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Mostrando postagens de dezembro, 2004

Previsões

Jornal O Estado do Maranhão Na semana passada eu dizia que nesta época do ano florescem facilmente boas intenções e bons sentimentos, raramente transformados em boas ações capazes de povoar o paraíso. Proliferam também, acrescento, as previsões sobre o amanhã da humanidade, das pessoas famosas e, até, da gente simples do povo, compreensivelmente desejosas de saber como será a vida amorosa delas no ano prestes a começar, pois os amores – de todo mundo, parece – sempre se preocupam com as incertezas do futuro e anseiam por palavras otimistas e tranqüilizadoras como só os adivinhões sabem dizer, pois freqüentemente os romeus e julietas têm muitos desencontros que atrapalham a felicidade completa e permanente, tão perto dos amantes, mas freqüentemente tão distante, sendo simples quimera, segundo alguns descrentes no amor. As previsões são rotineiramente feitas no tom solene e misterioso de quem tem um saber elevado e uma relação direta com um ser qualquer superior, capaz de comunicar ao p

Papai noel capitalista

Jornal O Estado do Maranhão Nunca me pareceu tão verdadeiro como na semana passada o dito “vivendo e aprendendo”, que é parte do imenso baú da sabedoria popular, feita de senso-comum e lógica simples, e que tanto nos ajuda nos momentos de falta de inspiração, outro nome de falta de idéias. No rádio do carro, eu ouvia uma discussão sobre a implantação de projetos de siderurgia em São Luís. Os ouvintes davam opiniões, guiados, naturalmente, pela clarividência do apresentador. Um deles, aparentemente por nenhuma razão, começou a falar sobre o Natal e Papai Noel. Não me surpreendi de início, porque, afinal, estamos a poucos dias dessa grande festa cristã, tão cara a nossas tradições e propícia à floração de bons sentimentos e intenções, nem sempre transformados em boas ações. No meio de seu discurso, no entanto, ele soltou a informação que até agora não me saiu da cabeça: o Bom Velhinho fora inventado pela Coca Cola. Querendo aumentar a venda de seu famoso refrigerante, a multinacional co

Dívida, sem dúvida!

Jornal O Estado do Maranhão Tudo mundo sabe. Em nome de hipotética “conquista de direitos” e quixotesca “defesa da soberania nacional” face ao bicho-papão FMI, algumas bobagens foram colocadas na Constituição de 1988. Uma das mais pitorescas foi a da limitação da cobrança de juros a 12%, exigência que, cumprida, nos levaria à anarquia econômico-financeiro, porquanto implicaria a renúncia a qualquer política monetária. Os juros, como os estudantes de primeiro semestre de economia sabem, é o preço do dinheiro. Eles são uma referência básica para todas as atividades econômicas, junto com a taxa de câmbio e os salários. Seu tabelamento em nível artificialmente baixo causaria desestímulo à poupança e problemas de crédito, com as conseqüências que não precisamos mencionar de tão óbvias. Felizmente esse dispositivo constitucional, produto da ignorância acerca dos mais elementares princípios econômicos, foi revogado, por absoluta impraticabilidade, como os congressistas perceberam em crise mo

Saúde perfeita

Jornal O Estado do Maranhão Há três anos, eu escrevi uma crônica com o título “Coco mata”. Eu fazia referência ao conselho, de parte dos entendidos em prevenção de doenças, sobre a necessidade de se fazerem checkups anuais, depois de certa idade, que, tenho de confessar, já ultrapassei com relutância e má vontade, mas há não muito tempo. Seria, tal procedimento, uma espécie de seguro contra ataques traiçoeiros de uma doença moderna qualquer, dessas desconhecidas de nossos avós, ou mesmo das mais antigas, como derrame cerebral, atualmente chamado de acidente vascular-cerebral. Nós, que não somos médicos nem ameaçamos ninguém com o desejo de sê-lo, ficamos sem saber como proceder a fim de preservar a saúde, pois o recomendável num momento pode não sê-lo no seguinte, como no caso da margarina que, dizem atualmente os pesquisadores, não é boa nem ruim para nosso organismo. Antes, não só não fazia mal ao coração como até o protegia, por causa de sua procedência vegetal, sendo o substituto