27 de julho de 2014

Em defesa de Israel

Jornal O Estado do Maranhão

          Tem sido vergonhosa a política externa brasileira nos três mandatos presidenciais do PT. Não se pode acusá-la, no entanto, de incoerência. Sistemático tornou-se o apoio brasileiro a regimes ditatoriais de vários países daqui da América do Sul, sem que se consiga identificar sequer vantagens econômicas para o Brasil, derivadas desse posicionamento que destoa do conjunto das nações democráticas. Na Venezuela, defendemos o histriônico, ditatorial e perigoso Chávez e seu regime a ponto de participarmos de manobra de exclusão, pelo Mercosul, do Paraguai, que havia destituído seu presidente (um bispo gerador de vasta prole), dentro das normas constitucionais (é bom ler a constituição paraguaia), e de inclusão, no bloco, da Venezuela, contumaz violadora da cláusula de exigência a seus membros de obediência a princípios democráticos em suas sociedades. Na Bolívia, o companheiro Morales mandou tropas do governo ocupar instalações da Petrobrás e o crime ficou assim mesmo, com o prejuízo boliviano somando-se ao americano, da refinaria de Pasadena. A conta será debitada ao infinito fundo bancado pelo contribuinte brasileiro.
          Querem mais? A incompetência e arrogância apedêuticas na arena internacional levaram os companheiros a acreditarem que alguém cheio de lábia vazia como Lula seria capaz de, com uma boa meia hora de conversa, resolver a confusão das armas atômicas do Irã, cuja posse tem a principal finalidade de “varrer Israel do mapa”. Os envolvidos nos conflitos da região acharam um pouco pitoresca a oferta de ajuda brasileira, mas seguiram na tentativa de resolver seus problemas tão tristemente persistentes. Há ainda as histórias das relações com o Equador e com as Farcs, da Colômbia, da proteção a terrorista italiano pelo governo brasileiro e recusa de devolvê-lo à Itália bem como da associação nefasta com Cuba, a mais longa ditadura do mundo, que levou à vinda ao Brasil de mão de obra constituída de médicos de quem uma enorme mais valia é extraída por nosso governo, que a envia ao de Cuba. Lembremos, ainda, do atleta cubano que, tendo decidido ficar no Brasil após competição esportiva, foi mandado de volta à ilha de Fidel, em contraste com o acontecido com o terrorista italiano, acolhido aqui quase com honras de chefe de Estado.
          Qual os bom resultado, a curto ou longo prazo e em qualquer área, de tudo isso? Nenhum. Ou melhor, alguns há, nefastos. O Brasil se isola na arena internacional e perde credibilidade. Do ponto de vista estritamente econômico, preferimos nos aproximar de países com mercados de baixo poder aquisitivos, colocando em segundo plano os de imensa capacidade de compra, como o dos Estados Unidos, contra os quais o governo tem prevenções, em prejuízo de nossas possibilidades de exportação. Se o Itamaraty deseja fazer filantropia internacional por motivações ideológicas, melhor seria deixar evidente seus objetivos. Assim, eles poderiam ser avaliados na eleição de outubro.
          No Oriente Médio, a fim de impingir ares de coerência – muitas vezes nome dado à teimosia imbecilizada –, à esdrúxula política externa do Brasil, nosso governo repete com o grupo Hamas, esse, sim, opressor dos palestinos de Gaza, o apoio ofertado a outros terroristas. A única democracia da região, Israel, é execrada. O grupo, que governa a Faixa de Gaza pelo terror, lança milhares de foguetes contra aquele país e assassina três de seus jovens, mas o Itamaraty exige aceitação da agressão. Quando a reação ocorre contra bases de lançamento de foguete localizadas calculadamente ao lado de mesquitas, hospitais e escolas, locais de onde a população civil é impedida à força de sair, tornando-se escudo humano, esperando os terroristas com isso obter proteção contra os revides vindos do outro lado, então os judeus são chamados de agressores insensíveis e não os agredidos. É uma forma do tal relativismo moral.
          Razão tem o representante do Ministério das Relações Exteriores israelense: “Desproporcional é perder de 7 a 1” e “O Brasil é um anão diplomático”.
          Israel não será jogado ao mar, estejam certos, companheiros.

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