Petrobás, privatização agora



Jornal O Estado do Maranhão

          Quase todas as não poucas barbeiragens da presidente Dilma Rousseff na condução da política econômica têm fonte na inarredável implicância contra a economia de mercado, sestro esquerdista antigo. Lembram-se dos juros altíssimos que no governo Lula levaram o Brasil a ter um dos mais altos do mundo, senão o mais, e fizeram a felicidade dos bancos nacionais e multinacionais, mas ao mesmo tempo os tornaram judas em Sábado de Aleluia, malhados retoricamente pelo próprio governo? A presidente, quando assumiu o governo, resolveu baixá-los com marretadas e baixou mesmo.
         Contudo, ela teve de recuar e atualmente eles são tão elevados quanto o eram no início de seu mandato. Dilma Rousseff, bacharela em economia, mas não economista, pois sua vida de guerrilheira em luta por uma ditadura de esquerda não lhe deixou tempo para estudar economia nem coisa nenhuma, achou-se possuidora da capacidade de revogar a lei da oferta e da procura, regente de todos os preços numa economia de mercado como a nossa, inclusive dos juros, que são os preços cobrado pelo uso do dinheiro alheio. Ela nunca soube que numa sociedade que tem como objetivo evitar a inflação eles sobem como consequência do aumento de gastos e déficits do setor público. Quanto mais volumosos forem estes, maiores as necessidades de o governo ir ao mercado vender títulos a fim de se financiar e maiores os juros exigidos dos desconfiados compradores privados desses papéis. É aquela velha lei em ação.
          A mentalidade antimercado tem sido usada em outro nefasto exemplo, como veremos a seguir, de destruição de uma grande estatal. Aliás, esse o destino inexorável de empreendimentos desse tipo: serem administrados como se não fossem empresas, mas repartições públicas, com todas as consequências negativas daí decorrentes, razão para a privatização deles: o Banco do Brasil, a Caixa Econômica a Eletrobrás e todos os demais por aí.
          Mas eu quero falar da Petrobrás. Uma das formas de política econômica de vodu utilizada pelo governo na tentativa de controle da inflação foi a do represamento dos preços da gasolina vendida pela empresa, medida eleitoreira e popular, ou melhor populista, todavia prejudicial à economia brasileira. A Petrobrás tem assim de aguentar prejuízos advindos da obrigação imposta a ela de ter de vender seus produtos aqui no Brasil por preço inferior ao que os compra no mercado internacional. A inflação não aumenta tanto no curto prazo, mas a empresa tem de bancar em seu prejuízo a diferença entre os preços dos mercados externo e interno, além de ser obrigada a participar da exploração dos campos do pré-sal sem ter os recursos necessários a tal fim e a aumentar, portanto, seu endividamento. Em resumo, receita certa rumo ao desastre, como está acontecendo com a petroleira do governo da Venezuela.
         Sabe-se hoje também que a empresa, com a aprovação de Dilma, então presidente do seu conselho de administração, comprou em 2006 metade de uma refinaria velha na Califórnia, Estados Unidos, por US$ 360 milhões. Só nessa primeira transação já se pode contabilizar um belo prejuízo pois a sucata havia sido adquirida pelos seus proprietários de então, apenas um anos antes, por escassos US$ 42 milhões, sendo ainda a Petrobrás obrigada por cláusula contratual a adquirir a outra metade no caso de desentendimento com seu novo sócio, inequívoco convite à litigância. Isto aconteceu em poucos meses, levando a estatal a ter de ficar por US$ 860 milhões com o restante do mico. Total: mais de US$ 1,2 bilhões sem o refino de uma gota de petróleo. Para ser honesto, devo dizer que a presidente da Petrobrás, Graça Foster, tentou passar o problema adiante, recebendo oferta de compra por US$ 180 milhões, valor bem superior aos US$ 42 milhões, mas ainda assim, apenas a metade dos US$ 360 milhões pagos, atenção, por tão só metade da refinaria.
          Há como acabar com essas falcatruas, mantendo-se o controle de empreendimentos como esse nas garras do governo? Duvido. Chega de trambiques com nosso dinheiro, chega de ladroagem. Chega, chega.

          Petrobrás, privatização agora.

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