Postagens

Mostrando postagens de abril, 2001

O jovem Roberto Carlos

Jornal O Estado do Maranhão Roberto Carlos acaba de fazer 60 anos, comemorados discretamente como convém a um rei da juventude. Agora é um jovem sexagenário. Quando ele surgiu no começo dos anos 60, no programa Jovem Guarda, da TV Record, a vida era outra. Era outro o mundo e a visão que dele tínhamos. Achávamos que era possível e fácil mudá-lo para melhor rapidamente. O Brasil vinha da presidência de Juscelino Kubitschek, com a construção de Brasília, a abertura da Belém-Brasília, a implantação das indústrias siderúrgica e automobilística, as vitórias nas Copas do Mundo de 1958 e 1962, a Bossa Nova, com sua garota de Ipanema. Éramos um povo otimista. Acreditávamos no destino de o Brasil vir a ser um grande país, uma potência entre as nações. Tínhamos orgulho de ser brasileiros. Até que começamos a perder nossas ilusões com a ditadura que se implantou no país a partir de 1964. Veio o tempo dos alamares de que nos fala Lucy Teixeira no seu excelente livro de contos No tempo dos alamares

Terra quente

Jornal O Estado do Maranhão Voltam às manchetes as preocupações com os efeitos dos gases-estufa sobre o ambiente terrestre. Como já está bem estabelecido, em inúmeros estudos de renomadas instituições de pesquisa, o uso de combustíveis fósseis, especialmente de petróleo, como fonte de energia para as atividades produtivas, gera gases, como o gás carbônico (CO 2 ), que retêm o calor do sol na atmosfera. Resulta daí que ela passa a funcionar como uma estufa em relação à Terra. Como a utilização desses combustíveis vem aumentando persistentemente, nosso planeta experimenta uma elevação gradual e constante de temperatura. Os especialistas prevêem um aumento médio, mantidas as atuais tendências, de 5,8 graus Celsius, até o ano 2100. A quem achar que isso é pouco, recomendo que imagine os efeitos, sobre as cidades costeiras, da subida de somente um metro no nível dos oceanos, como decorrência do derretimento das calotas polares. A salinização dos lençóis de águas subterrâneas que, em nossa c

Pinto na sudam é gavião

Jornal O Estado do Maranhão A imprensa brasileira tem, insistentemente, nos últimos meses, feito denúncias bem fundamentadas de roubalheiras em alguns órgãos públicos federais. A Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia – Sudam posicionou-se, com agilidade, em primeiro lugar nesse campeonato da corrupção. Os golpes contra os contribuintes indefesos somam, até agora, R$ 2 bilhões. Diante dessa quantia, o assalto da quadrilha do ex-juiz Nicolau Lalau e do ex-senador Luís Estêvão, durante a construção do edifício do Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo, é pinto. Pinto, por sinal, é o nome do chefe operacional do bando da Sudam, se forem corretas as informações da revista Veja , com base em escutas telefônicas feitas pela Polícia Federal com autorização da Justiça. Os próprios fiscais do órgão, encarregados da investigação inicial, são acusados de receber propinas para ocultar irregularidades. Para fazer uma avaliação sobre o tipo de gente com quem estamos tratando, basta ver

Maria Celeste

Jornal O Estado do Maranhão   O ano de 1954 foi de grande agitação política no Brasil do que resultou o suicídio, em agosto, do presidente e ex-ditador Getúlio Vargas. A tragédia de Getúlio foi precedida, em São Luís, por uma de outro tipo que mobilizou a cidade intensamente. Ela se tornou inesquecível para o garoto de seis anos de idade que eu era. Foi o incêndio e naufrágio do navio Maria Celeste, a pouca distância do cais da Sagração, no porto de São Luís. Em verdade, não cheguei a ver o incêndio. Não me lembro mesmo se cheguei a pedir para ir vê-lo. Sei que não fui. O que vi, sim, lá do Monte Castelo, olhando na direção do centro da cidade, foi a fumaça preta subindo espessa durante três dias. A agitação, as conversas dos adultos, as notícias das rádios (não havia televisão) e o que eu já podia captar dos textos e fotos dos jornais, tudo me fazia intuir que aquele era um acontecimento extraordinário. As lendas que iam aparecendo rapidamente, as quais eu guardo até hoje, falavam de

Homens e dinossauros

Jornal O Estado do Maranhão Acaba de ser anunciada a descoberta, no Quênia, de um crânio fossilizado de um hominídeo de 3,5 milhões de anos. Ele seria de um gênero desconhecido e mais antigo, mesmo, do que o Australopithecus , nosso ancestral de 3,2 milhões de anos que era considerado o mais remoto. Os dois gêneros teriam convivido durante alguns milhares ou milhões de anos, levantando dúvidas sobre qual deveria ser considerado o verdadeiro pai, ou avô, da espécie humana. Não querem os cientistas, naturalmente, contestar a hipótese criacionista do surgimento da vida na Terra, em sete dias, por meio de um sopro divino, como diz a tradição. Essa é matéria das religiões, não da ciência. Questão de fé que, ao remover montanhas, pretende afastar, junto com elas, as dúvidas, insinuadas pela ação sorrateira da serpente do Paraíso, quanto à forma como os seres humanos e os outros apareceram neste planeta perdido no meio de milhões de outros. O certo é que a descoberta recente gerou uma grande