30 de novembro de 2008

Caminhos da Educação

Jorna O Estado do Maranhão

Mais de uma vez fiz aqui comentários sobre problemas da Universidade brasileira. Minha preocupação com o assunto deriva da evidência de que a qualidade do sistema educacional de um país, em todos os níveis, é fator importante, quando estruturado em padrão de excelência, ao seu desenvolvimento. Os países do chamado Primeiro Mundo não têm bons sistemas educacionais pela razão de serem ricos. Ao contrário, são ricos porque os criaram desde o início de sua história moderna, como pré-requisito para o aumento da produtividade de sua mão de obra e riqueza e para seu desenvolvimento cultural, de tal maneira a gerar um círculo virtuoso cujos vetores são educação e crescimento a se reforçarem permanentemente. Nenhum povo pode aspirar ao respeito e admiração dos outros se não alcançar níveis educacionais desenhados com o fim da eliminação da pobreza e da degradação humanas. Entre as patologias que tenho apontado, está o paralisante assembleísmo. Tudo que não passar por infinitas e tediosamente longas assembléias, cuja representatividade quase nunca pode ser demonstrada e quase sempre representa apenas o ponto de vista de uma minoria barulhenta, embora semi-letrada, com suas palavras de ordem dinossáuricas, é classificado como autoritarismo e neoliberalismo, insulto máximo aos adversários na avaliação de setores auto-intitulados progressistas. Conselhos e mais conselhos vão acrescentando camadas de instâncias decisórias. Após certo ponto, provocam a paralisia de ação. Agora, vejo entrevista da professora Eunice Durham, ex-secretária de política educacional do Ministério da Educação e, atualmente, pesquisadora do Núcleo de Pesquisa de Políticas Públicas, da Universidade de São Paulo – USP. Ao analisar as diretrizes oficiais – repito, diretrizes oficiais – para os cursos de pedagogia ministrados pelas universidades brasileiras, ela verificou que entre 14 artigos e 38 incisos apenas dois itens têm alguma relação com o trabalho do professor na sala de aula. Na dia a dia, dessa orientação resulta que nos cursos pouco se dá atenção à formação prática dos futuros professores. “Em vez de aprenderem a dar aulas, os aspirantes a professor são expostos a uma coleção de jargões. Tudo precisa ser democrático, participativo, dialógico e, naturalmente, decidido em assembléia”. Os recém-formados, quando iniciam a carreira, adotam os bordões a que foram submetidos durante anos. Do não-ensino, só pode resultar o não-aprendizado. Esse, o perfil dos professores que nossa Universidade vem formando. Perguntarão os leitores se os próprios professores não se percebem como parte do problema da qualidade do ensino no Brasil, que tem, é bom dizer, mais de uma causa. Além da má formação, por cujo aperfeiçoamento não se tem notícia de greves de meses e meses, o absenteísmo é pandemia nacional nas escolas públicas. Naturalmente, os sindicatos fecham os olhos a isso, preferindo colocar toda a culpa no governo e nos baixos salários. Coisas do corporativismo. O professor falta em média um mês de trabalho por ano, mesmo em áreas sem problemas de segurança, e não sofrem um centavo de desconto em seu salário por não cumprir suas obrigações nem ameaça de demissão. Entre as urgências reformistas tão evidentes no Brasil, a maior é a da reforma educacional. O país se afogará num mar de incompetência cultural, social e econômica se nada de sério for feito logo. A história mostra que sem a base educacional não é possível deixar a pobreza no passado. A resolução dos problemas de ordem material de uma sociedade é a primeira condição para se alcançar uma sociedade não apenas próspera, mas feliz, qualquer que seja o significado atribuído a esta palavra, sintetizadora do sentido de viver. O caminho está dado.

23 de novembro de 2008

Federação de Academias

Jornal O Estado do Maranhão

Em prosseguimento das comemorações do Centenário de fundação da Academia Maranhense de Letras, será lançada na próxima sexta-feira, dia 28, no auditório da AML, a Federação das Academia de Letras do Maranhão. A nova instituição já se fazia tardar, pois não é de hoje que a idéia circula entre acadêmicos e pessoas ligadas à vida literária do Maranhão. É natural que instituições dedicadas aos mesmos fins, neste caso, o da defesa e preservação das tradições culturais do estado e dos municípios, se unam. É o que está para acontecer. Existem, hoje, no Maranhão, 22 academias de letras: Imperatrizense de Letras; Açailandense de Letras; Sambentuense; de Letras, História e Ecologia da Região Integrada de Pastos Bons; Bacabalense de Letras; Pedreirense de Letras; Arariense-Vitoriense de Letras; Maranhense de Letras Jurídicas; Barreirinhense de Letras; Grajauense de Letras; Maranhense de Medicina; Pinheirense de Letras, Artes e Ciências; Vianense de Letras; Anajatubense de Letras; Caxiense de Letras; Brejense de Artes e Letras; Barra-Cordense de Letras; Cururupuense de Letras; Letras, Ciências e Ecologia do Leste Maranhense (sede em Timon); Maçônica Maranhense de Letras; Atheniense de Letras e Artes (sede em São Luís); Letras de Tutóia. Acrescentemos a essas a Academia Maranhense de Ciência, quer foi instalada este ano em solenidade na Academia Maranhense de Letras. São 23 no total, quantidade que torna viável a criação de uma Federação. Dessa união, deve-se esperar um alargamento do nosso mundo cultural. Posso apontar duas razões, pelo menos, justificadoras dessa afirmativa. Uma, de natureza material. Falo das facilidades que o novo órgão poderá criar na captação de recursos para projetos de toda ordem, direcionados ao fortalecimento de seus filiados. Como é bem conhecido, o respaldo de uma entidade como essa é de grande importância na liberação de recursos por entidades públicas atuantes na área cultural. Imaginemos, como exemplo, que as academias desejem modernizar suas práticas administrativas e, para tal fim, planejem investir na informatização, entendida não apenas como a compra de computadores e seus periféricos, mas também o treinamento de pessoal capaz de operá-los com eficiência. Um projeto voltado para as necessidades de todas, não apenas de alguns, elaborado com regras de participação previamente acordadas, por equipe de técnicos adequadamente capacitados, que é de se supor não estarem disponíveis em todas as sedes das academias, teria mais chance de sucesso com respeito a seu pleito do que projetos isolados e menores. Na fase de implantação e depois, ele tornaria mais fácil a troca de informações de ordem técnica entre os membros desse consórcio. Quem, sozinho, tivesse dificuldades nessa área, estaria apto a superá-las com a atuação conjunta. A outra razão é de ordem cultural. A existência da Federação tornará mais fácil o contato e troca de experiências entre as academias. Os benefícios que daí advirão são múltiplos. Ciclos de palestras, programas editoriais, concursos literários, pesquisas em fontes importantes para a história literária do Maranhão e dos municípios e diversas outras atividades poderão ser mais facilmente realizadas, com a participação das entidades filiadas, num processo de enriquecimento coletivo que de outra forma alcançaria um número limitado delas. Em suma, informações sobre os trabalhos de cada uma estarão disponíveis com rapidez para as outras, criando sinergia altamente positiva entre elas. A Academia Maranhense de Letras tem orgulho, como catalisadora de vontades e sonhos, de se parte do processo de criação da nova instituição. A Federação é de todos e de todos continuará a ser, graças ao profícuo trabalho que irá desempenhar daqui por diante.

16 de novembro de 2008

Cadernos e Dicionários

Jornal O Estado do Maranhão

Neste ano do Centenário de morte de Machado de Assis, muitas homenagens lhe foram prestadas. Uma delas, a exposição Machado de Assis: cem anos de uma cartografia inacabada, que teve como curador o poeta Marcho Lucchesi. Ele proferiu palestra sobre a Divina Comédia, de Dante, na Academia Maranhense de Letras em junho passado, como parte da programação do Centenário da Casa de Antônio Lobo. A iniciativa da exposição foi da Fundação Biblioteca Nacional.Ela possui diversos documentos do escritor carioca, como cartas, fotografias e artigos de jornal, a serem reunidos num livro, a Machadiana da Biblioteca Nacional, e lançará também uma edição fac-similar dos 19 números do jornal O Espelho, de Francisco Eleutério de Souza, em que Machado contribuiu regularmente, bem como o livro Pareceres do Conservatório Dramático Brasileiro, órgão para o qual Machado redigiu pareceres críticos sobre peças que deveriam ser encenadas. Em compasso com esse trabalho de alta qualidade, duas publicações devem ser mencionadas, tanto pela forma como pelo conteúdo. Uma é a edição especial dos Cadernos de Literatura Brasileira, do Instituto Moreira Salles, contendo em volume único dedicado a Machado os números 23 e 24, deste ano. Lá se pode encontrar a cronologia de Machado de Assis, publicada em 1958 na Revista do Livro e elaborada por J. Galante de Sousa, autor da importante Bibliografia de Machado de Assis (1955). À vista das pesquisas posteriores à publicação original do trabalho na Revista, em especial as de Gondin da Fonseca, Jean-Michel Massa e Raimundo Magalhães Júnior, a cronologia foi revisada e atualizada por Hélio Seixas Guimarães, autor do excelente Os leitores de Machado de Assis (2008), dando-nos uma visão atualizada de sua vida. Na seção de ensaios, encontramos conceituados estudiosos, como Alfredo Bosi, John Gledson, Lúcia Granja e o próprio Hélio Guimarães, este com uma avaliação crítica das diversas linhas teóricas desenvolvidas em torno da produção machadiana. Na seção Confluências, Carlos Heitor Cony, Antônio Cândido e Marcelo Coelho. Pode-se ver também um belo ensaio fotográfico sobre o Rio de Janeiro da época de Machado. De interesse para os pesquisadores é o levantamento de obras de Machado e sobre ele.A partir de uma seleção dos itens mais relevantes das bibliografias de Galante de Sousa, Jean-Michel Massa e Ubiratan Machado, o trabalho atualiza até este ano as referências sobre o escritor e chega a listar fontes como revistas e publicações eletrônicas, bem como adaptações para cinema, vídeo, televisão, teatro, dança, rádio, ópera e histórias em quadrinhos, fornecendo, ainda, o endereço dos sítios na internet dedicados a Machado. Publicação indispensável ao pesquisador. A outra publicação é o Dicionário de Machado de Assis, com dois mil verbetes, feito sob a chancela editorial da Academia Brasileira de Letras, e elaborado por Ubiratan Machado, autor da Bibliografia machadiana, 1959-2003 (2005). O prefácio é do presidente da ABL, Cícero Sandroni, que também participou das festividades do Centenário, durante sessão magna em agosto, que assinalou a data de fundação da Academia Maranhense, quando o decano José Sarney, fez uma palestra sobre a história da Casa e seus grandes vultos. Edição de luxo com capa dura e sobrecapa, será daqui por diante permanente fonte de pesquisa. Evidente é a utilidade do livro: em vez de termos de procurar em diversas fontes detalhes biográficos da vida do escritor, teremos agora, numa local apenas, todas as informações, o estado da arte com referência a ele. Não foi incluído no Dicionário, em acertada decisão, o levantamento das personagens das obras de ficção, porque isso foi feito anteriormente por Francisco Pati, no Dicionário de Machado de Assis (1958).

9 de novembro de 2008

Colégio de Obama

Jornal O Estado do Maranhão

Os Estados Unidos da América, ou simplesmente América, como os americanos gostam de se referir ao próprio país, são realmente um país extraordinário. Eles têm incrível capacidade de se reno-var, de se refundar. Há somente pouco mais de vinte anos, quando tive a oportunidade de concluir lá os cursos de mestrado e doutorado em economia, depois de uma temporada de cinco anos ininterruptos, não ocorria a ninguém a idéia de um negro ser eleito presidente da República. No entanto, Barak Obama, negro e filho de emigrante do Quênia, tendo vivido também na Indonésia, país de maioria muçulmana, agora é o presidente eleito da nação mais poderosa do mundo.
Grande já era, por ocasião de minha estada naquele país, o progresso dos direitos civis da população negra. No governo do presidente Lyndon Johnson, em 1964, com a promulgação do Civil Rights Act, Lei dos Direitos Civis, mudou-se a vergonhosa situação anterior. A Suprema Corte dos Estados Unidos, por exemplo, desde 1896, havia dado liberdade aos estados para impor legislação segregacionista e eles as impunham. Houve época em que os negros eram obrigados, por lei, a andar na parte de trás dos ônibus, deixando a da frente à disposição dos brancos. Nada indicava que hoje, meros 25 anos depois de minha volta para o Brasil, seria possível acontecer o que aconteceu na última terça-feira, com a eleição de Obama. A América merece a admiração do mundo, até dos esquerdistas primários, especialistas em “fazer uma colocação” contra o demônio ianque.
Perguntam-me leitores como surgiu o Colégio Eleitoral, que tem a função de eleger o presidente. Com o fim de responder, é preciso ir à história americana. As 13 colônias da costa leste da América do Norte conquistaram independência da Inglaterra em 1776. Exceto pelos Artigos da Confederação, tão-só um esboço de constituição, em vigor a partir de 1781, cinco anos, portanto, depois da separação da Inglaterra, nada havia que as unisse institucionalmente. Além disso, elas retificaram a Constituição em vigor até hoje apenas em 1789, ano da revolução Francesa e 13 anos após a independência. Este período testemunhou a existência de um Congresso fraco, como a única autoridade comum, a ausência de um Poder Executivo federal e outras dificuldades com origem no desejo de autonomia das ex-colônias. Havia tensão entre as aspirações autonômicas delas e a necessidade de um governo central com um mínimo de força capaz de mobilizar os recursos da nova nação para a adoção de medidas de interesse de todos.
No modelo adotado com o advento da Constituição, implantada sob influência dos federalistas Alexandre Hamilton, James Madison e John Jay, o presidente da nova república deveria ser eleito por um colegiado ao qual os estados enviariam representantes, eleitos, estes sim, diretamente pelo povo. Tratava-se de consolidar a federação, através da criação de um executivo federal forte, e, ao mesmo tempo, manter a autonomia dos membros. Estes, não o conjunto da população do entes federados, elegeriam o presidente, através de delegados.
O sistema não causaria divergência entre o resultado obtido pela soma dos votos populares de todo o país e o resultado do colégio eleitoral se não tivesse prevalecido ao longo do tempo a regra de o candidato a presidente ficar com todos os delegados onde ele obtiver a maioria dos votos populares, mesmo que por apenas um voto (sistema winner-take-all, o vencedor leva tudo). A alternativa seria uma divisão dos delegados, proporcional ao número de votos de cada candidato nos estados. Mas, nesse casso, o povo elegeria diretamente o presidente, contrariando o princípio da eleição pelos membros federados, que permitiu a criação da União ou, mais propriamente, dos Estados Unidos da América.
Essa, a história.

2 de novembro de 2008

Ivan Junqueira na AML

Jornal O Estado do Maranhão


Passado o momento cimeiro das comemorações do Centenário da Academia Maranhense de Letras, em agosto, sem isso ter significado a ocorrência, antes ou depois desse dia, de ocasiões de diminuição do brilho das festas, ficando sempre claro a todos a importância de uma instituição que se tornou com o tempo a mais importante referência cultural no Estado, eis que a Casa de Antônio Lobo se prepara para receber um dos maiores poetas do Brasil e, certamente, o mais importante de sua geração, Ivan Junqueira. Em agosto nossa emoção veio da demonstração pelo decano da AML, José Sarney, do poder da palavra em criar realidades, trazendo naquela hora, até nós, uma magia tão concreta, quanto concreto éramos nós presentes ali, naquela hora, magia encarnada nas figuras redivivas dos doze fundadores da Casa, e tão real a recriação que, quando o orador os convocou a entrarem no salão onde as palavras de encantamento ecoavam e a conclamação aos presentes a aplaudi-los de pé era ouvida, ninguém duvidou de estar naquele salão em 1908, no momento da fundação da Academia, quando lá funcionava a Biblioteca Pública do Estado, e as palavras eram pronunciadas naquele tom solene próprio à ocasião, próximas de nossos corações, quando o orador os chamou, eu dizia, por um momento ninguém duvidou de que lá eles estavam não apenas em espírito, como de fato estavam, mas em carne e osso, reconstruídos por um instante com o pó e o nada a que o implacável tempo de tudo destruidor os havia reduzido há décadas. Agora em outubro, no próximo dia 7, sexta-feira, a poesia mais uma vez irá nos emocionar, quando Ivan Junqueira, da Academia Brasileira de Letras, carioca de nascimento, iniciar sua palestra.. Será um poeta, um grande poeta, falando de um dos maiores de todos os tempos da poesia brasileira, Gonçalves Dias, o patrono da Academia Maranhense de Letras, que foi fundada exatamente no dia 10 de agosto quando ele completava 85 anos de morte. Agora vejam isto. Junqueira nasceu exatamente no dia da morte de Gonçalves Dias, 3 de novembro. Ivan chegou a cursar Medicina, mas não terminou seus estudos, passando em seguida ao jornalismo, na Tribuna da Imprensa, Correio da Manhã, Jornal do Brasil e O Globo. Como crítico literário e ensaísta, colaborou em grandes jornais e revistas do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais e em publicações especializadas nacionais e estrangeiras, como Colóquio Letras, Revista do Brasil, Senhor, Leitura e Iberomania. Foi editor adjunto e editor executivo da revista Poesia Sempre, da Fundação Biblioteca Nacional (1993-2002), tendo sido antes, em 1998, curador do Programa de Co-Edições da Fundação, período em que foram publicados 35 títulos de autores das regiões Norte, Nordeste e Sudeste. Ocupou os cargos de Tesoureiro (2001), Secretário-Geral (2002-03) e Presidente da ABL (2004-05). Junqueira ganhou dois Prêmios Jabuti, de poesia. Em 1995, com A sagração dos ossos, e este ano, com O outro lado. Sua produção poética inclui, além desses dois livros, Os mortos (1964), Três Meditações na Corda Lírica (1977), A rainha arcaica (1979), O grifo (1986). É autor de nove livros de ensaios e de 13 traduções de grandes nomes da literatura universal, como T. S. Eliot, Marguerite Yourcenar, Jorge Luís Borges, Dylan Thomas, Proust e Baudelaire. O escritor José Castello afirma: “Junqueira é um poeta que aposta na força encantatória da poesia: herdeiro do modernismo, vê com suspeita o afã pelo novo que comove os poetas mais jovens e sabe que todo esforço de renovação deve ser, também, um empenho de purificação da língua [...]”. Mais não preciso dizer para convidar o leitor para vir à AML, na próxima sexta-feira, dia 7, para ouvir esse grande homem de letras do Brasil, em homenagem ao Centenário.

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