25 de setembro de 2011

Eu voto distrital

Jornal O Estado do Maranhão

          Eu Voto Distrital é um movimento que prega a adoção do voto distrital nas eleições brasileiras. No saite http://www.euvotodistrital.org.br um manifesto on line pode ser encontrado e assinado, de apoio à adoção desse tipo de escolha de representantes no Brasil. Para a formalização da passagem do atual formato eleitoral, proporcional, ao distrital existe um projeto de lei em tramitação na Câmara. Quanto mais pessoas assinarem o manifesto, maiores serão as chances de sua aprovação.
          Ninguém envolvido no movimento acredita nesse tipo de votação como a solução de todos os problemas de nossas instituições político-eleitorais. Temos certeza, entretanto, de ser esse um sistema superior ao atual. Neste, encontramos uma pegadinha capaz de fazer o eleitor votar num candidato e eleger outro, permitindo aos chamados puxadores de votos, de que é bom exemplo o comediante Tiririca, de apelo popular por motivos alheios à vida política, mas sem capacidade de representação e, até mesmo, sem legitimidade, elegerem candidatos sem-voto. Uma espécie de pague 2 e leve 10 com o sinal negativo.
          Quebra-se, assim, um princípio das democracias representativas: o vínculo sem intermediários entre o representante e o representado. Sem essa ligação as instituições democráticas se enfraquecem. Atualmente, um mês depois de qualquer eleição proporcional, 30% dos votantes não lembram em quem votaram. Resultado, o eleito também não se importa com o eleitor e age sem lhe dar satisfação. No atual Congresso nacional, apenas 36 dos 513 deputados federais se elegeram com voto próprio. O restante, pela mágica do sistema proporcional.
          Mas, o PT pretende piorar a coisa bizarra, pois é a favor da implantação de um mecanismo pelo qual o eleitor votaria duas vezes: numa lista pré-ordenada pelos partidos e, inacreditável, novamente em um candidato de sua escolha, seguindo as atuais normas proporcionais, complicando ainda mais algo já complicado. Se qualquer um do povo quisesse votar num candidato, mas de forma alguma em outro da lista, estaria impedido de fazê-lo. Ou nela vota integralmente, não, porém, nos candidatos que a compõem (vamos supor que a lista contenha mensaleiros do PT, um deles Zé Dirceu), todos escolhidos pela direção partidária, ou vota em branco; ou vota na lista de outro partido; ou amaldiçoa o autor da ideia; ou diz como Roberto Carlos na canção: e que tudo mais vá pro inferno.
         Quanto ao financiamento público de campanha, também defendido pelo PT, pode-se classificá-lo como a via mais rápida de tirar dinheiro do bolso do contribuinte e doá-lo aos políticos, porque se, com a legislação atual, parte dos recursos de doações privadas, dos quais os candidatos têm de prestar contas, vão parar no caixa dois, se forem proibidas, então 100% – uma vez que continuarão a existir –, irão entupir os bolsos de muitos candidatos e partidos.
          Voltemos ao distrital. Na eleição de deputados federais e estaduais, os Estados são divididos em distritos em número igual ao de deputados hoje existentes, de tal forma a atribuir a cada distrito um número aproximadamente igual de habitantes. No caso do Maranhão, haveria então 46 distritos na eleição de deputados estaduais e 18 na de federais, visto serem esses os números de deputados do Estado. A eleição é majoritária no distrito, cada partido tem só um candidato e apenas um de todos os candidatos é eleito, por maioria simples ou qualificada, a depender de definição prévia. Neste último caso, poderá haver dois turnos.
          O resultado é o barateamento da eleição porque o candidato precisa percorrer apenas parte pequena da área do Estado, reduzindo a influência do poder econômico; incentiva (não proíbe) a redução do número de partidos, facilitando a governabilidade; fortalece o Poder Legislativo; aumenta o número de representantes que convivem com a população no dia a dia de seu distrito; facilita a fiscalização, pelo representado, do desempenho de seu representante no Congresso.
          O leitor poderá avaliar por si mesmo no saite as vantagens do distrital e tomar uma decisão bem informada de assinar ou não o manifesto.

14 de setembro de 2011

Tony Benett e Amy Winehouse

Vejam a grande cantora que era Amy Winehouse. A canção é Body and Soul (Corpo e Alma).

12 de setembro de 2011

Cenas famosas de filmes clássicos - E o vento levou...



Para tocar novamente, clique ao final na seta para a esquerda ao lado da palavra EMBED Fonte: http://www.65anosdecinema.pro.br

11 de setembro de 2011

Um senhor e uma senhora


Jornal O Estado do Maranhão 

Algo o PT tem de sobra: persistência. Virtude ou defeito? Depende do ponto de vista. Para quem acredita nos valores da democracia sem adjetivos, a insistência do partido em tentar implantar no Brasil o “controle social da mídia” é ameaçadora ou, vamos dizer melhor, é doença da qual, dado o DNA estalinista e bolchevique do PT, não pode haver cura. A esperança de um milagre vem das novas tecnologias de manipulação genética. Mas, quem sabe quando elas poderão ser aplicadas nos companheiros?
Para os crentes no partido como o infalível guia das massas, condutor iluminado dos povos e organizador da sociedade por meio do aparelhamento de sindicatos, empresas estatais, fundos de pensão, mensalões e crimes assemelhados, censurar críticas de gente que é “contra o povo” é virtude democrática. Contudo, quem controlaria os controladores que, como é previsível, seriam escolhidos pelo PT? Quem seria premiado com o cargo de comissário ideológico com a missão de fazer cumprir a tal lei?
Quando muita gente a descartava como perniciosa  – essa ideia cuja formalização foi autorizada por Lula e realizada por Franklin Martins, este em tempos recuados presidente da UNE, entidade hoje apêndice do governo federal, de quem recebe milhões em verbas –, ela voltou ao palco com novo cenário, pretensão a realismo socialista e preocupação com o bem-estar das massas. A desculpa para voltar a um debate superado, além da antiga e surrada sobre como existe no Brasil apenas uma visão dos fatos – a da Globo, ponto de referência desses verdadeiros catões de araque, antigos pregadores da moral e bons costumes e hoje adeptos do contrário da pregação – nasceu da reportagem da revista Veja sobre as atividades clandestinas do “consultor de empresas privadas”, José Dirceu, réu confesso de furto de hóstia quando pré-adolescente. No entanto, ele e o PT classificam as informações da revista como invasão de privacidade e perseguição da imprensa.
Foi essa vocação precoce para a ilicitude, esse despertar indômito para as lutas renhidas da vida, esse exercício premonitório de atividades futuras, esse ato de ousadia iconoclasta com raiz em impulsos incontroláveis que deve ter conduzido o sujeito a ser classificado mais tarde, no caso do mensalão, pelo procurador-geral da República, como mentor intelectual do bando de assaltantes do erário  e, nessa condição, indiciado como quadrilheiro.
A Veja, ao fazer o que qualquer órgão da imprensa independente faz num país democrático, mas não nos casos da Venezuela, Equador, Bolívia e Argentina, países cujos governos estão em guerra com a imprensa, revelou a existência de esconderijo do “consultor” num hotel de Brasília, espécie de governo B da República, onde ele recebia figurões e até um senador da oposição, entre as figuras claramente identificadas em fotos do entra e sai da caverna. É muito poder para alguém sem cargo nenhum no governo. Mas, naturalmente esse pessoal ia ao cafofo do Dirceu conversar sobre os velhos tempos e a morte da bezerra: um ministro de Estado, o presidente de uma das empresas mais poderosas do mundo, a Petrobrás, e, até, o ex-líder dos caras  pintadas da época de Collor, o hoje senador Lindberg Farias, anteriormente acusado pelo Ministério Público de superfaturamento em licitações e de implantação de um mensalinho na Câmara de Nova Iguaçu.
Não há dúvida, esse é um caso especial de alguém especial, o Zé. Poderia se esperar, talvez, o contrário: o consultor à procura do ministro e do presidente da estatal às claras. Mas não foi assim. As montanhas vieram a Maomé. Maomé, no entanto, tem clientes com interesses na área de petróleo, sugerindo conflito de interesses com informações obtidas da estatal do petróleo.
A presidente Dilma deixou claro anteriormente seu desapreço pelo projeto de amordaçamento e o pôs de lado tão logo assumiu a Presidência. Agora, reafirmou sua posição e quer explicações sobre o comportamento de seus subordinados, o presidente da Petrobrás e o ministro, pretendentes a servir a dois senhores ao mesmo tempo, ou a um senhor e uma senhora, nesta ordem.

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