Jornal O Estado do Maranhão
As instituições de Estado do Brasil, essenciais para nossa vida como nação, encontram-se em grande parte desacreditadas hoje em dia. Contudo, a democracia brasileira precisa de aperfeiçoamento, não de fechamento. Não faz sentido, portanto, o grito “fechem o Supremo”. O Tribunal foi fechado em 1964, mas as palavras de ordem política eram outras. Ouvia-se “Abram o Supremo”.
Esse grito ditatorial, leva-me a um excelente artigo saído na imprensa local há poucos dias, cujo título é “Lava-Jato e os guardiães: nem a pau, Juvenal”, de autoria de Gabriel Machado, vice-presidente do Instituto Observatório e Cidadania. Pergunta Gabriel, com pertinência, quem vigia os vigias, entre eles Dallagnol, o fanático religioso de romance de Dostoiévski, ao falar da tentativa da força-tarefa da Lava-Jato, de criação de uma fundação de direito privado, a ser gerida por seus próprios membros, com o fim de administrar recursos provenientes de multas impostas à Petrobrás por atividades ilícitas até mesmo nos Estados Unidos.
O Procurador-Sol da Lava Jato, dá a impressão de se considerar um déspota esclarecido. Quase chega a declarar “l´état c´est moi”: 1) ao exigir do Supremo decisões de sua preferência; 2) ao virar procurador contra imperativo da lei; 3) ao receber auxílio moradia, mesmo tendo imóvel em Curitiba; 4) ao desafiar a autoridade do STF e ainda exigir respeito a ele. Quem deu afinal a esse currículo não tão honesto o trono de czar do Brasil?
Falta a ele e a seus companheiros a consciência da importância dos seus cargos e das consequências de seus atos. Eles deveriam voltar a Max Weber, a fim de ser reapresentados à ética da convicção, aquela da ação moral do indivíduo. Esta não deve ser alcançada a ferro e fogo, sejam quais forem seus custos para a sociedade. Exemplo disso é a pauta única da força-tarefa, mesmo ao preço da insolvência material e financeira do país. Poderiam ser apresentados também à ética da responsabilidade, relativa à ação moral do governante, cuja aplicação visa ao bem-estar de todos.
É preciso entender que o principal instrumento de governo é a política. Se Bolsonaro vai trombar com o presidente da Câmara, ou, ao contrário, Maia resolver trombar com Bolsonaro, então pode não haver remédio e nossa doença se agravar, caso não haja boa-fé para o diálogo, essência da política; ou alternativamente a Reforma será, com certeza, um rato parido pela montanha, uma não Reforma.
O que é mais importante agora, a Reforma ou a moralização dos costumes? Esta última é um objetivo a ser trabalhado um pouco mais adiante. A Previdência, não, tem de ser feita agora ou não haverá pauta moral nenhuma a ser implantada. A pauta alternativa, será a do todos contra todos – hobbesiana. Aí os mais fortes e em posições privilegiadas aumentarão seu poder.
O moralismo não pode se constituir em agenda única. É preciso ter convicções, sim, mas é preciso, mais ainda, ter responsabilidade com o país. Podemos talvez moralizar o Brasil, mas teremos no fim uma economia despedaçada, com choro e lágrimas dos pobres. (Existe algo mais imoral?). Eles e suas famílias já sofreram do mal do desemprego antes, situação degradante, como resultado de políticas econômicas do PT. Desejamos repetir tal drama?
Ainda fabricaremos uma grande nação de miseráveis honestos?