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Mostrando postagens de março, 2009

Ardil

Jornal O Estado do Maranhão O Brasil é o país do cadastro. Eu já fiz várias vezes essa afirmativa e repito: país do cadastro. Pois não é que o ministro Orlando Silva decidiu que o cidadão brasileiro terá de fazer um cadastro se quiser ir a jogos de futebol? A proposta não surpreende, dada a simpatia de seu partido, o PC do B, pelo extinto regime ditatorial da Albânia e pelas ditaduras de um modo geral, com a só exigência de serem autointituladas comunistas da linha albanesa. Pois bem, o burocrata, incapaz de reprimir a violência nos campos de futebol, obrigação do poder público, ou de oferecer segurança aos frequentadores, achou por bem, sob o argumento de assim preparar o país para a Copa do Mundo de 2014, transferir a tarefa aos cidadãos e tenta fazê-lo com o auxílio de um cartão eletrônico de acesso aos jogos. O lógico, contudo, caso se admitisse, num momento de burocratice explícita, a necessidade de mais um cadastro, seria construí-lo pela inclusão dos baderneir

Soneca

Jornal O Estado do Maranhão Não sei se o leitor se lembra de meu assunto da semana passada. Lembra-se, claro. Não? Desculpe a pretensão. Aqui está. O ovo, considerado durantes anos e anos o vilão-mor da saúde, por nunca provados malefícios ao frágil coração humano, de repente passou a herói, a quase um certificado de garantia de que podemos viver tanto quanto Matusalém, e mais mil anos, se fizermos farras diárias e espetaculares com ele: feito farofa, omeletes e gemada. Cozido ou frito. Ovo, ovo e mais ovo. Ele foi declarado não apenas inofensivo. Passou à categoria de benemérito do nosso corpo, um insuperável viagra, uma espécie de remédio de "amplo espectro", como dizem as bulas de antibióticos, com efeitos em todo o corpo e não só nos pontos fracos da anatomia masculina. Ou nas pontas. Faz até emagrecer. Agora outra revolução, que não sei se destruirá o Ancien Régime da prática médica, decapitando em pouco tempo quem, com a descoberta, iniciou o movimento

Pode, Não Pode

Jornal O Estado do Maranhão Eu passei quase toda minha vida de adulto ouvindo condenações definitivas ao consumo de ovo. Comê-lo era suicidar-se aos poucos ou condenar-se a eternos dramas de consciência. Quem cometesse o pecado teria poucas chances de viver mais de 30 ou 40 anos. Com sorte, chegaria a 50, pois junto com o maldito viria o acúmulo inevitável de colesterol no sangue (do mau colesterol, evidentemente). Daí ao entupimento das artérias, com todas as apavorantes consequências sobre a saúde do corpo e do bolso de quem só podia ser um autodestrutivo, seria um passo. Um ataque de coração não era apenas uma possibilidade. Tratava-se de uma certeza, como a de o fisco cobrar impostos. No meu tempo de criança, no entanto, e depois, já bem crescido, eu comia, com a permissão de minha mãe, ovo diariamente no almoço e no jantar. Pobre ovo! Suportou por tanto tempo a pecha de assassino, embora assassino de sabor inigualável, assassino de quem muita gente não gostaria d