7 de dezembro de 2008

Doze Livros

Jornal O Estado do Maranhão

Estes são os livros e seus autores: Fundação do Maranhão, Ribeiro do Amaral; Silhuetas, Domingos Barbosa; Coisas da vida, Alfredo de Assis Castro; História do Maranhão, Barbosa de Godóis; Por onde Deus não andou, Godofredo Viana; Harpas de fogo, Corrêa de Araújo; O Palácio das Lágrimas, Clodoaldo Freitas; Missas negras, Inácio Xavier de Carvalho; Natal, Astolfo Marques; Os Novos Atenienses, Antônio Lobo; Poesias, Armando Vieira da Silva; O Maranhão: subsídios históricos e corográficos, Fran Paxeco. São esses os doze livros a serem lançados depois de amanhã, às 19 horas, na Academia Maranhense de Letras. São livros, esses, dos doze fundadores da Academia, centenária desde 10 de agosto deste ano. Perguntaram-me uma vez se não seria uma forma de criar mitos as homenagens aos fundadores. Afinal, o decano da Casa prestou-lhes especial reverência em agosto, quando os fez entrar solenemente, como todos viram – para dar provas de que eles continuavam vivos entre nós –, pelo corredor central do auditório da Academia, no seu prédio à rua da Paz, onde ela foi fundada a dez de agosto. Ali, naquele ano de 1908, era o local onde funcionava a Biblioteca Pública do Estado. Mais tarde, 31 anos depois, ele foi doado à Academia, sendo governador do Estado Sebastião Archer da Silva. Seu influente secretário-geral era Clodoaldo Cardoso, então presidente da Academia. Muito há de ter ele influenciado nessa decisão. Seja criação de mito. Melhor, aliás, que assim seja, pois os povos se afirmam como tal por meio de seus mitos fundadores. Eu prefiro o “Independência ou Morte”, a qualquer declaração burocrática de separação entre metrópole e colônia. É mais heróica e cria a imagem de nobreza de princípios. As virtudes romanas exaltadas por Tito Lívio ao escrever a famosa história de Roma não são menos reais do que as que por acaso eles de fato possuíssem. E o “Fico”? É mais bonito o “Diga ao Povo que Fico” do que a fria narrativa de acordos políticos de bastidores, feitos ao sabor de interesses governados pelo torpe metal. Mito ou não, Os Doze fundaram de fato uma instituição agora centenária e com isso deram relevante contribuição à vida cultural do Estado. Quantas existem dedicadas à cultura que tenham esse tempo de vida e com tanto prestígio? A coleção dos livros desses pioneiros tem dupla importância. Primeiro, o público interessado e, em particular, o historiador da cultura terão acesso imediato a esse conjunto de obras do final do século XIX e princípio do XX, representativas do ambiente cultural da época, que lutava com determinação contra as conseqüências da crise econômica do Estado, vinda das décadas anteriores. Eram, até agora, de difícil acesso, pela sua raridade. A partir de terça-feira, estarão à disposição de todos. Segundo, as obras têm importância por si mesmas. Romance, conto, poesia, história, inclusive literária, perfis biográficos, eis o conteúdo formal desse conjunto, a envolver qualidades estéticas inegáveis. Faço menção especial à parceria da Academia Maranhense de Letras com a Universidade Estadual do Maranhão. Desde o início das discussões acerca da possibilidade de as duas instituições tornarem efetiva a essa homenagem aos Fundadores, o reitor José Augusto Oliveira abraçou com entusiasmo a idéia. Daí por diante, com a colaboração do acadêmico Marialva Mont’Alverne Frota, também professor da Uema, e a competente e experiente direção editorial de Jomar Moraes, que elaborou notas e apreciações críticas sobre os autores e deles traçou os perfis biográficos, os trabalhos decorreram com poucos percalços. Como dissemos, eu e o reitor, na apresentação dos volumes: “A Academia e a Universidade estão orgulhosas desta realização em benefício das legítimas tradições culturais do Maranhão”.

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