6 de dezembro de 2015

Causa e consequência

Jornal O Estado do Maranhão

          O processo de julgamento político da presidente Dilma Rousseff chegará a seu término com a retirada dela da cadeira que ora ocupa ou, alternativamente, com a continuação de seu mandato. Ninguém, no entanto, poderá afirmar, neste momento, com segurança, qual será seu desfecho.
          Dilma não é processada por roubo de recursos públicos, ocultação de contas bancárias na Suíça, aumento injustificado de patrimônio e ocorrências do gênero. Seu crime, de outra natureza, pelo menos pelo conhecido até o momento, é de responsabilidade, como previsto em lei, por ter ela, entre outras medidas, assinado suplementações ao orçamento federal sem a devida autorização do Congresso Nacional e executado programas de governo com o uso de recursos de bancos estatais, financiamento proibido por lei.
          Vivemos situação semelhante no já longínquo 1992, quando o presidente Collor teve de renunciar a seu cargo, depois de legítimo processo de impeachment contra ele. Seu mandato também era legítimo, mas tão só até o momento do cometimento de crimes contra a Constituição. Na época, o PT foi um dos comandantes da luta para derrubá-lo. A mesma tentativa o partido fez contra Fernando Henrique, Itamar Franco e José Sarney. Ficou famoso, na época, o bordão petista: fora FHC. No entanto, ninguém diz, agora, que o partido liderou tentativas de golpes, da mesma forma que não se pode chamar de golpe eventual impedimento da presidente. Como, se tudo está sendo encaminhado dentro do ordenamento constitucional? Evidente, sendo o julgamento político, político será o posicionamento do Congresso.
          Dilma já faz parte do minúsculo grupo de presidentes que viram o Legislativo julgá-los politicamente: somente ela, o geneticamente corrupto Collor, já citado, e Getúlio Vargas em 1954. Neste último caso, com absolvição do ex-ditador e, então, presidente.
          Como chegamos a tal situação, de todos os modos danosa ao país?
          Começamos a afundar com a ascensão do PT ao governo federal. As coisas ainda caminharam bem enquanto foi mantida a política econômica herdade dos dois governos anteriores. Depois, o PT achou de adotar heterodoxia econômica fracassada, antes, em vários países. Daí em diante, tudo começou a andar mal. Em paralelo, era montado pelo PT imenso esquema de corrupção, visando tanto enriquecer seus dirigentes com recursos públicos e destruir as instituições democráticas quanto garantir a permanência eterna do partido no poder. Com o fim de manter o esquema funcionando, Lula inventou uma candidata fantoche como sua sucessora. Eleita, ela mostrou ser incompetente em todas as áreas: administrativa, política e econômica. Até o irrevogável Mercadante seria melhor do que ela. A junção de uma administração econômica errada com a roubalheira desenfreada e mais a deterioração de qualquer princípio moral ou ético, levou-nos ao desastre em andamento. Se ela sair, será, igualmente, pelo conjunto de sua obra de destruição.
          A imensa maioria do povo brasileiro quer Dilma fora do governo, como desejou que Collor saísse. Ela é, simultaneamente, consequência e causa de nossos problemas. É hora de ir para casa brincar com os lindos netinhos.

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