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Mostrando postagens de dezembro, 2003

Ano Novo, velha esperança

Jornal O Estado do Maranhão O Ano Novo traz sempre esperanças de dias melhores do que os decorridos até 31 de dezembro do Ano Velho. Na passagem de um ao outro – em alguns países não-cristãos isso ocorre em datas diversas da nossa –, o que se vê? Votos de prosperidade, de felicidade, de paz e concórdia entre os homens e as nações, de saúde e de melhoria material e espiritual. Em resumo, a velha esperança de realização da harmonia universal ressurge anualmente, nesta época, embora ela nunca se realize, a despeito – ou até por causa, dirão alguns –, do progresso material, cujo maior quinhão vai sempre para os já senhores de muito ou tudo, deixando pouco aos donos de pouco ou nada. Essa esperança repetida é expressão da antiga e frágil crença de que, se todas as pessoas de boa vontade, do qual poucos estariam excluídos, e somente por vontade própria ou como conseqüência de atos pouco recomendáveis, de repente colocassem em prática as belas intenções expressas no fim do ano, tudo seria ma

En defesa de Papai Noel

Jornal O Estado do Maranhão Papai Noel, como se sabe, não distribui presentes no Natal aleatoriamente. O bom velhinho obedece a um critério bem objetivo, usado há muito tempo, desde o começo de sua tarefa de Hércules, de andar pelo mundo todo na véspera do dia do nascimento de Jesus Cristo: a crianças ricas, presentes ricos; a remediadas, remediados; a pobres, pobres. Nada mais prudente. Com a sabedoria acumulada durante esses anos todos de seu meritório trabalho, ele percebeu rapidamente as dificuldades de dar presentes iguais a todas as crianças. Oferecer os mais caros a todo mundo colocaria um peso excessivo em seu orçamento, limitado como todos os orçamentos. A saída, do ponto de vista de seus parcos recursos, que o governo da Lapônia, onde ele mora, anda devorando com altos impostos, seria ele dar presentes que tivessem um preço médio entre os mais caros e os mais baratos. Mas, na qualidade de um profundo conhecedor da natureza humana, ele deve ter visto logo os problemas que a a

Luz no túnel!

Jornal O Estado do Maranhão Foram avisar o presidente de que o Ministério do Exterior estava sem luz. – Sem luz? Como sem luz? Isso é alguma piada de mau gosto? Vocês é que são uns apagados. Em todas as minhas viagens ao exterior ninguém me dá mais luz do que aqueles competentes companheiros do Ministério. Até agora, não senti falta de absolutamente nada nesta minha volta pelo mundo, principalmente de luz. Como é que eles podem estar sem luz, umas pessoas tão inteligentes como elas? – Desculpe, presidente. Nós não estamos falando no sentido metafórico. O caso é que cortaram... – Não me venham com essa conversa fiada. Vocês ficam aí falando de falta de luz, quando todo mundo conhece o brilho do Ministério do Exterior. Como pode faltar luz num órgão tão brilhante? E tem mais. Eu já não agüento mais essa história de metáfora. Toda semana aquele pessoal da televisão me torra a paciência com essa gracinha. Agora, vocês me aparecem com essa. Sim senhor, metáfora... Aliás, hoje em dia metáfor

Histórias do Presidente

Jornal O Estado do Maranhão O Tribunal de Justiça do Estado acaba de eleger por unanimidade um novo presidente. Digo mal, aliás, ao chamar de eleição a decisão. Houve, em essência, uma aclamação das mais justas.  A implantação pelo príncipe-regente de Portugal, d. João, do Tribunal do Maranhão, com o nome de Tribunal da Relação, em 1813, foi uma conseqüência natural da vinda da Corte lusitana para a América portuguesa. A existência de uma corte desse nível aqui não é de admirar, pela nossa importância econômica na época. Daquele 1813 até hoje, 190 anos passados, esta é a primeira vez que seu presidente é escolhido dessa forma. É um fato a falar bem tanto do órgão quanto do escolhido. Do Tribunal, porque mostra uma capacidade de união incomum no comum das instituições, que são feitas por pessoas com todos seus defeitos e virtudes. Neste caso, elas tomam decisões falíveis, sim, mas, com base na honesta convicção de cada um de seus componentes sobre os verdadeiros interesses da sociedade