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Mostrando postagens de julho, 2001

Fundo do poço

Jornal O Estado do Maranhão O futebol brasileiro chegou ao fundo do poço? Ninguém conhece a resposta. Não, pelo menos, até que a nossa seleção enfrente as potências futebolísticas de Guam, das Ilhas Marshall, do Usbequistão e de Burquina Faso. Sem jogos com esses países não se poderá fazer uma avaliação segura da nossa competência futebolística. Na primeira semana de janeiro deste ano eu dizia, em artigo aqui neste espaço, comentando o vexame da partida final da Copa João Havelange, que o perigo de decadência para nosso futebol estava “nos dirigentes, do lado de fora dos campos. Não, certamente nos jogadores”. Continuo com a mesma opinião. Não posso acreditar que, repentinamente, como se castigado pelos deuses do futebol, o Brasil, que disputou as duas últimas finais da Copa do Mundo, tenha deixado de produzir craques como no passado. Tem, sim, produzido e tantos que, mal começam a ter sucesso, conseguem contratos milionários para jogar na Europa. Nenhum país pode dizer que faz o mesmo

Ver para crer

Jornal O Estado do Maranhão É impossível deixar de pensar que os órgãos públicos e empresas privadas que realizam obras nas ruas de São Luís não o fazem com a intenção de provocar engarrafamentos de trânsito. Não falo das obras grandes, mas dessas pequenas, com grande poder de irritação. Se a razão não é essa, qual, então, a explicação para fazerem os serviços justamente na hora de maior movimento? Qual a enigmática razão para a indiferença com que infernizam nossa vida, sem colocar, pelo menos, uma placa de aviso? “Estamos trabalhando para seu desconforto. Sempre”. Chego a pensar que há planos muito bem elaborados, com reuniões semanais de acompanhamento dos resultados. Os detalhes de cada operação são analisados pelos planejadores: o número de participantes, o transporte a ser usado, o fluxo de carros no lugar escolhido, as estatísticas do ano anterior, a declividade da pista, a curvas, a sinalização. Tudo para garantir o sucesso dos engarrafamentos. Já fantasiei, até, que chegam a c

Shopping inundado

Jornal O Estado do Maranhão Vejo na televisão pela enésima vez carros submersos no Shopping Monumental, no Renascença. Já aconteceu comigo também. Posso imaginar o que as pessoas sentiram ao ver seus automóveis destruídos pela inundação do estacionamento na segunda-feira passada. A situação repete-se regularmente nos períodos chuvosos. Acompanhei grande parte da história que levou a essa situação kafkiana. Uso este termo porque as pessoas que vêm sendo prejudicadas ficam sem saber a quem responsabilizar pelos danos que sofrem. Penam de um lugar para outro, ouvem murmúrios de todos jogando a culpa em todos, seguem orientações erradas, ouvem que um alto burocrata em posição de decidir não decidiu porque não era conveniente e acabam percebendo que alguma força mais alta vai se alevantar para colocar a culpa nelas. Vai ver, uma bela manhã de sol, sem essas chuvas inconvenientes que andam destruindo um bom pedaço desta cidade-patrimônio-da-humanidade, entram-lhe na sala de jantar oficiais d

Papagaiada

Jornal O Estado do Maranhão – Doutor, tem um moço aí fora querendo falar com o senhor. – Quem é? – Francisco. Chico do Pote. – Qual o assunto? – Ele disse que é particular. Só fala se for com o senhor. – Lá vem mais uma furada. É a terceira esta semana. Não era uma furada. O homem não estava lá para pedir dinheiro, mas a liberdade de um papagaio. Os fiscais haviam apreendido o animal porque o dono não tinha a devida licença. Eu era, então, em 1995, Secretário de Meio Ambiente do Estado. – Doutor, desde que os fiscais levaram o bicho minha sogra reclama de mim o dia inteiro, não come e não dorme direito. Ela acha que a culpa é minha – Muita gente ficaria feliz de ver a sogra nesse estado. – Não brinque, doutor. Minha mulher deixou de falar comigo. Ela está grávida, nos dias de descansar. O médico disse que não é bom ela ter contrariedade. Eu vim aqui pedir pro senhor mandar soltar ele. – Meu amigo, não se pode criar papagaio em cativeiro. Se todo mundo descumprir a lei por causa da sogr