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Pela USP, contra as diretas

Jornal O Estado do Maranhão , 15/11/2009 No imenso lago de mediocridade formado pela educação superior do Brasil, a Universidade de São Paulo é ilha que resiste à ofensiva da barbárie autonomeada de esquerda, cuja orientação ideológica caracteriza-se pela intransigente defesa de privilégios corporativistas e outras sandices desmoralizadas no resto do mundo civilizado e próspero. Em meus anos de estudo de Economia nos Estados Unidos, na Universidade de Notre Dame, no Estado de Indiana, na região dos Grandes Lagos, pude, mais de uma vez, testemunhar o prestígio da Usp. Era a única instituição brasileira de ensino superior cujos créditos Notre Dame aceitava como bons   para completar as exigências curriculares das diversas disciplinas, pelo menos no Departamento de Economia, no programa de doutoramento. O método de seleção dos dirigentes adotado pela Usp, ao privilegiar o mérito acadêmico, contribui para a formação de tal conceito no exterior. Ela ainda não foi e, e...

Assim, não Vale

Jornal O Estado do Maranhão , 1/11/2009 O pessoal do PT não estava brincando quando falou em reestatizar a Vale. É um posicionamento  explicável, mas não justificável, porque, caso tal besteira prevalecesse, estaríamos frente à criação de milhares de boquinhas em forma de cargos estatais a serem colocados nas mãos – em verdade, também nos bolsos e nas contas bancárias – dos companheiros do partido. Como, aliás, já se comprovou repetidas vezes pelo já realizado em outras estatais, agências reguladoras e assemelhadas. Pois agora é o próprio presidente da República quem resolve agir como se a Vale continuasse a ser empresa do governo. Lula decidiu, num acesso de chavismo que, tenho esperança, será temporário, ditar estratégias e táticas empresariais e escolher as áreas em que a empresa deveria investir. Sugeriu, por exemplo, que a Vale deveria fazê-lo em siderurgia, com certeza respaldado em detalhados e sofisticados estudos de mercado. Ora, tal linha de ação empresa...

Vida Acadêmica

Jornal O Estado do Maranhão , 19/10/2009 Este mês de outubro foi de grande movimentação na Academia Maranhense de Letras. No dia 1º, quinta-feira, chegou a São Luís, vindo a nosso convite do Rio de Janeiro, onde reside, o escritor e membro da AML, José Louzeiro. Acometido por problemas de saúde causados pelo diabetes, ele continua produzindo como se nada lhe tivesse acontecido, bem humorado, trabalhando em dois ou três livros simultaneamente com uma disposição para o trabalho admirável mesmo em quem não tivesse de enfrentar os percalços que se lhe puseram no caminho. No dia seguinte, sexta-feira, dia 2, ele recepcionou Joaquim Haickel, hoje ocupante da Cadeira 37. Na terça, dia 6, proferiu palestra na AML, que o homenageou, na quinta, com um jantar em que acadêmicos, amigos e admiradores puderam expressar o bom conceito que fazem dele e de sua obra em favor dos sem-voz. Na sexta-feira, dia 9, esteve presente à posse de Ney Bello Filho na Cadeira 40. No domingo, regress...

Joaquim, José e Manuel

Jornal O Estado do Maranhão , 4/10/2009 A Academia Maranhense de Letras vive dias de intensa atividade e alegria. Acontecimentos que em outras circunstâncias e vistos isoladamente poderiam ser reconhecidos apenas como a prosaica materialização de uma programação de eventos, como a da AML neste ano de 2009, subitamente adquirem um especial simbolismo. Inesperado simbolismo, bem-vindo simbolismo. Trata-se disto. Primeiro, chegou quinta-feira, dia 1º, a nossa cidade José Louzeiro. Convidado pela AML, da qual ele é membro desde 1987, quando lá foi recepcionado por Ivan Sarney, ele veio a São Luís receber justificadas homenagens da Academia a serem prestadas em jantar que lhe será oferecido no dia 8 na próxima quinta-feira, dois dias após palestra que ele irá proferir no dia 6, terça-feira. A iniciativa faz justiça a um homem que, tendo começado sua militância no jornalismo em São Luís, aos dezesseis anos, em 1948, ano em que nasci, completa em 2009 sessenta e um anos numa...

Intervenção necessária

Jornal O Estado do Maranhão O assunto da hora é a crise financeira dos Estados Unidos. Já posso ouvir, vinda dos auditórios universitários, onde são debatidas as mortes do neoliberalismo e do capitalismo, e discutido o surgimento de nova era de felicidade humana, assentada sobre os escombros do passado maldito, a sentença definitiva: “É a hora final”. No entanto, é preciso desconhecer Adam Smith na sua obra pouco lida A teoria dos sentimentos morais, para achar que o capitalismo é feito de ausência de normas de funcionamento e de desrespeito a princípios éticos. Todas as vezes em que essas distorções prevaleceram, prevaleceram também crises sistêmicas. E é isso o visto neste momento. Ausência de princípios morais, tais como encarnados no famoso “espectador imparcial”, proposto por Smith na sua Teoria – o tipo ideal cujo julgamento hipotético desinteressado devemos usar como referência na distinção entre o certo do errado em uma dada situação –, permite que a natural tendência de os s...

Rosa Paxeco na AML

Jornal O Estado do Maranhão , 20/9/2009 A semana finda foi de Fran Paxeco, por assim dizer, para a Academia Maranhense de Letras. Encontrava-se entre nós (em verdade ainda se encontra, pois ela viaja somente hoje com destino a Belém) uma neta desse português-maranhense, fundador da AML com dez outros intelectuais maranhenses e um piauiense, Clodoaldo Freitas. Falo da doutora Maria Rosa Pacheco Machado. Ela é filha de José Pedro Machado, filólogo, historiador e arabista português, autor de vários dicionários e vasta obra em diversos campos do conhecimento, e de Elza Paxeco Machado, primeira mulher a obter o grau de doutora na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. A mãe de Elza era Izabel Paxeco, a esposa de Fran. As duas eram maranhenses. Nasceu, portanto, aqui, a primeira doutora em letras daquela tradicional e bem conceituada universidade portuguesa. Fran veio morar em São Luís em 1900 a serviço do governo português, na condição de cônsul. Tornou-se maranhen...

CPMF, de Novo?

Jornal O Estado do Maranhão O governo planeja desferir, com a ressurreição da falecida CPMF, a ser apelidada de Contribuição Social Para a Saúde (CSS), seu recorrente ataque tributário ao bolso de quem já carrega uma das maiores ou talvez a maior carga tributária do mundo, o contribuinte brasileiro. Mortinha da silva, ela foi mandada aos "lugares pálidos, duros, nus", de que fala Adriano, no livro de Marguerite Yourcenar. O voraz sistema tributário brasileiro já nos assalta em quatro meses dos doze de trabalho anual. Ainda acha isso pouco o governo e ainda trama, montado na costa do contribuinte, aumentar o butim. E para que precisa de tanto dinheiro? Para implantar uma administração pública eficiente que devolva ao cidadão sob a forma de bons serviços tudo dele extraído sob a forma de tributos; expandir e melhorar a sucateada malha rodoviária nacional; implantar uma rede de ferrovias decente, capaz de permitir o barateamento do transporte de cargas no Brasil...