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Mostrando postagens de setembro, 2002

O ano-sousândrade

Jornal O Estado do Maranhão Joaquim de Sousa Andrade, Sousândrade, morreu em 21 de abril de 1902. Completam-se agora, portanto, cem anos de sua morte, motivo mais do que suficiente e justo para a Academia Maranhense de Letras considerar este 2002, como o fez, o Ano-Sousândrade. A Academia, como parte dos eventos que vem realizando nos últimos meses em homenagem a Sousândrade, realizou uma sessão especial em seu auditório, na última quinta-feira, dia 26, a fim de lançar, junto com a Gerência de Desenvolvimento Humano do Estado e com a de Desenvolvimento Regional de São Luís, o Concurso Ano-Sousândrade e um livro do professor Sebastião Moreira Duarte, acadêmico, ocupante da cadeira n o. 1, fundada por Barbosa de Godois. O concurso destina-se aos alunos da rede pública estadual do ensino médio da Grande São Luís, englobando os municípios de São Luís, São José de Ribamar, Raposa e Paço do Lumiar. O melhor trabalho de cada unidade de ensino, e, no geral, os dez melhores, que poderão aborda

O craque gojoba

Jornal O Estado do Maranhão Pergunta-me um leitor a razão de eu, tendo algumas vezes escrito sobre futebol, especialmente durante a última Copa do Mundo, vencida pela quinta vez pelo Brasil, nunca ter feito uma única e escassa referência ao futebol maranhense. Paro, penso e chego a uma conclusão. Não tendo nada de positivo para dele dizer, preferi calar. Tinha optado por não me manifestar sobre uma situação de completa decadência futebolística, como a que se observa em nosso Estado. Mas, devo dizer também, que esse silêncio foi, em certo grau, inconsciente, como agora percebo. Sei, todos bem sabem, da impossibilidade de exigir-se de nosso futebol desempenho comparável ao dos Estados mais ricos. Seria fora de propósito tomarmos como referência São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e outros Estados do Sul e Sudeste. A diferença, em termos, principalmente, de nível de renda, é grande. Tira-nos qualquer possibilidade de competir com eles, com chances mínimas de sucesso. A questão é, em g

Retórica insustentável

Jornal O Estado do Maranhão Em outubro de 2001, escrevi um artigo, aqui em O Estado do Maranhão , falando sobre o conceito de desenvolvimento sustentável e sua gradativa aceitação, por parte dos governos, no mundo todo. Eu terminei dizendo que haveria um encontro neste ano de 2002, em Johannesburg, África do Sul, a fim de avaliar o progresso alcançado na sua incorporação às políticas públicas, nos dez anos entre 1992 e 2002, e marcar a realização da Rio-92. “Será a hora de os países apresentarem os resultados de suas políticas para a implantação do desenvolvimento sustentável. Era para valer ou tratava-se de retórica, apenas?”. Agora, com o término do encontro, chamado Rio +10, realizado entre os dias 26 de agosto e 4 de setembro, julgamentos de seus resultados estão sendo feitos e continuarão a sê-lo durante algum tempo. É preciso levar-se em conta, nas avaliações, que o conceito de desenvolvimento sustentável incluiu a idéia de diminuição da pobreza e das desigualdades econômica e so

Bandeira Tribuzi

Jornal O Estado do Maranhão Há dias vinha eu pensando sobre os vinte e cinco anos da morte, completados hoje, do grande poeta Bandeira Tribuzi. De repente, uma coincidência, outro nome dado às tramas do destino, interpôs-se entre mim e algumas recordações da época em que nós dois fomos companheiros de trabalho no Banco de Desenvolvimento do Maranhão. Essa trama, atirou-me às mãos, aparentemente por acaso, mas, verdadeiramente, por desígnio anterior à luz e ao tempo, pelas mãos de Fernando Silva, justamente uma fotografia do pai de Tribuzi, Joaquim Pinheiro Ferreira Gomes, de 1946, tirada em São Martinho de Gândara, freguesia do Concelho de Oliveira de Azemeis. Naquele tempo, o poeta estudava em Portugal. Seu pai, durante muitos anos um importante comerciante português em São Luís, da firma Pinheiro Gomes & Cia, aparece na foto ladeado pelo pai de Fernando, Adelino Silva, por Antônio Borges, outro comerciante português do Maranhão, e por um cunhado deste, João Baptista Neves de Oliv

As valois

Jornal O Estado do Maranhão A gente pegava o ônibus a pouca distância de nossa casa, defronte do Senai, perto do Cine Monte Castelo, no bairro do mesmo nome. Íamos em nossos uniformes com as letras ST, iniciais de Santa Terezinha, escola das irmãs Valois, bordadas no bolso esquerdo da camisa branca de mangas curtas. O percurso, de pouco mais de mil metros, até lá, na esquina da avenida Getúlio Vargas com uma rua que leva ao bairro do Matadouro, hoje Liberdade, parecia uma longa jornada. Os ônibus, quase sempre cheios, principalmente de comerciários rumo ao centro da cidade, e de pacatos funcionários públicos, eram lentos, velhos e maltratados. Eram, porém, os únicos coletivos da pequena cidade, em que poucas pessoas possuíam automóvel, coisa de gente rica. Os cobradores permaneciam em um incessante ir e voltar da parte dianteira à traseira do ônibus, sacudindo moedas enfileiradas na palma da mão voltada para cima, em um tilintar até hoje em meus ouvidos, chamando os passageiros ao paga