Postagens

Mostrando postagens de 2008

Cem Anos

Jornal O Estado do Maranhão Cem anos. Um quase imperceptível pulsar do tempo medido pela eternidade do infinito universo. Um nada. Cem anos. Uma eternidade na escala do breve viver humano. Tempo mais longo, para a maioria de nós, do que aquele durante o qual podemos caminhar, com nossas angústias, paixões, ódios e amores, egoísmo e generosidade, utopias e ceticismo, por nosso microscópico planeta de uma pequena estrela perdida na periferia da Via Lactea. Tempo suficiente para construir uma obra que irá durar, em anos, muitas vezes cem, a iluminar a imensidão interior (o infinito maior é o próprio homem, Tribuzi nos diz) de cada um de nós e nossos sucessores. Celebramos os primeiros cem anos da Academia Maranhense de Letras , de muitos outros que nossos filhos e netos irão celebrar. Parte de uma série infinita no porvir, esta comemoração, dirigida pela Diretoria que tive a honra de presidir, composta, além de mim, por José Maria Cabral Marques, Jomar Moraes, José Chagas, Laura Amé

Medalhas do Centenário

Jornal O Estado do Maranhão Encerram-se amanhã as atividades da Academia Maranhense de Letras neste ano da graça de 2008, em que comemoramos o Centenário de sua fundação. Digo comemoramos porque a data não foi unicamente comemorada pela Academia, mas pela Casa e pelos maranhenses juntos. Pois de forma diferente desta não se pode interpretar a maré enchente de apoio, material ou não, que recebemos durante todo o ano, de todos os segmentos da sociedade. Órgãos públicos, do Estado e do município de São Luís, empresas privadas, pessoas físicas. Em todas as ocasiões, quando perceberam a necessidade de encontrar solução rápida para obstáculos com potencial de frustrar a realização de um determinado evento comemorativo, eles prontamente concorreram para afastá-los. É prova, tal resposta, do prestígio da Academia, da confiança geral em sua capacidade de bem administrar e do respeito pela sua história. Devo alertar o leitor com respeito às dificuldades iniciais, quando assumimos a Diretor

Livros e Livros

Jornal O Estado do Maranhão Depois da marcante noite do lançamento, em parceria com a Uema , de doze livros dos fundadores da Academia Maranhense de Letras , na terça-feira da semana passada, dia 9, tivemos dois dias depois, na quinta-feira, dia 11, erudita, concorrida, emocionante e emocionada palestra do acadêmico Alberto Tavares Vieira da Silva, no encerramento do ciclo de palestras do Centenário. Ele confirmou seu conceito de grande conhecedor da obra do Padre Antônio Vieira e de palestrante seguro, com pleno domínio dos assuntos de que trata. O ciclo começou com o embaixador Vasco Mariz. Ele discorreu, ainda no início do ano, sobre a fundação de São Luís. A seguir a professora Andréa Daher, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, fez uma apresentação acerca das missões religiosas francesas e portuguesas no Maranhão, nos primórdios da colonização, comparando o trabalho das duas sob o ponto de vista do discurso sobre a catequese. Depois, Marco Lucchesi, poeta, ensaísta e t

Doze Livros

Jornal O Estado do Maranhão Estes são os livros e seus autores: Fundação do Maranhão , Ribeiro do Amaral; Silhuetas , Domingos Barbosa; Coisas da vida , Alfredo de Assis Castro; História do Maranhão , Barbosa de Godóis; Por onde Deus não andou , Godofredo Viana; Harpas de fogo , Corrêa de Araújo; O Palácio das Lágrimas , Clodoaldo Freitas; Missas negras , Inácio Xavier de Carvalho; Natal , Astolfo Marques; Os Novos Atenienses , Antônio Lobo; Poesias , Armando Vieira da Silva; O Maranhão: subsídios históricos e corográficos , Fran Paxeco. São esses os doze livros a serem lançados depois de amanhã, às 19 horas, na Academia Maranhense de Letras. São livros, esses, dos doze fundadores da Academia , centenária desde 10 de agosto deste ano. Perguntaram-me uma vez se não seria uma forma de criar mitos as homenagens aos fundadores. Afinal, o decano da Casa prestou-lhes especial reverência em agosto, quando os fez entrar solenemente, como todos viram – para dar provas de que eles continuav

Caminhos da Educação

Jorna O Estado do Maranhão Mais de uma vez fiz aqui comentários sobre problemas da Universidade brasileira. Minha preocupação com o assunto deriva da evidência de que a qualidade do sistema educacional de um país, em todos os níveis, é fator importante, quando estruturado em padrão de excelência, ao seu desenvolvimento. Os países do chamado Primeiro Mundo não têm bons sistemas educacionais pela razão de serem ricos. Ao contrário, são ricos porque os criaram desde o início de sua história moderna, como pré-requisito para o aumento da produtividade de sua mão de obra e riqueza e para seu desenvolvimento cultural, de tal maneira a gerar um círculo virtuoso cujos vetores são educação e crescimento a se reforçarem permanentemente. Nenhum povo pode aspirar ao respeito e admiração dos outros se não alcançar níveis educacionais desenhados com o fim da eliminação da pobreza e da degradação humanas. Entre as patologias que tenho apontado, está o paralisante assembleísmo. Tudo que não passa

Federação de Academias

Jornal O Estado do Maranhão Em prosseguimento das comemorações do Centenário de fundação da Academia Maranhense de Letras , será lançada na próxima sexta-feira, dia 28, no auditório da AML, a Federação das Academia de Letras do Maranhão. A nova instituição já se fazia tardar, pois não é de hoje que a idéia circula entre acadêmicos e pessoas ligadas à vida literária do Maranhão. É natural que instituições dedicadas aos mesmos fins, neste caso, o da defesa e preservação das tradições culturais do estado e dos municípios, se unam. É o que está para acontecer. Existem, hoje, no Maranhão, 22 academias de letras: Imperatrizense de Letras; Açailandense de Letras; Sambentuense; de Letras, História e Ecologia da Região Integrada de Pastos Bons; Bacabalense de Letras; Pedreirense de Letras; Arariense-Vitoriense de Letras; Maranhense de Letras Jurídicas; Barreirinhense de Letras; Grajauense de Letras; Maranhense de Medicina; Pinheirense de Letras, Artes e Ciências; Vianense de Letras; Anaja

Cadernos e Dicionários

Jornal O Estado do Maranhão Neste ano do Centenário de morte de Machado de Assis, muitas homenagens lhe foram prestadas. Uma delas, a exposição Machado de Assis: cem anos de uma cartografia inacabada , que teve como curador o poeta Marcho Lucchesi. Ele proferiu palestra sobre a Divina Comédia , de Dante, na Academia Maranhense de Letras em junho passado, como parte da programação do Centenário da Casa de Antônio Lobo. A iniciativa da exposição foi da Fundação Biblioteca Nacional .Ela possui diversos documentos do escritor carioca, como cartas, fotografias e artigos de jornal, a serem reunidos num livro, a Machadiana da Biblioteca Nacional , e lançará também uma edição fac-similar dos 19 números do jornal O Espelho , de Francisco Eleutério de Souza, em que Machado contribuiu regularmente, bem como o livro Pareceres do Conservatório Dramático Brasileiro , órgão para o qual Machado redigiu pareceres críticos sobre peças que deveriam ser encenadas. Em compasso com esse trabalho de

Colégio de Obama

Jornal O Estado do Maranhão Os Estados Unidos da América, ou simplesmente América, como os americanos gostam de se referir ao próprio país, são realmente um país extraordinário. Eles têm incrível capacidade de se reno-var, de se refundar. Há somente pouco mais de vinte anos, quando tive a oportunidade de concluir lá os cursos de mestrado e doutorado em economia, depois de uma temporada de cinco anos ininterruptos, não ocorria a ninguém a idéia de um negro ser eleito presidente da República. No entanto, Barak Obama, negro e filho de emigrante do Quênia, tendo vivido também na Indonésia, país de maioria muçulmana, agora é o presidente eleito da nação mais poderosa do mundo. Grande já era, por ocasião de minha estada naquele país, o progresso dos direitos civis da população negra. No governo do presidente Lyndon Johnson, em 1964, com a promulgação do Civil Rights Act, Lei dos Direitos Civis, mudou-se a vergonhosa situação anterior. A Suprema Corte dos Estados Unidos, por exemplo, desde

Ivan Junqueira na AML

Jornal O Estado do Maranhão Passado o momento cimeiro das comemorações do Centenário da Academia Maranhense de Letras , em agosto, sem isso ter significado a ocorrência, antes ou depois desse dia, de ocasiões de diminuição do brilho das festas, ficando sempre claro a todos a importância de uma instituição que se tornou com o tempo a mais importante referência cultural no Estado, eis que a Casa de Antônio Lobo se prepara para receber um dos maiores poetas do Brasil e, certamente, o mais importante de sua geração, Ivan Junqueira. Em agosto nossa emoção veio da demonstração pelo decano da AML, José Sarney, do poder da palavra em criar realidades, trazendo naquela hora, até nós, uma magia tão concreta, quanto concreto éramos nós presentes ali, naquela hora, magia encarnada nas figuras redivivas dos doze fundadores da Casa, e tão real a recriação que, quando o orador os convocou a entrarem no salão onde as palavras de encantamento ecoavam e a conclamação aos presentes a aplaudi-los de p

Saídas confusas

Jornal O Estado do Maranhão A educação de um povo, garante-me um amigo que já correu Ceca e Meca e olivais de Santarém, pode ser medida pela forma de conduzir automóveis. Não sei se isso é verdade. Se for, há motivos de preocupação com nossa cidade. Se fôssemos julgar pela postura de algumas pessoas ao volante, seria uma terra de gente mal educada. Ironicamente, o amigo chama a atenção para a falta de educação, exibida com orgulho. Onde? Nas portas das escolas, lugar de educação. O mau exemplo, diz ele, é dado pelos pais dos educandos. Estes, guiados por aqueles, acabarão igualmente mal educados. O que se vê é de lamentar, de fato. Na ânsia de apanhar seus amados filhos, depois das intermináveis três ou quatro horas de ausência, e não suportando mais tão longa separação, os pais não se importam de parar seus carros em filas duplas, triplas, quádruplas, impedindo a passagem de outros veículos. Não lhes ocorre, ou se ocorre não os comove, a possibilidade de alguém numa situação de

A Feira do Livro

Jornal O Estado do Maranhão A Feira começou. Falo da 2ª Feira do Livro de São Luís, que não é, de fato, a segunda, como a de 2007 não foi a primeira, na ordem cronológica de realização de evento cultural desse tipo em nossa cidade, porque outras, bem menores, já foram realizadas, mas nenhuma dúvida há de que, iniciada no ano passado, irá durar por muito tempo, em benefício da cultura maranhense, pois o novo prefeito a assumir a administração de São Luís em janeiro de 2009, em substituição a Tadeu Palácio, que a instituiu por lei, e as seguintes, irá cumprir rigorosamente e com igual brilho e entusiasmo a determinação inscrita na legislação municipal de realizá-la periodicamente. Tendo dela participado no ano passado e acompanhado um pouco mais de perto sua montagem este ano, sob o comando do presidente da Fundação Municipal de Cultura, Edirson Veloso, e a direção heróica da coordenadora geral, Lúcia Nascimento, com dedicação em tempo integral e a um ritmo frenético às tarefas de

Machado de Assis

Jornal O Estado do Maranhão A segunda-feira passada, 29 de setembro, assinalou cem anos da morte de Machado de Assis. Apesar das vozes discordantes, que já se levantavam quando ele estava vivo e consagrado, sem a capacidade, porém, de estancar o crescimento da glória do grande escritor, cuja fortuna crítica cresce quase diariamente, ele tem tido aprovado com louvor, no maior teste a que um artista pode se submeter, o do tempo. Quantos escritores tiveram em sua época os aplausos das multidões, logo emudecidos, mal eles desceram aos “lugares pálidos, duros nus”, de que nos fala Adriano. Nas Fontes para o estudo de Machado de Assis (1958), J. Galante de Sousa nos dá, para os anos entre 1857 e 1957, 1.884 verbetes com referências a Machado. A Bibliographie descriptive, analytique et critique de Machado de Assis (1965), de Jean-Michel Massa, autor do melhor livro sobre o jovem Machado, A juventude Machado de Assis , 1839-1870: ensaio de biografia intelectual (1971), relaciona mais

Supostismo

Jornal O Estado do Maranhão O leitor deve conhecer o gerundismo, praga sobre a qual falei mais de uma vez aqui. Ela é encontrada facilmente, ameaçadora, em qualquer empresa de telemarketing e em call centers de serviços de telefonia e distribuição de energia elétrica. Todo mundo um dia vai se deparar com ele: “sua reclamação sobre a constante falta de energia vai estar sendo atendida em breve”, ou “o senhor vai estar recebendo um comunicado sobre a resolução do problema”. Estrutura da língua inglesa com palavras em português, é forma de contaminação lingüística bastante danosa, porque, como afirmam especialistas no assunto, não se trata apenas da incorporação de palavras de outro idioma, normal no contato entre diferentes idiomas, mas da estrutura sintática estrangeira. O mal não tem dado sinais de diminuir o ímpeto. Ao contrário, o gerundismo, de tão comum, não chama mais a atenção. E, pior, muita gente não percebe seus próprios hábitos gerundistas e toca a usá-lo, achando-se sofi

Artur Azevedo no Centenário

Jornal O Estado do Maranhão Na próxima quinta-feira, dia 18, o professor Antônio Martins de Araújo, nascido na rua dos Afogados esquina com a do Ribeirão, bem perto do Teatro Artur Azevedo, a cujos espetáculos, sem exceção, assistiu entre cinco e treze anos de idade, fará palestra às 20 horas na Academia Maranhense de Letras, sob o tema “A Permanência de Artur Azevedo”, como parte da programação do Centenário da AML , que irá até o final do ano, e como homenagem ao centenário de morte do escritor. Não sei se o menino (sabe-se lá da imaginação das crianças) tinha especial admiração pelo grande maranhense que dá nome à Casa onde muitas vezes, garoto, eu ia assistir a filmes brasileiros – nessa época estava o teatro arrendado para uma firma comercial –, com os comediantes Oscarito, Grande Otelo e outros astros do cinema. Fato comprovado e bem conhecido é que ele veio a ser o maior especialista nacional em Artur Azevedo, ocupando presentemente cadeiras na Academia Maranhense de Letra

Cachorro, não

Jornal O Estado do Maranhão A figura de Waldick Soriano, o cantor do povão, o brega-chique, morto há poucos dias, me traz à lembrança um pedaço de minha juventude. No final dos anos sessenta e começo dos setenta ele costumava se apresentar em muitas cidades do interior do Maranhão e em São Luís. Algumas vezes, esteve no antigo Cine Monte Castelo, em prédio cuja construção acompanhei desde a escavação das valas dos alicerces, pois eu morava a poucos metros do cinema. Lembro sobretudo do final da obra, quando os operários começaram a colocar as telhas na estrutura de madeira projetadas com o fim de sustentar a cobertura. Sentado na copa da nossa casa, um bangalô de classe média típico dos anos cinqüenta, sob os olhares vigilantes de minha mãe, que não nos liberava, a mim e meus irmãos, para as brincadeiras rotineiras a menos que déssemos conta sem vacilações dos deveres escolares do dia, era possível observar, dia a dia, o progresso do trabalho. A mim os trabalhadores pareciam emp

Independência e morte

Jornal O Estado do Maranhão Vê, leitor, como funcionam as coisas na arena internacional. Em fevereiro deste ano, Kosovo, província da Sérvia, de maioria albanesa, declarou independência com o apoio dos Estados Unidos e alguns países da Europa. Outros, como a Espanha, Grécia, Bulgária e Chipre, se abstiveram de apoiar a posição americana por um motivo prático: eles têm também complexos problemas de separatismo em seus territórios. Na Ásia, a China, pela razão óbvia da luta do Tibete por sua separação, ficou calada, condenando com seu silêncio a ex-província sérvia. Na África, o Sudão não vê com bons olhos a onda separatista por causa da rebelião da província de Darfur. Agora, poucos meses depois, os mesmos Estados Unidos se dizem a favor da integridade territorial da Geórgia, ex-república soviética onde nasceu Stálin, que nunca chegou a falar russo sem sotaque, estimulada pelo governo ianque a se integrar à Otan, aliança militar ocidental hostil à Rússia. Os americanos declaram-se

Emoção na noite

Jornal O Estado do Maranhão A noite da sexta-feira, dia 15 de agosto, assinalou o momento cimeiro das comemorações do Centenário da Academia Maranhense de Letras , que, no entanto, não terminaram naquele dia. Continuarão até o final do ano com o lançamento de livros, inauguração da Exposição do Centenário e palestras de Antônio Martins de Araújo, da AML e da Academia Brasileira de Filologia , sobre Artur Azevedo; Alberto Vieira da Silva, da AML, sobre o padre Antônio Vieira; Ivan Junqueira, da Academia Brasileira de Letras , sobre Gonçalves Dias; e Domício Proença Filho, também da ABL, sobre Machado de Assis. Quando os fundadores – Alfredo de Assis, Antônio Lobo, Astolfo Marques, Barbosa de Godois, Corrêa de Araújo, Clodoaldo Freitas, Domingos Barbosa, Fran Paxeco, Godofredo Viana, I. Xavier de Carvalho, Ribeiro do Amaral e Armando Vieira da Silva – foram chamados pelo decano da Casa e palestrante da noite, José Sarney, ao mesmo salão em que a criaram em 1908 e os vimos entrar co

Ouvidores e juízes

Jornal O Estado do Maranhão Mílson Coutinho, que lançará na próxima sexta-feira, dia 22 de agosto, às 20 horas, na Academia Maranhense de Letras , à rua da Paz, em mais um evento comemorativo do Centenário da Casa de Antônio Lobo, depois da bela sessão solene da última sexta-feira, em homenagem à fundação da Casa, o livro Ouvidores-gerais e juízes de fora: livro negro da justiça colonial do Maranhão (1612-1812), costuma se dizer um mero repórter de coisas antigas, lembrando de seu tempo de militância na imprensa maranhense. Este livro prova, mais uma vez, ser essa auto-avaliação parte da insuperável e sincera modéstia de Mílson. Mais de uma vez eu já disse, ao apreciar outras obras do autor, que poucos pesquisadores de nossa história têm faro tão aguçado para, indo às fontes primárias e embrenhando-se no aparente caos de milhares de documentos, deles extrair uma narrativa não verdadeira, num sentido ingênuo, pois sabemos que o estabelecimento da “verdade” passa pelo filtro ideol

Costumes Primitivos

Jornal O Estado do Maranhão As velhas eleições, de um tempo de que não me quero lembrar agora, por certa antiguidade, eram exemplos de como poluir uma cidade impunemente. Ainda no tempo das cédulas de papel, que muito serviram para emprenhar urnas, método pouco ortodoxo de ganhar eleições, mas de modo nenhum estranho à política da época, o término da disputa eleitoral era ocasião de se ver ruas cobertas de papel, num ridículo arremedo de fim de festa de carnaval, postes enrolados em cartazes de papel vagabundo e de muito mau gosto e muros pichados com inscrições numa língua que chegava a lembrar em alguns detalhes a língua de Camões e Vieira. Depois veio a fase do showmício, palavra em processo de morte junto com a morte da coisa designada por ela, que deu emprego temporário a muita gente, mas desempregou a consideração pelo direito dos cidadãos de não ouvir música da Bahia e não aturar os astros da música axé com a farda típica da profissão: bonés de aba frontal virada pra trás

Desenvolvimento sustentável II

Jornal O Estado do Maranhão O período inicial da formação de uma nova visão sobre desenvolvimento sustentável viu crescer a insatisfação com o fracasso das tentativas de desenvolvimento industrial acelerado das regiões mais pobres e com a ameaça de exaustão dos recursos naturais. A conseqüência foi a rejeição das visões da época sobre desenvolvimento pela opinião pública e especialistas no seu estudo nos países industrializados e, em menor proporção, nos outros. Muitos passaram a argumentar que, a fim de se alcançar o equilíbrio entre economia e ecologia, seria necessário deter o crescimento da população e do capital industrial ou diminuir sua taxa de crescimento. Os países do Terceiro Mundo recusaram-se a aceitar esse ponto de vista, porque achavam essa uma forma disfarçada de impedir seu próprio crescimento, e afirmavam que o aumento populacional em seus países não era a causa da destruição dos recursos naturais, promovida, ao contrário, pelos países ricos em seu afã de cresci

Desenvolvimento sustentável

Jornal O Estado do Maranhão O conceito de desenvolvimento sustentável se firmou como resultado de um processo que se acelerou na década de 60 e que, até então, contava, entre os seus marcos mais importantes, com um estudo, Limites do crescimento, patrocinado pelo Clube de Roma, e com a realização da Conferência de Estocolmo, ambos de 1972. Tanto o estudo quanto a Conferência chamaram a atenção para a ameaça, derivada da degradação ambiental, ao sistema de sustentação de vida em nosso planeta e à capacidade das gerações futuras de poder contar com a base de recursos naturais para suas próprias necessidades. A Declaração de Cocoyok, de 1974, e o Relatório da Fundação Dag- Hammarskjõld, de 1975, feito com a participação de 48 países, do UNEP – Programa para o Meio Ambiente das Nações Unidas e de 13 órgãos das Nações Unidas, apontaram as relações entre concentração de poder e degradação ambiental. As idéias contidas nesses documentos foram sistematicamente rejeitados pelos governos dos p

Sousândrade na Academia

Jornal O Estado do Maranhão A Academia Maranhense de Letras dará continuidade na próxima quinta-feira, dia 17, à série de palestras comemorativas do seu Centenário. Como nas outras que vem promovendo desde o início do ano, esta será em sua sede, na rua da Paz, às 20 horas. O palestrante será da própria Academia, não vem de fora como os anteriores, todos de excelente nível tanto em estudos históricos, como no caso de Andrea Daher, quanto em literatura, e especificamente em poesia, a exemplo de Marco Lucchesi, só para dar dois exemplos. O expositor será Sebastião Moreira Duarte, que na Academia Maranhense de Letras ocupa a Cadeira No 1, patroneada por Almeida Oliveira, fundada por Barbosa de Godois e ocupada antes por Luís Carvalho e Antenor Bogéa. O acadêmico é estudioso da obra de Sousândrade, sobre quem falará, numa análise comparativa com o poeta romântico inglês George Gordon Byron, o sexto Lord Byron, uma das figuras mais influentes do Romantismo. Sebastião nasceu no Ceará, estu

Eis a questão

Jornal O Estado do Maranhão Formou-se uma polêmica de forma alguma trivial, porque centrada em ameaça concreta a nossas vidas, a respeito da chamada Lei Seca. Esta não cria, mas torna mais estreitos os limites, menores do que os anteriores, mas não zero, de ingestão de bebidas alcoólicas, além dos quais é ilegal dirigir veículos automotores. Comecemos pelos números. As estimativas correntes falam de 50 mil mortos no trânsito anualmente no Brasil, grande parte em acidentes envolvendo pessoas alcoolizadas. Temos mais mortes no trânsito em um ano do que os Estados Unidos tiveram em toda a Guerra do Vietnam. Mas, esperem. De fato, a realidade terrível é pior ainda, porque as estatísticas se referem tão-só a falecimentos no local do acidente, com omissão de óbitos em hospitais e de seqüelas inevitável nos feridos, componentes de um batalhão dez vezes maior do que o de mortos. A recente lei não inovou no uso de bafômetros para medir o teor alcoólico do sangue de infratores. Antes, com

Uma boa escola

Jornal O Estado do Maranhão Fomos, membros da Diretoria da Academia Maranhense de Letras, fazer uma visita no dia 20 deste mês ao Centro de Ensino Maria Mônica Vale, no Vinhais. Estávamos lá eu, como presidente, José Maria Cabral Marques, vice-presidente, Jomar Moraes, secretário-geral, Alex Brasil, 2º tesoureiro e Ceres Costa Fernandes, membro do conselho fiscal. Antes de conhecê-la, nós como que já a conhecíamos. Ceres tinha repetidas vezes nos dado notícias dela, seja durante sessões da AML, seja em conversas informais. A acadêmica conhece a Mônica Vale por experiência pessoal e sempre nos disse que a escola desmente a idéia de que o setor público não tem a capacidade de ensinar bem. De fato, o ensino oferecido pelo Estado no Brasil (ou o ensino de modo geral) não tem bom conceito na sociedade, embora se conheçam as exceções de sempre, a confirmarem a regra. Muito já se progrediu, pois hoje todos encontram vaga para estudar, porém mais ainda tem de ser feito ainda com respeito