10 de abril de 2019

O Velho PT

Jornal O Estado do Maranhão

Quando eu vejo o PT sendo o PT, nos debates da Comissão de Constituição e Justiça – CCJ, que analisa nestes dias a constitucionalidade da PEC da reforma da Previdência, vejo logo o motivo da rejeição ao partido, crescente desde o impeachment de Dilma e antes. Na fase atual, o projeto, cujo mérito será analisado no passo seguinte, quando superado este primeiro, não deveria, por óbvio, causar polêmica alguma. Trata-se apenas de analisá-lo à luz da Constituição e declarar sua constitucionalidade. É quase unânime a opinião das pessoas capacitadas em assuntos legais de não haver empecilhos a sua aprovação nesse aspecto. Juridicamente está perfeito, o que não significa, é óbvio, a proibição de sua discussão na Câmara dos Deputados, casa do Congresso onde se encontra.

Mas o PT não seria o PT e seus representantes na Câmara dos Deputados não fariam parte da bancada do partido, seriam falsos petistas, petistas de araque, como são falsos defensores dos pobres – lembremos da política econômica adotada pelo PT nos seus quatorze anos ininterruptos de governo, invariavelmente prejudicial a aqueles a quem dizia proteger, exatamente os pobres –, se não se comportassem como se comportaram na última semana e no passado, e se comportarão sempre.

Qual a surpresa então com essa maneira de fazer política? Nenhuma. Foram insultos, gritos, palavrões e ameaças. Como recurso eterno e extremo, quando petistas veem como impossível a derrota dos adversários, tentam paralisar os trabalhos do fórum onde a discussão se dá. Estavam lá, na CCJ, os agentes de sempre. A onipresente e estridente Maria do Rosário e Ivan Valente, que nem da Comissão é membro, para dar somente dois exemplos. Houve uma novidade, no entanto. A presença do filho de José Dirceu, condenado por diversos crimes, Zeca Dirceu, no comando da tropa de assalto. E toca a insultar o ministro Paulo Guedes. Tal reação me deu a oportunidade de aumentar meu vocabulário, pois eu não conhecia o neologismo tchutchuca. Inicialmente pensei ter ouvido mal. Mas não. Era tchutchuca, de verdade. Obrigado, Zeca Dirceu, por me dar essa oportunidade preciosa. Agora sou uma pessoa mais sábia, ou melhor, sabida.

Quem não se lembra da recusa dos parlamentares petistas de assinar a Constituição de 1988, a mesma agora defendida por eles? Ou assim eles dizem E a rejeição à Lei de Responsabilidade Fiscal? De tanto ser sabotada pelos governos petistas, ela perdeu a maior parte da eficácia que poderia ter no controle das contas pública. E o acordo contra notícias falsas? O PT foi o único partido grande a não colocar sua assinatura no documento. Gleisi Hoffmann disse: “Compromisso contra “fake news” não passa de mais uma “fake news”. Outro exemplo foi a CPI do desastre da desintegração da barragem de Brumadinho, levando junto com os detritos centenas de vida. Foi outra iniciativa que, junto com deputados do PSL, o PT rejeitou.

Pode-se esperar alguma coisa de um partido que é contra tudo que não atende seus interesses imediatos, não os interesses de longo prazo do Brasil? Não, não se pode, a não ser mais do mesmo. Entendo fazer parte do jogo político a oposição a iniciativas do governo. Para isso existe oposição. Mas outra coisa é opor-se simplesmente, só por opor-se, sem considerar o mérito das propostas vindas do Executivo, deixando de considerar os benefícios que elas possam trazer para o país e o bem-estar da população.

É o velho PT.

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