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Mostrando postagens de fevereiro, 2004

Durma-se com um barulho desses

Jornal O Estado do Maranhão   O pessoal que não gosta de futebol finalmente teve uma boa notícia. Os cientistas, capazes de fazer as mais inesperadas pesquisas, descobriram os malefícios dos pênaltis. Não propriamente com respeito ao time contra o qual eles são cobrados, situação angustiante bem conhecida pelos goleiros e até mesmo pela grã-fina de Nélson Rodrigues ao chegar ao Maracanã nos elevadores da tribuna de honra e perguntar pelo mais novo jogador, a grande revelação da temporada, um tal de Balão de Couro. O caso é muito mais grave. O problema é com a saúde de quem está fora de campo. Cientistas britânicos da Universidade de Bristol e da Universidade de Birmingham descobriram que a cobrança da chamada “penalidade máxima”, no linguajar dos cronistas esportivos, é de parar o coração, podendo matar os pobres torcedores. A informação foi divulgada no British Medical Journal , uma das mais conceituadas revistas científicas do mundo. Ao compararem as internações nos hospitais em con

Carnaval Malhado

Jornal O Estado do Maranhão Uma das novidades do Carnaval deste ano em nossa cidade é o Rei Momo malhado. Não sei quem teve a idéia, mas sei que não foi, vamos dizer, feliz nem baseada em sólidos princípios democráticos. Explico-me. De saída, haverá com certeza uma confusão semântica com respeito ao nome. Algumas pessoas – por certo, apenas as menos familiarizadas com essa terminologia um tanto pesada – poderão pensar em malhado no sentido de portador de malhas ou manchas, como as de um bezerro malhado, por exemplo; ou no de surra com malho ou relho. Poderiam, nesta última hipótese, achar que o rei foi malhado por alguma turma invejosa da majestade dele. Seria este um tipo de malhação em tudo diferente daquela das academias. No caso do malho, os malhadores batem nos adversários, não com pesos, mas a pezadas, sem piedade. No outro, os também malhadores “batem peso”, segundo antiga expressão fora de moda hoje em dia. Ou, o que é a mesma coisa, comem ferro e, às vezes, acabam por se ferr

Cachorros e Formigas

Jornal O Estado do Maranhão Não sei se os leitores se lembram de Bingo. Não? Eis a sua história. Ele foi arbitrariamente preso em Timon, no Maranhão. A irritação com um vizinho inconveniente que vivia buzinando na porta de sua casa dia e noite causou-lhe um incontrolável, mas compreensível, acesso de raiva. Bingo deu uma leve dentada nele. De nada adiantaram os pedidos às autoridades, em seu favor, de testemunhas do suposto ataque. A justiça não tardou nem falhou, pois ele recebeu voz de prisão logo após o ato impensado. Foi em seguida recolhido ao centro de controle de zoonoses do município. Lá, aquela inofensiva mistura de poodle com pequinês, não pôde deixar de viver um sério conflito, nascido da diferença entre a natureza puramente canina de seus companheiros de infortúnio e a sua própria, humana. A propósito, foi o ex-ministro do Trabalho, Rogério Magri, quem descobriu essa humanidade dos cachorros, após uma longa convivência com Orca, sua cadela de estimação. Fizeram com Bingo, e

As Índias

Jornal O Estado do Maranhão Em recente viagem à Índia o presidente Lula ralhou com os exportadores brasileiros ao dizer que eles deveriam vender mais e reclamar menos. De fato, os empresários têm reclamado, com razão, da burocracia estatal, pois, parece-me, é dela, principalmente, com seus regulamentos e normas confusos e obscuros, que eles se queixam. Ela tem sido no Brasil um poderoso fator de inibição das exportações, especificamente, e das atividades econômicas, de um modo geral, bem como um inaceitável agente de opressão do cidadão indefeso nas suas mais corriqueiras atividades no trato com o Estado. Procedimentos vistos pelo senso comum como banais tornam-se garras da impenetrável lógica burocrática e instrumentos de seu autocrescimento e autojustificação. Somente quem nunca a enfrentou pode reclamar de quem reclama dela. Esse não é certamente o caso do presidente Lula. Nos seus tempos de líder sindical quantas vezes não terá lutado contra a burocracia. Esta, provavelmente, era

De Boas Intenções...

Jornal O Estado do Maranhão Volta e meia, alguém se lembra de aumentar a lotação do inferno com – vá lá – boas intenções. Essa prática e suas conseqüências danosas são velhas, da idade de Matusalém, mas, lamentavelmente, continuam a ter muitos adeptos. Falo do Estatuto do Idoso em seu parágrafo terceiro, inciso V, do 15º . artigo, aprovado pelo Legislativo e sancionado pelo Executivo. Lá, está a eterna mania de quererem fazer obséquio com o dinheiro alheio. Na tentativa de proteger o cidadão de 60 anos ou mais de supostos “aumentos abusivos” por parte das firmas que comercializam planos de saúde privados, proibiu-se a elevação dos valores cobrados dessa faixa etária. Resultou daí a elevação para os futuros idosos – aqueles com idade abaixo desse limite – da mensalidade a ser paga a partir de seu ingresso nos planos. Ocorre o seguinte. As empresas, como forma de compensar a proibição relativa aos mais velhos, elevaram, muito previsivelmente, aliás, a contribuição dos mais novos, espec