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Mostrando postagens de outubro, 2003

Passo adiante

Jornal O Estado do Maranhão Tenho feito diversas referências aqui à inflação que feriu nossa sociedade durante anos. A cura tardia dessa doença econômica trouxe dias melhores a milhares de brasileiros. Antes, porém, por falta de defesa contra ela e diferentemente dos ricos, capazes de defenderem-se, os pobres viam seus minúsculos rendimentos desmancharem-se rapidamente no ar, semelhantemente à dissolução, pelo capitalismo, de valores morais e espirituais, apontada pelos jovens Marx e Engels: “ Dissolvem-se todas as relações sociais antigas e cristalizadas, com seu cortejo de concepções e de idéias secularmente veneradas ”. A verdade, contudo, é esta: há muita coisa a ser feita ainda, apesar do muito que já se fez. O fim da desordem no sistema de preços representou, claro, a eliminação do imposto inflacionário, fonte graciosa, para os governos, do financiamento da farra de gastos de então, com as conseqüências desastrosas bem conhecidas. Ora, em um ambiente econômico não-inflacionário,

Rei morto

Jornal O Estado do Maranhão Apresentava-se sempre como rei. Quando cruzávamos com ele pelas ruas do Monte Castelo – pois ele agia como um rei escandinavo, facilmente acessível a seus súditos sem os rapapés da corte, sem trombetas a anunciarem sua passagem, sem escolta ou proteção de espécie alguma, numa atitude de plebeu mais do que de soberano – quando cruzávamos com ele, observávamos seus ternos de um tecido grosso, apesar do calor, infalivelmente folgados e desabotoados, a despeito da majestade dele, os sapatos privados de qualquer graxa e um tanto gastos, as meias e calças largas, estas, porém, um pouco curtas, as mãos nos bolsos e o cinto ligeiramente apertado sobre uma barriga em crescimento com o passar dos anos. Seria difícil adivinhar quantos anos deveria ter. Entre nós, alguns achavam mesmo que sua idade nunca tinha mudado, desde quando pela primeira vez o tínhamos visto, surpresos, havia alguns anos. Sabíamos, sim, da constância do seu passeio. Ficávamos ali reunidos à noit

Brasil, Século XX

Jornal O Estado do Maranhão O IBGE acaba de publicar as Estatísticas do Século XX , um resumo de informações sobre o Brasil nesses cem anos. Com base nos Censos, nas Pesquisas Nacionais por Amostra de Domicílios, realizadas a partir de 1967, nos Anuários Estatísticos, publicados de 1938 em diante, e em outras pesquisas, o órgão reuniu informações sobre o país. Durante o século, o nosso crescimento foi um dos maiores do mundo. Ele alcançou uma taxa média de 4,5% ao ano, inferior apenas à de Taiwan, com 5%, e igual à da Coréia. O Produto Interno Bruto – PIB brasileiro foi multiplicado por um fator de 110! Entre 1900 e 1973, tivemos um crescimento médio anual de 4,9%, o maior do mundo. O nosso PIB per capita aumentou doze vezes, de R$ 516 em 1901, para R$ 6.056 em 2000; a mortalidade infantil, o número de mortes de crianças de até um ano de idade dividido por mil crianças nascidas vivas, que era de 162,4 em 1930, caiu a 29,6 em 2000; a expectativa de vida ao nascer, de meros 33,6 anos em