão. Tais periódicos estarão ao alcance de quem dispuser de conexão com a Grande Rede. O serviço proporcionará vantagens inimagináveis até pouco tempo, relativamente a pesquisas no acervo físico de bibliotecas.           Ninguém precisará pagar um centavo sequer para obter alguns dos primeiros jornais brasileiros, como o Correio Braziliense, a não ser o custo de imprimi-los em sua própria impressora. Ele precisará apenas possuir habilidades mínimas no manejo de computadores pessoais e alguma familiaridade com a internet. Naturalmente o pesquisador poderá salvar os arquivos digitais dessas publicações e reproduzi-las à vontade.           Eu imagino as dificuldades até agora postas no caminho de que

Caixa Dois?

Jornal O Estado do Maranhão           Segundo o Datafolha, 10 % dos eleitores paulistanos mudaram a intenção de voto para prefeito de São Paulo, abandonando Paulo Haddad, como resultado do julgamento do Mensalão pelo Supremo Tribunal Federal. Não sei se esse número parece pequeno aos olhos do leitor. Sei, sim, que, adicionados aos 18% atribuídos pela média das pesquisas ao candidato do PT e de Paulo Maluf, tal percentagem poderia levar Haddad ao segundo turno da eleição municipal de hoje na maior cidade do país. Se de fato irá ou não, não posso afirmar, pois não sou adivinho. Ao se considerarem esses números, não é difícil ver o erro da afirmação de alguns líderes do PT acerca da ausência de impactos do julgamento no eleitorado paulistano. Como se os eleitores não dessem importância aos acontecimentos denunciados pela Procuradoria Geral da República.           Mas, afinal, quais os fatos estabelecidos pelo STF até agora? (Escrevo na terça-feira, dia 2/10, por ter de me ausentar

Contra os comissários da ignorância

                                            Luiz Felipe Pondé, Folha de S. Paulo de 24/9/2012           O que é conservadorismo? Tratar o pensamento político conservador (“liberal-conservative”) como boçalidade da classe média é filosofia de gente que tem medo de debater ideias e gosta de séquitos babões, e não de alunos.           Proponho a leitura de “Conservative Reader” (uma antologia excelente de textos clássicos), organizada pelo filósofo Russel Kirk. Segundo Kirk, o termo começou a ser usado na França pós-revolucionária.           Edmund Burke, autor de “Reflexões sobre a Revolução na França” (ed. UnB, esgotado), no século 18, pai da tradição conservadora, nunca usou o termo. Tampouco outros três pensadores, também ancestrais da tradição, os escoceses David Hume e Adam Smith, ambos do século 18, e o francês Alexis de Tocqueville, do século 19.           Sobre este, vale elogiar o lançamento pela Record de sua biografia, “Alexis de Tocqueville: O Profeta da Democracia”, de

Degradantemente

Jornal O Estado do Maranhão           Todo mundo deve se lembrar, pois a coisa causou surpresa. Nos jardins da mansão de Paulo Maluf, com quem o PT gastou durante anos toneladas de saliva e tinta, não propriamente com o fim de elogiá-lo, mas mostrá-lo como o dragão da maldade, da desonestidade, da corrupção, da falta de escrúpulos, da cara de pau, da embromation, o representante dazelites insensíveis e exploradores dos trabalhadores, o adepto do capitalismo selvagem e voraz, nos jardins de Maluf, como eu ia dizendo – não na sede do PT ou na do partido do novo aliado –, reuniu-se este com Lula e um coadjuvante, Fernando Haddad, candidato a prefeito de São Paulo, com o fim de deixar bem claro a todos que a partir daquele dia o Partido dos Trabalhadores (representante dos explorados por seu parceiro de agora, pode-se supor da retórica petista anterior à aliança com o malufismo) e seu ex-eterno adversário passariam a seguir juntos pela vida política. E tome fotografias dos três. Er

A arte de nosso tempo

Ferreira Gullar – Folha de S. Paulo , 23/9/2012            Uma leitura possível da história das artes visuais - de que resultaram as manifestações contemporâneas - identificará a invenção da fotografia como um fator decisivo desse processo.           A crítica, de modo geral, há muito associa ao surgimento da fotografia a mudança da linguagem pictórica, de que resultou o movimento impressionista.           É uma observação pertinente, desde que se tenha o cuidado de não simplificar as coisas, ou seja, não desconhecer a existência de outros fatores que também influíram nessa mudança. Um desses fatores foi a descoberta da cor como resultante da vibração da luz sobre a superfície das coisas.            Noutras palavras, o surgimento do impressionismo -que constituiu uma ruptura radical com a concepção pictórica da época- estava latente na pintura de alguns artistas de então, como, por exemplo, Eugène Delacroix e Édouard Manet, que já anunciavam a superação de certos valores estéticos e

Os 400: ao debate

Texto publicado na revista que saiu com a edição de 8/9/2012 do jornal O Estado do Maranhão           Não é incomum, a respeito da fundação de São Luís, ouvirem-se perguntas, geralmente de naturais de outros Estados, sobre as marcas culturais deixada pelos franceses aqui, porque a cidade foi por eles fundada, raciocinam os curiosos. Nenhuma há, eu digo. Não são nem nunca foram surpreendentes questionamentos desse tipo, pois é lógico pensar assim, caso quem indague não saiba que foi de apenas três anos a presença deles nestas terras no século XVII, de 1612 a 1615. Afinal, não se pode exigir de não maranhenses esse conhecimento, a não ser que se trate de um especialista no estudo da história ou de pessoas bem informadas. Muitos maranhenses também se surpreendem com tão curto período!           Houve de fato grande influência da França no Maranhão, mas apenas a partir do século XIX, como houve em todo o Brasil na literatura, nas artes plásticas, na música clássica e em várias outras áre

Mais, não menos eleições

                                                                 Jornal O Estado do Maranhão                        Ouvem-se muito por aí reclamações contra suposto número excessivo de eleições no Brasil, atualmente realizadas de dois em dois anos, alternando-se as municipais, para a seleção de prefeitos e vereadores, com as estaduais e nacionais, destinadas à escolha do presidente da República, deputados estaduais e federais e senadores da República. Vê-se aí que a separação eleitoral não segue a linha dos Poderes Executivo e Legislativo, com pleitos para todos os cargos do primeiro em determinado ano e do segundo daí a dois, pois isso provocaria um desalinhamento indesejado e indesejável entre os mandatos de um e de outro. No início da segunda metade de seu governo, o chefe do Executivo – municipal, estadual ou federal –, teria de renegociar todas as composições políticas com os partidos, apenas dois anos depois de tê-lo feito, no início do mandato, com todos os custos associados a