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Mostrando postagens de junho, 2006

O fenômeno voltou

Jornal O Estado do Maranhão A Copa do Mundo prossegue sem nenhuma surpresa. A ocorrência de zebras não é característica da competição. O caro leitor-torcedor vai, espero, se lembrar de uma particularidade a que já fiz referência mais de uma vez. Em todas as Copas, desde a primeira em 1930, até a de 2002, pelo menos um membro de um pequeno conjunto de países, formado por Brasil, Argentina, Itália e Alemanha, jogou todas as partidas finais. Num caso, contra um dos outros três, como nos confrontos entre Brasil x Itália, em 1970, Itália x Alemanha, em 1982, Argentina x Alemanha, em 1986, Alemanha x Argentina, em 1990, Brasil x Itália, em 1994 e Brasil x Alemanha, em 2002. Em outro caso, contra países que não esses quatro, como nos jogos entre Uruguai x Argentina , em 1930, Itália x Tchecoslováquia, em 1934, Itália x Hungria, em 1938, Uruguai x Brasil , em 1950, Alemanha x Hungria, em 1954, Brasil x Suécia, em 1958, Brasil x Tchecoslováquia, em 1962, Inglaterra x Alemanha , em 1966, A

O torcedor número um

Jornal O Estado do Maranhão Daqui a dois anos, o Brasil fará a comemoração dos 50 anos de seu primeiro título da Copa do Mundo, conquistado na Suécia em 1958, em 29 de junho. O país completará meio século de consolidação de sua mitologia futebolística, baseada na genialidade de muitos de seus jogadores, criadores de momentos épicos do esporte, como Pelé, Garrincha, Nilton Santos, Didi, Gérson, Tostão, Jairzinho, Zico, Rivellino, Sócrates, Cafu, Bebeto, Romário, Ronaldo, Ronaldinho, Kaká e muitos outros que simbolizam com justiça o melhor do futebol no mundo todo. Uma personalidade que não incluí nessa lista de grandes estrelas e pop stars (sendo estes, os astros de agora), porque quero falar dele com mais vagar, é a encarnação mais completa do futebol brasileiro, a paixão mais profunda por ele, o amor mais delirante, mais do que poderiam sê-lo qualquer um desses outros mencionados. Pelé por ser um mito tão dominante, coloca-se em outra categoria e com tanta força, que fala de si mesm

Palpites quadrados

Em época de Copa do Mundo, eles estão em todos os lugares, ou em todas as mesas-redondas sobre futebol e não se cansam de oferecer opiniões quadradas. São peritos em farejar crises virtuais na Seleção Brasileira e fazer previsões erradas sobre o vencedor da competição, talvez inspirados em Pelé, gênio do jogo e perna-de-pau do palpite, que vive fazendo prognósticos sem pé nem cabeça. Ele, calado, é um gênio incomparável. Um jogador usa um pouco mais de força num treino e, pronto, o ambiente entre os “membros do grupo” (time virou grupo já faz algum tempo, assim como vitória nunca é vitória, é “resultado positivo”) está ruim, fulano não fala com sicrano. Se, ao contrário, o craque pega leve então ele está gordo, fora de forma ou simplesmente se poupando a fim de não se machucar e perder alguns milhões de dólares de patrocínio. Se o técnico faz substituições no time titular durante uma simples prática, é um deus-nos-acuda. Ele vai mudar a tática, desmanchar essa ou aquela formação, por

Nação campeã

Jornal O Estado do Maranhão A imprensa anda convidando escritores a relembrar como a Copa do Mundo de futebol deixou marcas em suas lembranças. Vejo na Folha de S. Paulo um excelente texto, “O Fim da Infância”, de Joca Reiners Terron, autor de A curva do rio sujo , memórias de sua família trabalhadas por seu olhar de ficcionista, à maneira da crônica em que recorda a derrota brasileira em 1982, época de seus 14 anos: “Quando o Brasil e Itália começaram a jogar eu ainda era um moleque de 14 anos. No final da partida já havia nascido uma barba cerrada na minha cara, chegava quase no peito”. A coisa ficou feia. A Folha não me pediu nem O Estado do Maranhão , mas o clima de Copa, com início em poucos dias pede. Atendo ao pedido. Metaforicamente ou não, nada tão radical aconteceu comigo na Copa da qual tenho a lembrança mais marcante, a de 1958, quando o Brasil ganhou a competição pela primeira vez, tendo eu 10 anos de idade. Eu acompanhara a de 1954, na Suíça, de cujas partidas ouço ain