Gato na Caixa
Jornal O Estado do Maranhão Quando Collor governava o Brasil e acusações de desonestidade contra seu governo cresciam dia a dia, o testemunho de um motorista tornou-se decisivo no processo de impeachment que resultaria no afastamento do presidente. Aquele homem simples foi saudado como a encarnação de todas as virtudes do povo. O PT quase o canonizou, deixando de fazê-lo porque o partido não dispunha ainda de um papa, como hoje, embora já fosse uma igreja de confusos ritos, como o de fazer intermináveis assembléias e reuniões a troco de tudo e de nada. Tínhamos naquela hora a impressão de estar diante de um daqueles operários-padrão retratados na arte realista do socialismo soviético, com bandeiras trêmulas ao vento, olhar rútilo em direção ao futuro e inimigos da revolução subjugados aos pés do herói proletário. Imagem cultivada ainda hoje pela fantasia de algumas pessoas politicamente corretas, como as que resolveram nos últimos tempos modificar as letras das cantigas de roda ou de