10 de março de 2019

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Jornal O Estado do Maranhão

Alguém chegado recentemente de galáxia infinitamente distante da nossa, dos confins do Universo, se tal lugar existir, certamente ficaria curioso por saber o motivo da repercussão de um simples Twiter do presidente Bolsonaro ter sido tão grande aqui no Brasil, país que por um triz, há poucos anos, quase virou uma Venezuela de hoje, com a diferença de ser bem maior. Indagadas, algumas pessoas indicariam a posição de Bolsonaro como presidente da República como explicação da agitação em torno da postagem. Mas isso é somente parte da história. Concordo com o ponto de vista de que ao presidente da República não são dadas certas liberdades de expressar opiniões, por não ser ele um simples cidadão. Bolsonaro precisa se acostumar a sua função. Ela carrega um simbolismo muito forte, de chefe da Nação. O Congresso e o Judiciário não carregam ideia como essa nem a reivindicam. Dessa forma, é preciso ser ele cauteloso ao falar sobre alguns temas. Na história brasileira, alguns presidentes têm se mostrado adeptos estritos dos ditames dos protocolos presidenciais; outros, rebeldes. Adotar o princípio da precaução é o melhor a ser feito, para o próprio bem da administração pública e dos interesses nacionais, entre eles a reforma da previdência. Não é que o presidente não deva falar; deve. Mas há formas e formas de fazê-lo.

Alerto o leitor do seguinte. O viajante intergaláctico não compreenderia nada, mesmo depois de obter a explicação. Segundo lhe garantiriam fontes insuspeitas, a obscenidade – e houve uma, sim –, estava no ato exposto por Bolsonaro, não na exibição do vídeo obsceno. O presidente não devia se comportar daquela maneira, aquilo era imoral, bla-bla-blá, bla-bla-blá. A esquerda brasileira, porém, não mencionou padrão algum de comportamento de Lula ou de Dilma, quando no cargo de presidente. No entanto, existem, sim, dezenas de exemplos de comportamento inadequado dos dois. Reduzo a dois casos os exemplos; um, de preconceito contra africanos; outro, contra homossexuais: 1) a afirmação de Lula de que Pelotas no Rio Grande do Sul era exportadora de viado (com i mesmo); declaração do mesmo Lula de que Windhoek, capital da Namíbia, nem parecia a África, por ser uma cidade muito limpa.

Janaína Paschoal afirmou, com acerto, que, feita por um esquerdista, a postagem de Bolsonaro se transformaria em peça “cult”. Vou além, seria “cult” e outras coisas socialisticamente bacanas. Seria “questionamento” corajoso, se feito por um “militonto” órfão de boquinhas no governo, por uma Gleisi Hoffman qualquer da vida com suas maluquices ou por algum dirigente malandro, do PT ou do PCdoB. Seria também a exposição das mazelas da sociedade capitalista e das injustiças da sociedade brasileira. Eu sempre me emociono profundamente, quando leio sobre a preocupação de esquerdistas com temas de moral e bons costumes. Como quando eles matam de fome o Velho Homem, aos milhões, se preciso for. Assim Stalin fez com os ucranianos e Maduro e Kim Jong-un fazem atualmente com os venezuelanos e coreanos, com o nobre e misericordioso fim de criar o Novo Homem. As ditaduras destes dois países são defendidas pelo PT e PCdoB, como são igualmente defendidas por esses partidos as matanças, em grande escala, durante o século XX, dos povos da União Soviética, Vietnã, Camboja, Cuba...

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