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Mostrando postagens de fevereiro, 2002

Mais luz!

Jornal O Estado do Maranhão Há várias semanas vêm ocorrendo freqüentes faltas de energia elétrica no Olho d’Água, onde moro. No resto da cidade, não sei. Sei, sim, dar o exemplo de um jogo recente da seleção brasileira de futebol. Só me foi possível assistir ao início do primeiro tempo e ao fim do segundo. É irritante. Para mim e para um bocado de gente que gosta de futebol e paga suas contas de eletricidade em dia, a fim de poder ver os jogos e o que mais lhe der na telha na TV, mas que, mesmo assim, não recebe a natural contrapartida em bons serviços da Companhia Energética do Maranhão – Cemar. Quando se começa a escrever alguma coisa no computador, a incerteza é permanente. Fica-se sempre na expectativa ansiosa de queda no fornecimento e perda de trabalho e de tempo, sem falar-se em danos ao sistema operacional do equipamento, na maioria das vezes difíceis de serem reparados. Já não falo no corte do fornecimento de consumidores com a conta paga, como a imprensa tem mostrado. Na sema

Testes

Jornal O Estado do Maranhão Se você, caro leitor, brincou todos os dias do carnaval, chegou inteiro à Quarta-Feira de Cinzas, não teve de tomar nenhum chazinho para se recuperar dos excessos e pôde trabalhar sem problemas, então parabéns. Você foi aprovado no teste do folião. Ele mede seu grau de entusiasmo carnavalesco e mostra sua integração com a cultura brasileira. Corra e comente o resultado com seus amigos. Engana-se quem pensa que vivemos na era da informática. O nosso tempo é o do teste. Para tudo existe um. Tem o do bom marido, o do namorado romântico, o do cavalheiro perfeito, o do atleta eficiente, o dos pais amorosos, o do filho carinhoso, o do chefe querido, o do empregado responsável, o do professor impecável, o da idade real (um para os homens e outro, diferente, para as mulheres, o da idade irreal), o do político sincero, o do empresário moderno, o do jogador disciplinado e dezenas de outros. Abra qualquer revista, popular ou não. Você vai encontrar um deles. Tem para t

Carnaval

Jornal O Estado do Maranhão No meu tempo de criança, o circuito de carnaval era feito em uma linha reta. Ela começava na praça Gonçalves Dias, quase na margem esquerda do rio Anil, e terminava na praça do Cemitério, perto da margem direita do Bacanga. Incluía, assim, a rua Rio Branco e a do Passeio, bem como o trecho entre as duas, numa das laterais da praça do Panteon. Íamos de mudança para um segmento dessa reta, a família inteira, meu pais e a penca de crianças, durante a temporada carnavalesca. Ficávamos hospedados na casa de minha avó, Josefina Moreira, na rua do Passeio, em frente de uma construção que nunca acabava. Ou assim parecia a mim. Havia sido projetada para ser o Hospital da Cruz Vermelha. Acabou servindo de sede ao atual Socorrão I. A cada ano, eu chegava com a esperança de encontrar a obra terminada. Imaginava o prédio pronto e o movimento de pessoas entrando e saindo apressadas. Umas procurando lenitivo para os males do corpo, outras o dando. O pronto-socorro da cida

Brasília, carnaval e futebol

Jornal O Estado do Maranhão Houve um tempo em que todo mundo dizia que São Paulo era o túmulo do samba, como se nascessem sambistas somente no Rio de Janeiro. Sobre o futebol, a conversa ia além-fronteiras. Jogadores habilidosos, bons de bola, só os brasileiros. Os estrangeiros eram uns desajeitados, grossos de cintura dura. Como dizia minha mãe em seus arroubos patrióticos, eles eram selvagens, covardes e viviam dando pontapés nos nossos heróis da bola, modelos perfeitos do “homem cordial” de Sérgio Buarque de Holanda. Mulher bonita, então, nem falar. A prova da beleza da mulher do nosso país era a garota de Ipanema. As mulheres dos outros – dos outros países, bem entendido – eram magricelas, reles branquelas sem graça e também grossas de cintura, literalmente. Parecia ser crença geral a superioridade genético do nosso povo, por insondáveis mistérios da natureza, justificando o ingênuo ufanismo nacional de então. Hoje todos reconhecem a excelência do samba de São Paulo. Sabe-se, ainda