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Mostrando postagens de março, 2001

Maranhenses em machado

Jornal O Estado do Maranhão Machado de Assis tinha genuína admiração pelo Maranhão. Durante sua longa carreira de cronista em diversos jornais do Rio de Janeiro, fez ele, muitas vezes, referências elogiosas a maranhenses: Joaquim Serra, João Lisboa, Gonçalves Dias, Sotero dos Reis, Odorico Mendes, Henriques Leal, Gomes de Sousa, Gentil Braga, Sabas da Costa, Artur Azevedo, Teófilo Dias, Raimundo Correia, Coelho Neto. Para bem se avaliar a proximidade de suas relações com os escritores do nosso Estado, é suficiente dizer que por ocasião de sua morte estavam a seu lado Coelho Neto, Raimundo Correia e Graça Aranha, bem como os não maranhenses Mário de Alencar, José Veríssimo, Rodrigo Otávio e Euclides da Cunha. Em crônica de 5 de novembro1893, na Gazeta de Notícias , o escritor carioca mostra irritação com uma expressão que se tinha tornado um modismo por influência da comédia V erso e reverso de José de Alencar. Um personagem, mal entrava em cena, disparava a pergunta: Que há de novo? D

Coco mata

Jornal O Estado do Maranhão Hoje, já não se sabe mais o que fazer para ter uma vida dita saudável. Durante anos, ouviu-se dizer que o uso da margarina, em substituição à manteiga, é que é o certo para evitar o mau colesterol e outros problemas. Um estudioso qualquer, que levou anos pesquisando, enquanto a gente enchia o pão e a frigideira de margarina, está dizendo que não faz diferença. Um dia pode, outro dia não pode. Um dia deve, outro não. Desse jeito acaba-se morrendo é de susto, no mais perfeito estado de saúde. Houve um tempo em que correr, “fazer cooper”, era o máximo. Quem não fizesse ia, já, já, ter um ataque de coração, talvez um derrame cerebral, hoje apelidado de AVC, Acidente Vascular Cerebral. Ou uma doença ia atacar. Qualquer uma. Depois de muitas vértebras deslocadas, tendinites e outras mazelas, veio a novidade: andar é muito melhor do que correr. Nada de forçar a coluna, prejudicar o joelho, torcer o tornozelo etc. Nessa época, um amigo meu ia à praia, diariamente, “

Provisória ou permanente?

Jornal O Estado do Maranhão Quem tem, ou já teve, conta bancária sabe. O governo federal, há anos, vinha ficando, primeiro com 0,20%, depois com 0,30% de qualquer valor movimentado nela, por imposição da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira — CPMF, o “imposto do cheque”. Não mais. A percentagem irá subir para 0,38% no dia 18. Pelo que se ouve, a intenção do governo não é, tão-somente, de aumentar a alíquota. É, também, de tornar permanente o que era para ser provisório. Como, aliás, todo mundo dizia. Menos, é claro, as autoridades fiscais. A desculpa para a criação do tributo foi a necessidade de obtenção de recursos para projetos sociais. Para o aumento mais recente foi outra, embora semelhante: a geração de novos recursos para o Fundo de Combate à Pobreza. No entanto, a arrecadação da CPMF, também como previsto, tem sido, sistematicamente, desviada para outras finalidades, ao arbítrio das necessidades emergenciais de caixa do Executivo federal. A facilidade de coleta

Um homem incomum

Jornal O Estado do Maranhão Quando o escritor maranhense Joaquim Serra morreu, em 1888, seu grande amigo Machado de Assis escreveu, na Gazeta de Notícias , do Rio de Janeiro: “Quando há dias fui enterrar o meu querido Serra, vi que naquele féretro ia também uma parte de minha juventude”. Vi a mesma coisa, quando, no sábado de Carnaval, fomos levar o corpo do meu tio Luís de Melo Raposo Filho, Luisinho, ao cemitério do Vinhais. No féretro dele ia um pedaço de minha juventude, mas dela ficavam recordações que, sem a convivência com ele, seriam menos felizes. As lembranças mais antigas que tenho dele me ficaram de sua presença na casa da rua Cândido Ribeiro, entre a rua Grande e a de Santana, onde ele morava com sua mãe, Marcelina, minha avó, e dois de seus irmãos, portanto meus tios também, Saul e Haroldo Raposo. Eu ia lá diariamente, durante o ano escolar, no turno da tarde. Saltava do ônibus na rua do Sol. Vinha andando, seguro pela mão de meu pai que, para mim, tinha passos de gigante