14 de setembro de 2008

Artur Azevedo no Centenário

Jornal O Estado do Maranhão

Na próxima quinta-feira, dia 18, o professor Antônio Martins de Araújo, nascido na rua dos Afogados esquina com a do Ribeirão, bem perto do Teatro Artur Azevedo, a cujos espetáculos, sem exceção, assistiu entre cinco e treze anos de idade, fará palestra às 20 horas na Academia Maranhense de Letras, sob o tema “A Permanência de Artur Azevedo”, como parte da programação do Centenário da AML, que irá até o final do ano, e como homenagem ao centenário de morte do escritor. Não sei se o menino (sabe-se lá da imaginação das crianças) tinha especial admiração pelo grande maranhense que dá nome à Casa onde muitas vezes, garoto, eu ia assistir a filmes brasileiros – nessa época estava o teatro arrendado para uma firma comercial –, com os comediantes Oscarito, Grande Otelo e outros astros do cinema. Fato comprovado e bem conhecido é que ele veio a ser o maior especialista nacional em Artur Azevedo, ocupando presentemente cadeiras na Academia Maranhense de Letras e na Academia Brasileira de Filologia, sendo, da mesma forma, sócio correspondente do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão. Alguns leitores verão nele o jovem diretor do Liceu Maranhense, onde foi catedrático de Língua Portuguesa, durante o governo Newton Bello. Lá, fundou e dirigiu o Jornal do Lycêo Maranhense, encartado no Diário Popular, que tinha entre seus repórteres Milson Coutinho, hoje, como Antônio Martins, membro da Academia Maranhense de Letras. Era uma época em que o ensino ainda não havia caído no abismo da má qualidade. Outros o identificarão com o idealista presidente do Sindicato dos Professores Secundários de São Luís por vários anos, na década de cinqüenta. Para mim, é o cavalheiresco confrade da AML, o homem experiente disposto em todos os momentos a dar sua contribuição à Casa, o intelectual respeitado nos grandes centros culturais do Brasil, o conferencista sempre a andar pelo mundo divulgando as culturas brasileira e maranhense e o intelectual com estudos de filologia e crítica literária publicados em periódicos portugueses, alemães, japoneses e brasileiros. No Rio de Janeiro, para onde se mudou em 1964, lecionou Literatura Dramática na Escola de Teatro Martins Pena, entre 1966 e 1991, na cadeira antes ocupada pelos maranhenses Coelho Neto e Viriato Correia. Em 1968, concluiu os cursos de Mestrado e Doutorado em Letras Vernáculas, na Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde lecionou Língua Portuguesa entre 1979 e 1997. Tem os seguintes livros publicados: Contos fora de moda (de Artur Azevedo), 1982; Artur Azevedo, a palavra e o riso, 1988 (edição de sua tese de doutorado), Chão do tempo, 1991 (2ª ed. Instituto Geia, 2005), A herança de João de Barros e outros estudos, Edições AML, 2003, Noel Rosa: língua e estilo, 1999, em co-autoria com Castelar de Carvalho. Ele editou toda a obra teatral de Artur Azevedo, sob o título O Teatro de Artur Azevedo, exceto as 30 peças originais e as 30 traduzidas, nunca localizadas, havendo informações, no entanto, de que foram representadas. Tem pronto um livro, Ensaios maranhenses, sobre a cultura maranhense, e ministra atualmente na Casa de Cultura Josué Montello curso em nível de mestrado sobre as diversas faces de Artur Azevedo – o teatrólogo, o contista, o cronista, etc. – e ministrará em seguida outro, Unidade e variedade da língua portuguesa hoje. Antônio Martins é titular da Cadeira de Morfologia no curso de pós-graduação do Instituto Superior de Língua Portuguesa, do Liceu Literário Português, no Rio de Janeiro. Mais não preciso dizer para demonstrar ao leitor a qualidade do palestrante da próxima quinta-feira, dia 18, na AML, em mais um evento, o 9º, do Centenário, para o qual estão todos convidados. Ninguém precisa apresentar convite na entrada.

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